Pathfinder RPG: Ultimate Intrigue (resenha)

REGRAS DO JOGO (Critérios de Avaliação)

O FATO: Qualquer RPG só precisa de regras básicas e antagonistas. Todo suplemento é opcional. Logo, toda avaliação é subjetiva. Todo suplemento se caracteriza pelo seu BÁSICO, é BOM, MAL, FEIO e ESTRANHO em maior ou menor grau.
O BÁSICO: Aqui vão as informações físicas do suplemento.
O BOM: Porque seria legal você ler ou ter este suplemento. Hora de louvá-lo.
O MAL: Porque este suplemento é ruim para você. Hora de criticá-lo.
O FEIO: Porque acho que faltou algo no suplemento. Hora de malhá-lo.
…E O ESTRANHO: Anedotário e esquisitices. Hora de gozá-lo.
E VALE?: Porque eu adquiri o suplemento e se acho que me arrependi.

O BÁSICO

Pathfinder: Ultimate Intrigue (UI)
Pathfinder RPG
Jesse Benner e outros autores
Paizo publisher

www.paizo.com

Edição 2016, capa dura, 256 páginas, tamanho octavo imperial (22x28cm) miolo e ilustrações coloridos.
Disponível fisicamente e .pdf. Preços variados.

O BOM

O Ultimate Intrigue traz o “jogo das sombras” para a mesa de RPG. Derivado do título, versa sobre influência, investigação, espionagem e relações palacianas e sociais. Para isso oferece diversas ferramentas que vão de classes, talentos, perícias, magias, regras e dicas para mestrar os meandros da intriga e enganação.

O melhor do livro, em disparado, são os esclarecimentos sobre o sistema em relação a magias de adivinhação e perícias sociais (baseados principalmente em Carisma). De fato, são os pontos menos explorados e mais difíceis de elaborar ou julgar no jogo. Como fazer uma sessão de investigação quando o jogador pode lançar um falar com os mortos ou um detectar o mal e acabar com a graça? O livro brilhantemente disseca cada feitiço por nível do grupo e suas repercussões, limites, contra-medidas e ideias para aventuras. Faz o mesmo com perícias como Blefar, Sentir Motivação e outros. Parece chato? Bom, não é. Bem escrito, bem direto e muito legal.

O mesmo ocorre com regras de perseguição e liderança. O livro aprofunda a mecânica destes sistemas, embora não tão bem como no caso das regras.

Em seguida são os feitiços. Se você gosta de assassinos ou bardos, você vai achar feitiços interessantíssimos. Novamente um aspecto ignorado em jogos normais de Pathfinder, trazem ares novos para os usuários de magias, principalmente fugindo do trinômio mago/clérigo/feiticeiro.

Depois temos regras para montar aventuras de intriga. São boas idéias, formatam e organizam como montar uma sessão de investigação. Não são brilhantes, mas são úteis.

E aí aparecem regras para “duelos sociais” e “pesquisa”. E depois vêm os talentos… E depois a classe de personagem e arquétipos… O que têm de bom nelas? Bem, vamos lá…

“Duelos sociais”: um sistema de regras para mestrar discussões ou interações sociais. O melhor dele é a CD variável em relação ao nível geral do grupo (APL). Agora você tem como julgar se seus personagens se deram bem ao serem levados à corte do rei. Viva…

“Pesquisa”: transforma bibliotecas ou repositórios de informação em “criaturas” a serem derrotadas. Cada uma revela partes de suas informações. Ideia legal, mas…

“Talentos”: dezenas deles, cada um com seus pré-requisitos. Transforme seu personagem em um azougue social. Viva…

“Classe e arquétipos” : certo, passem para a sessão abaixo.

O MAL

A dificuldade anterior em achar algo bom nos quatro pontos acima ocorre porque, angustiante como um aadvark fanho, o Pathfinder continua preso à sua bola de neve: a classe apresentada é o Vigilante (nome infeliz) e ela toma quase o mesmo espaço de duas classes do Ultimate Combat. E para quê? Para apresentar uma pessoa com identidade secreta à la Batman, com utilidade questionável para uma sessão de jogo (a não ser que você precise muito fazer uma aventura DC medieval). Como sempre, a classe vai levar a arquétipos, que vão levar a listas, e por aí vai. O problema é que cada arquétipo (incluindo do Vigilante) vai tornando as coisas ainda mais complexas. Na sanha de encaixar todos os personagens em um jogo de intriga, começam a aparecer arquétipos cada vez mais bobos. Novamente, há quem goste…

Complexidade é o mal do livro. As regras de interação social são bizantinas a ponto de parecerem uma ironia (vantagens dão pontos que dão edges que são usadas para vantagens, de acordo com estratégias de debates, modificadas por talentos, que são modificadas se repetidas, etc.). É difícil mestrar intriga, mas não gostei da complexidade das regras de interação. Principalmente depois de adorar as ideias de campanha e esclarecimentos do uso de feitiços. O mesmo aparece nos talentos. Tantos pré-requisitos e condições; muitos deles são irrelevantes.

Por fim, pesquisa. Entendo que investigação e pesquisa fazem parte da intriga, e o sistema é interessante, mas pareceu deslocado (talvez devesse ter aparecido no Occult Adventures e revisto aqui).

O FEIO

Quando leio intriga, lembro de palácios e cortes, de ninjas cruzando a noite e espiões desvendando segredos. Confesso que não pensei em investigação criminal, e o livro deu excelentes ideias, mas NÃO existe nenhuma parte explicando, nem que por alto, meandros palacianos, guildas de espiões, ideias de tramas na corte ou como funcionaria uma ascensão social (nem porque usamos o termo bizantino para coisas intrincadas, caso vocês não saibam). Faltou roleplay e excedeu em sistema de regras. Provavelmente porque ocuparam espaço demais com as classes e talentos.

…E O ESTRANHO

Gosta de Sailor Moon? Um arquétipo de vigilante vai agradar você…
E, lógico…. Batman medieval!

E VALE?

Sinceramente, não acho que valha do jeito que está. Livro capa dura, com mais de 200 páginas onde quase metade não será sequer utilizada não é uma das escolhas que indicaria. O livro contudo não é ruim, apenas superestimado. A parte de esclarecimento de regras para adivinhações, uso de perícias e feitiços são muito boas, mas podiam vir em forma de suplemento (que é mais barato). Faltou aprofundar mais nos tipos de intriga (ah! Ironia de novo), o que provavelmente elevaria a qualidade do livro. Eu preferi só o PDF, cujo valor compensa as partes que não gostei, mas não iria adquiri-lo fisicamente. Dos Ultimates do Pathfinder foi o que menos me animou.

Por Marco Poli de Araújo

pathfinder-intrigue

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