O que há com a Devir?

Fazem 6 meses que a Devir não lança nenhum produto de Dungeons & Dragons. Fazem 7 meses que o GURPS 4ª Edição Módulo Básico: Campanhas deveria ter sido lançado (a informação mais recente é que ele será lançado finalmente agora em setembro). E novamente ouve-se uma pergunta que infelizmente já é bastante recorrente no RPG brasileiro: o que há com a Devir?

Não é a primeira vez que isso acontece. Na época da 3ª Edição de D&D, houve também um hiato de um ano entre os lançamentos de suplementos para a linha. Mas o que nos deixa especialmente frustrados, é que até novembro do ano passado a coisa ia bem com a 4ª Edição, o ritmo de lançamentos estava adequado à demanda do consumo e a escolha do que lançar estava correta.

Houve um intervalo de três meses nos lançamentos de D&D por conta do lançamento do GURPS 4ª Edição Módulo Básico: Personagens, mas depois do lançamento do Guia de Personagens de Forgotten Realms, houve um atraso de três meses no lançamento do Guia de Campanha de Forgottem Realms e, de fevereiro para cá, nada.

Antes que se comece o usual xingamento por parte dos mais exaltados, vamos analisar um pouco a trajetória mais recente da Devir com o RPG…

Quando a empresa adquiriu o antigo AD&D em português da Abril no final da década de 1990, ela passou a ter as três principais licenças de RPG do mundo na época: AD&D, o antigo Mundo das Trevas e o GURPS.

Obviamente que uma empresa que podemos considerar no máximo de porte médio, em algum momento teria problemas em lidar com essas três grandes licenças, além de possuir outras licenças menores. Ainda mais que a Devir foi diversificando os produtos com que trabalhava, em especial adquirindo os card games Magic e Pokémon.

Por sorte, com a compra da TSR por parte da Wizards e o anúncio da 3ª Edição de Dungeons & Dragons, a Devir teve que interromper seus lançamentos de AD&D por conta disso e continuou focando no que era o seu principal RPG, o Vampiro, a Máscara.

Com o lançamento da 3ª Edição de D&D em português a coisa mudou. Dungeons & Dragons se tornou o seu principal RPG, com o Douglas “D3” passando a cuidar exclusivamente de D&D. Isso fez com a linha menos lucrativa das três, o GURPS, fosse tendo cada vez menos lançamentos e por fim não tendo mais nenhum.

Mais recentemente, com o fim do antigo Mundo das Trevas e o lançamento do novo Mundo das Trevas, Maria do Carmo Zanini passou a ser a editora responsável pelo novo universo da White Wolf, o que deu uma consistência e certa constância aos lançamentos nova linha, apesar de um hiato causado pela gravidez da Zanini.

Contudo, até a Zanini assumir o novo Mundo das Trevas, a Devir teve um longo histórico do final dos anos 1990 até ali de escolhas não muito felizes, de alguns lançamentos no mínimo duvidosos em todas as suas linhas de RPG. As quais já tinham deixado de ser a algum tempo os seus principais produtos, e provavelmente são os menos lucrativos de toda empresa. Sem falar de livros de RPG que chegaram a ser traduzidos (e os tradutores pagos), mas que nunca foram lançados.

Com a 4ª Edição de Dungeons & Dragons, um novo editor para a linha assumiu, fruto de um processo de cortes de pessoal e de gastos pelo qual a empresa passou, e do qual o fim do tradicional Encontro Internacional de RPG faz parte.

Otávio Gonçalves procurou deste o início não repetir os antigos erros da empresa, fazendo um trabalho com o D&D 4ª Edição equivalente ao da Zanini com o novo Mundo das Trevas. De cara ele informou que apenas os principais livros seriam lançados e procurou manter um ritmo constante, mas compatível com a capacidade de absorção do mercado brasileiro, que saía da “Bolha d20” menor do que jamais fora.

