D&D: Salve Meu Jogo: Introduzindo um Personagem Novo

Substituindo um Personagem Morto

Neste artigo de Salve Meu Jogo, vamos examinar as melhores maneiras de trazer personagens novos para um grupo de personagens já existente. Os personagens novos podem substituir aqueles que morreram, ou podem acompanhar novos jogadores. Ocasionalmente, um jogador pode querer iniciar um personagem novo simplesmente porque está cansado do antigo. Mas a lógica dentro do jogo de permitir um novo personagem no grupo no meio da aventura pode ser, no mínimo, fraca. Afinal, os personagens existentes não possuem motivo para confiar suas vidas, missões e tesouros em alguém que eles acabaram de conhecer. Mas esperar até os personagens estarem em um momento entre as aventuras normalmente não é uma opção porque os jogadores dos novos personagens não querem esperar uma pausa na história. O que o Mestre deve fazer?

Problema: Introduzindo um Personagem Novo

Quando um personagem morre, como fazer para trazer um personagem substituto para o grupo? – Bart.

Como discutido no último artigo de Salve Meu Jogo, muitos personagens que morrem enquanto estão em aventuras são devolvidos à vida através de meios mágicos. Mas quando o jogador escolher deixar um personagem continuar morto, ou a ressurreição não é uma opção, um personagem substituto deve entrar no grupo – a menos que o jogador também deixe o grupo. A introdução de personagens novos também pode se tornar necessária quando um jogador se cansa de um PdJ em particular e quer tentar uma nova idéia, ou um novo jogador se junta ao grupo, ou por qualquer outro motivo. Então, como lidar com a introdução de um personagem novo?.

Solução 1: Substituição Imediata

Suponha que um personagem morra, heroicamente ou não, durante uma aventura. O que o jogador vai fazer durante o resto do jogo? Ele deveria sentar e esperar pela ressurreição, mas tal solução pode não ser possível. O personagem dele pode ser o único capaz de reviver os mortos, ou outro personagem que poderia fazer isso também morreu. Ou talvez seu personagem foi morto de uma forma que não permite a ressurreição. Ou talvez o personagem não morreu realmente, mas foi apenas removido do jogo por um período de tempo indefinido – banido para outro plano, possuído ou dominado por um inimigo, transformado em uma salamandra, ou algo parecido.

O jogador poderia apenas ir pra casa, fazer um personagem novo durante a semana, e voltar da próxima vez. Ou ele poderia ficar e aproveitar a atmosfera da mesa de jogo, apesar de que apenas assistir um jogo pode ser um pouco depressivo enquanto os outros estão jogando. Ou ele poderia passar o tempo com outras atividades, como usar o computador ou ver televisão. Se você é um Mestre criativo e confiante, você pode ate mesmo deixar que ele controle alguns dos monstros que estão lutando contra os PdJs! Mas se você tem certeza que ele vai trocar de personagem – seja por escolha ou por circunstância – por que não deixá-lo passar aquele tempo trabalhando em seu novo PdJ?

Solução 2: Se Você Fosse Uma Árvore, De Qual Tipo Você Seria?

Criar um personagem novo na mesma sessão depois da morte de um PdJ oferece certas vantagens. Uma vez que o jogador do personagem morto conhece os desafios que o grupo está enfrentando, ele pode criar um personagem adequado para a tarefa se desejado. Contudo, as habilidades que são úteis para esta aventura podem não ser tão útil na próxima. Então tenha certeza que ele escolha um personagem que gostará de jogar, e então veja como o personagem pode se integrar bem às necessidades do grupo.

