A Morte do Demônio (The Evil Dead) – Crítica

Eu tento gostar dos filmes. Eu vou assisti-los com boa vontade, mas infelizmente não posso me enganar e enganar o leitor. Não encontrei muitas qualidades em A Morte do Demônio.

A Morte do Demônio é um remake de The Evil Dead, o primeiro filme do diretor Sam Raimi. Os filmes da série Evil Dead são muito legais e encontram-se em algum lugar entre o horror e o cômico. Se você não viu os filmes originais está na hora de ver e conhecer. Um dos pontos que não gostei deste filme novo é a falta de humor. Talvez o diretor uruguaio Fede Alvarez tenha buscado afastar-se do estilo de Sam Raimi em busca de um estilo próprio. Antes de ver o filme, imaginei que ele poderia sair-se bem, mas após ver o filme, percebi que Alvarez não chegue nem perto da criação de um estilo próprio.

O filme não tem Bruce Campbell. Campbell é um dos maiores responsáveis pelo sucesso dos filmes The Evil Dead. Ele consegue misturar uma pose de galã com um semblante cômico e irônico. Vendo este filme, fiquei pensando no peso de bons atores no cinema. Jamais haverá bom cinema sem bons atores. Esta é uma das grandes vantagens dos filmes antigos, os atores dos anos 50, 60 e até 70 parecem realmente ser atores. Ver um filme de John Wayne já vale a pena apenas pelo John Wayne. Estes atores morreriam por seus filmes. Sempre gostei do trabalho de Campbell e sem ele ou algum ator com talento de mesmo nível, o novo The Evil Dead já começa mal.

The Evil Dead banner

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Os novos atores são razoáveis, mas com pouca expressividade. O roteiro ruim deixa mais difícil o seu trabalho. Os personagens são todos estereotipados. Há o bonitão, a namorada loira e burra que quase não abre a boca o filme inteiro, o nerd, a garota alternativa que foi deixada de lado pelo bonitão e a viciada em drogas. Só esta coleção de personagens já chega a ser vergonhosa. Eu não acreditei quando estava vendo o filme. O bonitão fica no controle o filme inteiro e todos os personagens giram ao seu redor. Ele vem de fora para solucionar uma situação fora de controle. As mulheres do filme são praticamente indefesas e sem capacidade de ação. O nerd é o responsável por evocar o mal escondido na floresta. Eu não acreditei no roteiro.

O diretor matou a essência dos filmes The Evil Dead. Nos filmes originais o mal vem da terra ou da floresta. O mal é livre e independe dos personagens. Nesta história o diretor mudou o foco do mal, que desta vez encontra-se na personagem feminina viciada em drogas. O mal desta vez é o vício. O diretor realizou algo similar ao que fez Stanley Kubrick em O Iluminado, quando transformou o mal do hotel assombrado do livro de Stephen King em um drama familiar. Fede Alvarez fez exatamente a mesma coisa alcançando resultados ruins. Só que desta vez não temos uma excelente atuação como a de Jack Nicholson.

Este filme acaba sendo mais um da linha torture porn. Não passa de um filme de pouca expressão que talvez agrade os fãs do gênero e adolescentes ávidos por sangue. O filme é cheio de momentos de aflição. Alguns dos filmes deste gênero ainda são razoáveis e conseguem equilibrar cenas bizarras com alguma ideia. Neste filme, não vi nada disto. O roteiro é ruim e toda a sanguinolência é utilizada a serviço de um filme de redenção contra as drogas. O final é péssimo, parecia um filme de super-herói.

No meu blog eu escrevi a resenha de um dos meus filmes favoritos de Sam Raimi, Arraste-me para o Inferno. Quem quiser ler um comentário mais positivo, é só dar uma olhada por lá.

Por Marcelo Molinari
notaspaulistanas.blogspot.com.br

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1 Comment
  1. Esse texto detona o Evil Dead e dá a impressão que o filme é uma total perda de tempo…

    No entanto, li outra análise bem mais aprofundada que é totalmente contrária essa do Marcelo… Nessa outra análise (mais profunda, reitero), criava hipóteses sobre a ausência de Bruce Campbell (além do que, dizer que sua mera ausência na refilmagem fazia o filme já começar mau me soou como simples preconceito à obra). Analisava os personagens de forma totalmente contrária, inserindo-os em uma situação nova…

    De novo, acredito que faltou aí um olhar mais demorado para se pretender fazer uma boa análise…

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