Taverna da Grande Bigorna (mini-cenário)

Um conto sobre dois anões e uma bigorna

Duirn “Mão-de-Ferro” era sovina como poucos anões podiam ser. Ele chegou ao cúmulo de negar dinheiro a seu primo Maeglin, para que este pudesse comprar uma poção de cura. Isso após terem se aventurado pelas Minas Ululantes e Maeglin ter salvado a vida de Duirn de uma das várias aberrações que davam nome àquelas cavernas. Duirn insistia em “ter reservas” para poderem retornar para casa e afirmava que Maeglin tinha de ser “mais homem” e parar de reclamar de um pequeno corte (apesar de ser um ferimento bem grande). Quando acusado de “pão-duro”, Duirn – realmente ofendido – clamou que preferia tomar um raio na cabeça a gastar seu tesouro “desnecessariamente”.

Os deuses não deviam ter coisa melhor para fazer naquele dia, mas não foi um raio que atingiu Duirn “Mão-de-Ferro”. Foi uma bigorna. Uma bigorna enorme feita de um metal azul escuro e inscrita com uma antiga runa em sua lateral. Após prestar as honras a seu falecido primo (e pegar o dinheiro dele para comprar uma poção de cura), Maeglin ficou com a Bigorna para si. Infelizmente, não conseguia removê-la. Resolveu vender seus serviços – na época, medianos – de ferreiro para juntar moedas suficientes para construir uma grande carroça para carregar a bigorna e enfim usá-la. Foi com grande espanto que Maeglin descobriu que qualquer item que forjasse na Bigorna adquiria estranhas propriedades mágicas.

Com o passar dos anos, a história da “bigorna que caiu dos céus” atraiu viajantes. Antigos fregueses dos serviços de Maeglin também retornavam constantemente. Um deles era um gnomo chamado Dereg “Pega-Gigantes”. O gnomo convenceu Maeglin a construir uma estalagem com taverna anexada à forja, aproveitando o fato de que as cidades mais próximas se encontravam a algumas horas de caminhada. E foi assim que surgiu a Taverna da Grande Bigorna.

 

Uma Taverna para cima, uma Forja para baixo

A Taverna da Grande Bigorna é uma construção de pedra de dois andares. Feito sob ordens específicas de Dereg, o prédio possui escalas anãs, o que o torna meio desconfortável para humanos e demais povos altos. Contudo, a arte de Maeglin mantém certos humanos e mesmo três elfos como clientes fiéis.

Todo o térreo é ocupado pela taverna, possuindo três grandes mesas comunais perto do balcão e da lareira. Os quartos de Maeglin, Dereg e seus dois ajudantes gnomos ficam atrás do balcão, ao lado da escada para o subsolo. Três mesas redondas, com maior privacidade, se localizam após a primeira sacada de escadas para cima. O segundo andar possui oito pequenos quartos para velhos fregueses.

A forja se localiza no subsolo, sendo que sua grande chaminé se conecta com a grande lareira do primeiro nível. Maeglin passa a maior parte do tempo trabalhando na Bigorna, suas marteladas regradas sendo consideras música para seus clientes anões acima (o último a reclamar do barulho foi prontamente atingindo por sete canecas de cerveja).

Maeglin e Dereg mantêm uma passagem secreta ao lado da Bigorna que leva para fora da taverna. Lá guardam também um pouco de comida e algumas armas e armaduras mágicas próprias para o caso de um ataque. A passagem também guarda o “projeto secreto” de Maeglin, feito a pedido de seu clã – um golem de ferro em construção.

 

Dos Senhores da Grande Bigorna

Maeglin “Punho-da-Sorte”, do Clã Kzardaim, é o ferreiro e senhor da Taverna da Grande Bigorna. Ele é um jovem anão, com pouco mais de 100 anos, longos cabelos e barbas negras. Apesar do sonho juvenil de um dia ser um famoso guerreiro, Maeglin descobriu após sua ida às Minas Ululantes que não era lá um grande lutador. Mas ele também aprendeu – alguns meses depois – que dava um ferreiro decente e, melhor ainda: suas criações eram dotadas de estranhos poderes mágicos. Maeglin é diferente de muitos anões: é aberto, calmo e gosta muito de conversar com outros. No entanto, ele não suporta trapaceiros e magos. Já teve problemas suficientes com ambos. Sua maior preocupação atual é dar um jeito de se livrar do fantasma de seu primo.