O mesmo principio é aplicado quando um personagem está tentando apenas criar um novo personagem que possa preencher as falhas na organização do grupo. Você pode certamente sugerir áreas nas quais o grupo é fraco – afinal, não é divertido constantemente ter que planejar aventuras sobre fraquezas especificas para evitar a morte de todo o grupo. O grupo geralmente tem problemas ao lidar com armadilhas? Encoraje o jogador a criar um ladino. Os PdJs são fracos no combate à distância? Um ranger ou um feiticeiro feito para o combate à distância poderia ser a chave. Mesmo assim, contudo, o jogador tem o direito de escolher com o que ele quer jogar, e se ele não criar um personagem que o grupo possa aproveitar em sua totalidade, ele não ficará satisfeito com seu jogo em longo prazo.

Solução 3: Eu Realmente Não Tenho Tempo Para Isto Agora

È difícil para o Mestre ajudar um jogador a criar um novo personagem durante o jogo. Invariavelmente, o jogador aparece com toda aquela súplica das questões de “eu posso…?” sobre equipamento, itens mágicos, magias, talentos, classes de prestigio, entre outros bem no momento que você chegou no clímax do encontro com o resto do grupo. Mas mesmo se você tiver que pedir para o jogador esperar, tente tirar proveito de qualquer parada que o grupo der – como para refeições – para lidar com estas questões.

Alternativamente, você poderia encorajar cada um dos seus jogadores a criar um personagem reserva fora da sessão do jogo. Desta forma, você pode conferir os detalhes dos personagens com os jogadores durante o seu tempo livre, dando a eles toda a consideração que merecem, e eles possuem personagens substitutos prontos para a ação a qualquer momento.

A solução de personagem reserva é especialmente apropriada para jogos que possuem uma alta mortalidade. De fato, o texto do cenário altamente letal do AD&D, Dark Sun, propunha que cada jogador criasse todo um grupo de personagens reservas e incluía uma mecânica para a evolução deles junto do PdJ principal. Os jogadores podiam então trocar os personagens o quanto quisessem durante as aventuras. Todos os personagens no grupo presumidamente se conhecem, apesar de não serem necessariamente amigos ou até mesmo aliados próximos. Os grupos combinados de todos os jogadores formavam um tipo de equipe agregada de PdJs que basicamente todos conhecem e confiam uns nos outros nas aventuras, e poderiam se misturar e combinar da maneira que os jogadores acharem adequado.

Para uma campanha típica, um PdJ reserva por jogador provavelmente é o bastante. Você pode querer determinar que cada personagem reserva precisa ser de um nível inferior ao do PdJ “principal”, e que aquele jogador precisa determinar os equipamentos e magias apropriadas para o nível dele, então ele pode estar pronto para agir a qualquer momento. O reserva não é um parceiro ou empregado – ele é simplesmente um personagem alternativo. Se você tem muito poucos jogadores, você pode pensar em permitir que um jogador controle tanto seu PdJ principal e seu reserva simultaneamente. Fazer isto, contudo, transforma o reserva em um parceiro ao invés de uma substituição rápida para seu personagem principal.

Solução 4: Quem é Você e Como Você Chegou Aqui?

Se um personagem novo ou substituto ainda não conhece os outros PdJs, a apresentação precisa ser tratada com cuidado para manter a lógica do jogo. Como os PdJs novos sabem sobre os outros personagens e o que eles estão fazendo? Porque o grupo deveria confiar nele (e vice-versa)? Como eles se encontram?

Você pode apenas ignorar o problema e anunciar que o personagem é um novo PdJ no grupo. Não pergunte, não conte – apenas continue com o jogo. Mas esta solução representa um atalho fácil e costuma também ser tedioso. Colocar um pouco de esforço nela pode realmente adicionar profundidade e um sabor especial ao jogo.

A transição é mais fácil de lidar se o grupo esta na cidade ou na companhia de PdMs que eles já conheçam. Desta forma, um PdM confiável pode fazer as apresentações e, se necessário, ele pode até mesmo pedir que o novo PdJ acompanhe o grupo – como um emissário, um guarda-costa para um dos PdJs, ou apenas como um favor.

