Unesp/Assis avalia RPG na sala de aula como auxiliar

Um trabalho realizado com estudantes da rede pública de ensino de Assis (SP) testou o uso do jogo RPG como possível instrumento pedagógico para melhorar a qualidade do ensino e ajudar no desempenho escolar dos alunos.

A iniciativa surgiu com o projeto O uso do RPG na escola como possível auxiliar pedagógico, desenvolvido pelos alunos Fabiana Rodrigues da Silva, Átila Augusto de Lima e Rodney Querino Ferreira da Costa, do curso de Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, campus de Assis, sob orientação de Eduardo Galhardo, docente do Departamento de Psicologia Experimental e do Trabalho da Unidade.

Os alunos responsáveis pelo projeto, vinculado ao Núcleo de Ensino local por meio da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da UNESP, organizaram reuniões semanais com um grupo de estudantes da sétima e oitava séries do Ensino Fundamental de Assis. O objetivo das reuniões foi verificar como a prática do jogo de RPG na sala de aula pode auxiliar alunos em seu desempenho escolar, através do estímulo à criatividade, capacidade de relacionamento interpessoal e raciocínio lógico.

O RPG (do inglês Roleplaying Game) pode ser traduzido como jogo de interpretação de papéis. Surgiu em 1974, com a criação de Dungeons & Dragons (D&D), o primeiro livro de regras de RPG. Bastante diferente da dramatização comum, em que trama, personagens e ações já estão pré-definidos, o jogo é uma criação coletiva, uma história narrada por um jogador específico (o Narrador), e se desenvolve através das ações dos personagens criados pelos outros jogadores.

As histórias dos jogos de RPG, de modo geral, ambientam lugares na Idade Média, repletos de fantasias, criaturas mágicas, aventureiros solitários e grupos de cavaleiros que resgatam princesas e recebem recompensas. Novos sistemas do jogo já foram inventados, alguns para conferir maior realismo ainda às aventuras, como um dos primeiros sistemas de RPG brasileiro, O Desafio dos Bandeirantes e o Daemon.

Em grupo, os participantes lançam dados e seguem os critérios encontrados nas regras dos livros correspondentes ao sistema utilizado. O narrador do jogo, chamado também de Mestre, é capaz de criar personagens auxiliares, conhecidos como NPC´s (Non Playing Characters), que podem tanto participar do grupo imaginário de personagens como participar do clássico papel de vilão.

Uma característica importante do RPG é que não há perdedores ou vencedores, lembra Fabiana Rodrigues da Silva. As histórias são baseadas em tramas e enigmas a serem desvendados pelos jogadores e, para que isso ocorra, é necessário um bom trabalho em equipe, explica.

Após vários encontros, Fabiana Rodrigues da Silva, Átila Augusto de Lima e Rodney Querino Ferreira da Costa, autores do projeto O uso do RPG na escola como possível auxiliar pedagógico, observaram uma dinâmica peculiar entre os participantes. Alguns já inicialmente apresentaram maior propensão à liderança. Com o passar do tempo, aqueles mais tímidos começaram a agir de forma mais espontânea e dramatizada, despertando perante o grupo seus potenciais criativos; os mais individualistas começaram a ser mais cooperativos, melhorando o desenvolvimento do jogo.

Os autores do projeto verificaram ainda que, além de estimular a cooperação em grupo, o RPG também auxilia na perda de inibição, no desenvolvimento da espontaneidade, na criatividade e no raciocínio para improvisações, uma vez que o jogador é levado a descrever suas ações de maneira clara e dramatizada. O RPG possui um potencial pedagógico rico, em virtude de caráter de produção artística, levando-se principalmente em conta o aspecto emocional e de inter-relação pessoal que o jogo gera entre os participantes, afirma Lima.

Fonte: UNESP / Universia
Scooper: Daniel “Talude”
Revisão: Marcelo Telles
(Equipe REDERPG

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