E tudo ia bem até que ele também resolveu assumir o GURPS e lançar a nova edição do jogo em português, um desejo que há anos a Devir queria fazer – se lembram do GURPS Lite da 4ª Edição que lançamos pela Dragão Brasil 115 quando eu estava à frente da revista? Pois é, já fazem 6 anos…

Embora aparentemente o primeiro livro básico do GURPS 4ª Edição – o GURPS 4ª Edição Módulo Básico: Personagens – tenha vendido bem e o planejamento inicial era outras pessoas passarem a trabalhar na linha após o lançamento do Campanhas, essa sobrecarga de trabalho do Otávio acabou comprometendo não apenas o D&D, mas também o próprio GURPS, conforme falado no início do artigo.

Além de uma única pessoa cuidar de duas linhas, uma delas a maior do mundo, provavelmente há outros fatores que contribuíram para esse hiato. Sempre há. Inclusive o fato do RPG não ser um produto de ponta para a Devir.

E as coisas mudaram no mercado brasileiro de RPG, ou melhor, no nicho brasileiro de RPG, e a forma como a Devir comercializa os produtos do nosso hobby talvez não seja a mais adequada. Mas isso eu deixo para outro artigo, sobre o Novo Paradigma do RPG Brasileiro.

O fato é que o que era um intervalo de apenas 1 ano entre os principais lançamentos de D&D 4ª Edição em inglês e em português, se tornou um abismo tão grande quanto o que passamos com a mudança da edição 3.0 para a 3.5.

Eu mesmo acredito que até a Gen Con 2012 a 5ª Edição de D&D será anunciada pela Wizards, e o quanto ela vai ter de suporte online vai indicar o quanto o D&D Insider e o caminho apontado por ele foram bem sucedidos ou não.

Para nós, que acompanhamos o D&D (e o GURPS) em português pela Devir, resta torcer para que os lançamentos voltem a acontecer.

Mas talvez já esteja mais do que na hora da Devir repensar a forma como trabalha e como comercializa o RPG.

Por Marcelo Telles

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21 Comments
  1. Sabe q esses dias eu estava me perguntando EXATAMENTE isso?

    Nada pra D&D 4th, D&D 5th q talvez possa ser algo bizarro, e editoras indies ruleando no Brasil.

    Se me dissessem, no começo de 2011 q isso aconteceria, eu riria pra valer. Tempos interessantes estamos vivendo, de fato.

    Mas tomara q a Devir volte com força total. Em D&D, por favor.

    • Pois, é. Uma conincidência. Eu estava me perguntando exatamente a mesma coisa a uns 7 meses atrás.

      Devir morreu para mim.

      Livros de cenário, digo Drak Sun, nulo,

      material gratuito no site (que site?),

      livros de poderes (apenas um lançado e só),

      continuação das aventuras (aventuras abruptamente descontinuadas),

      carência total de mídia sobre os produtos,

      falta de comunicação com o consumidor deles (nós),

      NENHUM cronograma e desrespeito ao que viria a ser lançado.

      Nenhum argumento deles pode justificar a postura tomada por todo esse tempo.

      Não sei que empresa é esta que preza por perder consumidor…

  2. Essa devir não é confiavel , esperei anos pelo mago o despertar em portugues, e o Changeling: The Lost vai sair quando? as outras linhas do novo mundo das trevas nem tenho esperanças, se com o D&D que é a maior linha deles fazem essas sacanagens , imagina com as outras linhas? e esse vampiro requiem 2 edição????? Um reimpressão e chamam de 2 edição brasileira, comprei esse gurps e até agora nada, como terei esperanças de ver os suplementos? Tomei uma decisão, não comprarei mais nada deles, comprei o old dragon, o fiasco, rastro de cthulhu + todos os suplementos que sairam até agora, aderi a campanha do violentina, chega de depender dessa coisa que se chama de editora, jogarei outros jogos!!!!

    • Caro reginaldox,

      Como editora do Mundo das Trevas Storytelling da Devir Livraria, mantenho três canais de comunicação com os fãs da linha: 1. as páginas do Mundo das Trevas no website da Devir (www.devir.com.br/mundodastrevas); 2. o blog Contatos Imediatos (www.devir.com.br/contatosimediatos); 3. o Twitter Feed @MdT_Brasil (www.twitter.com/MdT_Brasil). Tento passar as informações relevantes à medida que os prognósticos se confirmam. Estamos fazendo o possível para lançar Changeling ainda este ano. A previsão dos nossos sonhos é novembro. Completei a tradução hoje pela manhã e o livro já está uns 60% diagramado.