Você também pode inventar uma conexão entre os históricos do novo PdJ e o de um personagem existente. Por exemplo, eles podem ter sido aprendizes de um mesmo mestre ou naturais de uma mesma cidade. Alternativamente, eles poderiam venerar a mesma divindade ou pertencer ao mesmo grupo, como os Harpistas ou os Cavaleiros do Cervo. Os históricos preparados dos personagens podem tornar o processo mais fácil, uma vez que eles ou já conhecem o grupo, ou já pré-criaram historias que podem ser facilmente conectadas com a atividade do grupo.

Finalmente, você pode sempre usar o truque do “prisioneiro resgatado que se torna um PdJ”, apesar de que PdJs especialmente mercenários podem tentar tirar vantagem do “prisioneiro” ao exigir direito sobre alguns dos seus bens! Ou talvez depois de observar os personagens por um tempo, através de vidência ou espionagem, o novo PdJ decidiu se unir a eles por causa de um interesse comum que ele identificou. Alternativamente, o novo PdJ pode ter uma informação valiosa sobre o objetivo da aventura mais recente do grupo – como chegar lá, o que vive lá, lendas e rumores sobre o lugar, entre outros.

Resumo

A introduções de personagens novos são necessárias em várias situações. A mais comum delas é quando um personagem morre e não é trazido de volta à vida, ou quando um novo jogador entra no jogo. Permitir que o jogador crie um personagem novo ou substituto enquanto a sessão de jogo continua cria distúrbios tanto para o Mestre quando para os outros jogadores, apesar de poder fornecer a distração necessária para o jogador que acabou de perder um personagem. Além disso, isto pode permitir a criação de um personagem com as habilidades que são muito necessárias naquele momento, apesar do jogador precisar ter cuidado para garantir que o personagem novo é aquele que ele gostará de jogar em longo prazo.

Uma solução mais elegante é exigir que cada jogador prepare um personagem reserva que possa estar pronto para agir a qualquer momento no caso do PdJ “principal” morrer. Presume-se que os personagens reservas já conheçam o grupo, apesar de que eles não precisam ser bons companheiros. A evolução do personagem reserva pode ser um problema, mas algumas campanhas freqüentemente permitem a troca entre personagens para garantir que os reservas não fiquem pra trás do grupo principal.

Alternativamente, você pode permitir uma introdução em jogo feita por um PdM confiável. Ou o jogador pode estabelecer uma conexão entre seu novo PdJ e o resto do grupo através dos antecedentes ou de um interesse dividido com um dos PdJs existentes. O PdJ novo pode também entrar no grupo como um prisioneiro resgatado, um encontro casual ou como o fornecedor de uma informação importante. Contudo, a aceitação pode vir lentamente para um PdJ que foi introduzido de tal maneira, uma vez que os PdJs existentes não possuem nenhum motivo especial para confiar no recém-chegado.

De maneira geral, a melhor solução depende do grupo e do novo personagem. Contudo, algum planejamento com antecedência por parte do Mestre e dos jogadores, além da vontade de ser criativo e espontâneo, pode ajudar que a transição aconteça de maneira mais suave.

Sobre o Autor

Jason Nelson-Brown vive em Seattle com sua esposa Kelle, as filhas Meshia e Indigo, o filho Allen, e o cachorro Bear. Ele é um Cristão renovado ativo e compromissado que começou a jogar D&D em 1981 e atualmente mestra uma campanha semanal enquanto joga outras duas alternadamente.

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Salve Meu Jogo (Save My Game) foi uma excelente coluna no site oficial de D&D na época da 3ª Edição que infelizmente não está mais disponível lá. Na época, nós publicamos vários artigos traduzidos dessa coluna e agora trazemos essas traduções de volta no Arquivo REDERPG. “Introduzindo um Personagem Novo” foi publicada no antigo portal em 14 de outubro de 2006 e teve 1.719 leituras. A tradução é de Gilvan Gouvêa.

Tanis e Kitiara

 

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