D&D Next: Meu novo sistema, minhas velhas aventuras

Hoje tem sessão de RPG aqui em casa, Vamos explorar mais um pouco o D&D Next. Fiz uma escolha de aventura quando ainda estávamos desbravando Pathfinder (PF), estamos jogando a Fortaleza no Pendor das Sombras, aventura introdutória da 4E. Sempre gostei dela e achei que mereceria um replay.

A primeira coisa que reparei no Next, em relação à 4E ou ao PF é no contexto ritmo. Na 4ª edição de D&D eram possíveis vários combates sem se cansar, e os pulsos de cura, usados com mais frequência do que os dados de vida no NEXT mantinham os PJ’s de pé. O PF se assemelha um pouco mais com essa nova edição, mas mesmo assim o sistema de desvantagem “ajuda a atrapalhar” um pouco os jogadores, mais do que as penalidades situacionais presentes em PF, que eram geralmente -1, -2…

No geral foi uma boa escolha de aventura para o meu grupo, divertida, dinâmica como as da 4E sempre foram e clara, o objetivo vinha fácil para os jogadores. Ela ainda conta com bastante interação, na cidade, e um perfeito cenário de “dungeon-crawl” na fortaleza em ruínas.

Mas para o sistema não foi a melhor das escolhas.

Suas muitas salas recheadas de inimigos tiveram que ser adaptadas, para comportar melhor a quantidade de pontos de vida e de cura que a nova edição proporciona. E a quantidade de monstros presentes na antiga edição era um fator determinante para não deixar os combates presentes na aventura caírem na monotonia. Logo nas primeiras batalhas éramos presenteados com diversos tipos de monstros que se derivavam de apenas um. O kobold. Então em um único arco de combates, para transpor essa primeira “fase” da aventura tínhamos o kobold lacaio, o kobold draco-escudeiro, o draco-sacerdote, guerrilheiro, guerreiro, fundeiro, entre outros. Isso vinha, claro, com um conjunto de habilidades especificas, como o fundeiro que possuía potes de cola e de fogo. Para ele, em específico, foi ofertada uma solução no playtest do D&D Next, o kobold alquimista, muito similar em sua função. Também haviam soluções similares para o draco-escudeiro e para o kobold, tanto o lacaio como o guerreiro. Mas ao tentar fornecer habilidades que simulariam o sacerdote, o guerrilheiro e outros, o sistema acabou me presenteando com pouco mais do que kobolds, com uma habilidade diferente, como o próprio draco-escudeiro.

Após um minuto de reflexão cheguei em duas conclusões. A primeira é que tentar usar o “feeling” de uma antiga edição na nova não costuma ser 100% satisfatório. O ritmo é outro, o andamento, o tempo de descanso e até mesmo, eu arrisco dizer, a sensação de fragilidade de cada jogador para com seu personagem.

A segunda, que já deveria estar óbvia para mim há algum tempo, é que os monstros da 4E são exatamente o que eu tentei fazer com os do Next, eles são a mesma criatura , com uma ou duas habilidades diferentes. E isso é ótimo, temos um bloco de estatísticas que pode ser construído “a lá” 3ª edição, mas podemos colocar o formato e os poderes como demonstrado na 4ª. De uma maneira mais livre, mas heroica.

Tudo isso me fez perceber que as melhores aventuras pra se jogar com o D&D Next, das que já foram publicadas, são as clássicas da 3ª edição e do AD&D. Algumas como O Templo do Mal Elemental (abraços pela nostalgia Vinicius Alvim), A Cidadela sem Sol e O Orador dos Sonhos se encaixam perfeitamente no ritmo da campanha. Tudo o que você tem que fazer é substituir os blocos de estatísticas e corrigir alguns detalhes menores. Uma mão de obra muito menor do que a que eu tive com as da última edição.

Então tentem, experimentem, joguem do jeito velho, improvisem, coloquem mais monstros se os personagens derem uma surra nos adversário, retire alguns monstros se os dados ficarem loucos (como no jogo do Brasil contra a Alemanha). O RPG está de volta mais velho e novo do que nunca.

Luiz Agostinho

Rolando D20 (ao quadrado)

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3 Comments
  1. D&D 5 é o retorno do D&D clássico, as melhores aventuras para usar com ele certamente serão as que seguiam o padrão de encontros “tradicional” do D&D – 3.X para trás! :)

    A primeira e segunda edições, em larga escala, tiveram uma política bem “simulacionista” na criação dos encontros – os monstros eram colocados pensando-se -mais- no que parecia “adequado para o mundo de fantasia” e menos no que “era balanceado para o grupo”. Literalmente, foram recheadas de “killer encounters” completamente fora do escopo da party.

    Claro, mesmo lá, na primeira edição, vc já tem os indícios de que, de vez em quando, os designers se preocupavam sim com o nível do grupo (vide comentários do Gygax na “Village of Hommlet”).

    É a 3ª edição que inaugura uma -mecânica- para balancear os encontros, mas claro, o “pacing” da aventura continuou largamente como era antes. Embora existam opções de cura em muitíssimo mais frequência que no AD&D 2e, de modo geral, os PCs ainda não são capazes de realizar trocentos combates no mesmo dia.

    A 4ª edição modifica radicalmente esse pacing – com descansos de 5 minutos curando o que o grupo precisa (e os surges servindo de “ticking clock”), os aventureiros podiam, de fato, ter várias batalhas no dia antes de ter que parar para descansar.

    Dessa forma, as aventuras da 4ª edição serão, de longe, as mais tensas de adaptar para o D&D 5 que retorna ao “adventuring day” e ao “pacing” das edições anteriores! :)

    No geral, a transposição de -qualquer- material entre as edições irá acarretar em mudanças temáticas/conceituais/feeling. Não existe real “conversão” entre sistemas distintos pq sistemas distintos oferecem jogabilidades diferentes e logo, experiências de jogo díspares. Haverão, claro, semelhanças – mas se os sistemas forem realmente “únicos”, terão idiossincrasias o suficiente para que seja efetivamente impossível repetir o mesmo “feel” de um personagem/aventura de um sistema para o outro.

    Logo, na adaptação de aventuras entre sistemas, acho que o vale mais é capturar a “essência” da proposta da aventura, e combiná-las com aquilo que o grupo gosta/espera das mesmas.

    Enfim, excelente texto Agostinho!!! ^^

    Muito bom te ver por aqui! :D

  2. Vou dar uma lida nessa aventura agora.

  3. Eae pessoal,

    Alguém de SP com um grupo de D&D que vai jogar o next tem espaço pra mais um jogador?

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