Dereglememlebim Barandozesmarin (ou simplesmente Dereg “Pega-Gigante”) é um velho gnomo meio desdentado e de olhar malandro. Muitos pensam por sua alcunha e por seu martelo com gancho mágico que Dereg seja um matador de gigantes. Ledo engano: o gnomo na verdade caça outro tipo de “gigante” – humanos. Após ter sido escravizado por uma nação humana por décadas, Dereg desenvolveu uma paranóia inata contra eles. Foi por isso que ajudou Maeglin a se livrar de um problema com magos humanos que planejavam roubar a Bigorna anos atrás. Desde então se tornou amigo do anão e juntos administram a taverna.

A Bigorna e o Mistério
Maeglin nunca confidenciou isso a ninguém (nem mesmo a Dereg). O anão não sabe porque os itens que fabrica na Bigorna são mágicos. Ele nem mesmo consegue prever qual será o tipo de magia que surgirá no item. O anão só sabe que o item de alguma forma acaba sendo útil ao dono em algum momento importante (mesmo que seja completamente inútil e incômodo em outros). Ele também sabe que alguns raros itens são inteligentes. Esses itens parecem ligados à Bigorna de forma mais forte. Certa ocasião, um cavaleiro humano apareceu na taverna justamente quando orcs estavam tentando invadi-la há três dias. O cavaleiro clama que sua lança mágica inteligente não o deixava em paz, reclamando que “O Grande Mestre está em perigo!”.

Dada a origem misteriosa da Bigorna, isso pode significar diversas coisas. Ela é um artefato? É inteligente? É um ser extraplanar aprisionado? Será que está sendo procurada por seu velho dono?

 

Ganchos e Bigornas

Primo Chato: Maeglin não comenta, mas a Taverna da Grande Bigorna é assombrada pelo espírito de seu primo Duirn. O fantasma do anão atormenta alguns visitantes, ameaçando amaldiçoar-lhes caso não encontrem seu “tesouro”. Esse “tesouro” seriam as moedas de Duirn usadas por Maeglin para comprar a poção de cura anos atrás. Claro, o ganancioso Duirn não diz isso e ordena que os viajantes lhe tragam grandes fortunas. Maeglin, no entanto, suspeita que se encontrar as 24 moedas de ouro e 2 moedas de prata das Minas Ululantes usadas para comprar aquela poção, ele poderia se livrar de seu primo de vez.

O Caçador de Gigantes: Dereg, ao ver aventureiros humanos chegando, claramente suspeita de um plano para dominar a Taverna da Grande Bigorna. Os personagens – se quiserem as armas mágicas de Maeglin – terão que ganhar a confiança de seu paranóico amigo. Dereg ordena aos PJs irem atrás de um nobre que não pagou pelos serviços do anão para provarem “sua lealdade”.

As Minas Ululantes: Essas cavernas voltaram a ser uma ameaça nas últimas semanas, com todo tipo de criatura subterrânea rondando a região próxima da taverna. Maeglin suspeita que o antigo mestre das Minas retornou e deseja vingança contra os anões que roubaram seu ouro.

Levaram a Bigorna! Maeglin procura os personagens – todos experientes aventureiros – e lhes conta do golem que estava construindo. O anão informa que, de uma hora para outra, o golem (ainda incompleto) despertou e arrebentou a parede da passagem secreta. Em seguida, o gigante de ferro pegou a Bigorna e sumiu nos ermos. Alguém está controlando o constructo? Seria a própria Bigorna?

 

Por Tzimisce
Ilustração: Licinio Souza

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O mini-cenário “Taverna da Grande Bigorna” foi publicado originalmente no antigo portal em 27 de março de 2009 e teve 1.569 leituras.

Taverna Bigorna

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