      Vampiro: o Réquiem 2a. edição brasileira, sim, segundo as normas da Fundação Biblioteca Nacional. A capa é completamente diferente e houve alterações significativas no texto para exigir que fosse republicado como 2a. edição, e não como reimpressão. Além disso, há conteúdo novo, sim. É importante não confundir o conceito de edição com o de publicação de novas regras de jogo.

      Saudações,

      MC

      • Seja bem vinda à REDERPG, MC Zanini.

        Esperamos ansiosos o lançamento do novo Changeling em português.

        Marcelo Telles
        Coordenador da REDERPG

  3. Como sempre ninguém entender o que se passa na Devir?; dona do filão de ouro do rpg, a triade (gurps, D&D e mundo das trevas). Graças aos esforço de varias outras editoras saimos ganhando um pouco mais de variedade. A Devir parace que adquiriu o direito do novo rpg senhor dos aneis é verdade essa informação; se for esta f@#. Triste muito triste o descaso com o consumidor fiel da editora quen não tem nenhuma novidade ou noticia oficial; quando o livro é lançado só sabemos pelos blogs avisando!, saiu ou Gurps, o FR campanha!. Desiludido demais com a falta de respeito dirigada a nós rpgistas.

  4. Considero-me uma pessoa ponderada, observadora e crítica. Antigamente defendia a Devir em diversos aspectos. Dessa vez acho que vou ficar em cima do muro!

    Sei que existem muitos fatores que fazem com que o RPG seja uma fatia bem pequena do mercado, fazendo com que o planejamento estratégico para seus lançamentos sejam bem organizados pois poucos fatores podem ocasionar um belo prejuízo a empresa.

    Contudo, para quem viveu o RPG em seu grande boom com Encontros Internacionais no Parque do Ibirapuera, pelo menos 3 revistas especializadas nas bancas e lançamentos mil, o RPG hoje está bem “xoxo”.

    E como a detentora das principais licenças de jogos é a Devir, é impossível não dizer “poxa Devir! Se mexe um pouco mais!!!”

  5. Eli, não perca meu artigo de amanhã, sobre o novo Paradigma do RPG brasileiro! ;-)

  6. Vcs esqueceram de um pequeno detalhe , demora muito pra vir e quando vem , vem com erros de tradução quando o livro sai. A exemplo do que estou falando veja o livro Gurps no final do livro erros onde comem letras das palavras na capa final do livro.

    É lamentável tudo isso , acredito que eles estejam pensando que é o rei da cocada preta.

    • Há um erro de digitação tb na contra-capa do Vampiro: O Réquiem. Não lembro exatamente qual era, mas apesar de bobo, ainda era um erro.

      Eu qse ri qdo vi, pq o livro ficou muito bonito com as letras prateadas sobre aquele fundo carmim, aí de repente umas letras trocadas pulam nos meus olhos. XD

      Erro em livro da Devir é igual erro de continuidade em filme de Hollywood. Sempre tem, mas a gente nem liga mais…

      • Caro Thiago,

        Eu gostaria muito, então, de contar com sua boa vontade. Você poderia, por favor, dar uma olhada novamente na sua edição de Vampiro: o Réquiem e apontar exatamente qual seria o erro de digitação?

  7. Bem,

    Eu sempre respeitei a DEVIR, mas vejo a anos seu desrespeito pelo público Brasileiro. Eles não respondem os emails que são enviados apara eles. Não fazem cronogramas, não se mexem e na boa, cagam para nós. Fico feliz que outras empresas aqui no brasil estão movendo esse mercado.
    Se estamos mal aqui, agradeçam a DEVIR, pois ela simplesmente pegou a “Tríade de Ouro” do RPG para assegurar que nenhuma outra empresa pudesse prosperar.
    Reclamamos tanto dos seus produtos e sinceramente temos razão. Alguns livros são altamente esperados pelos jogadores. Mas eles simplesmente lançam o que querem com a qualidade inferior de costume e esperam que venda. Ai o mercado não responde como deveria, servindo apenas como argumento para esse comportamento rídiculo deles. Se eles não tem equipe técnica para tocar o trabalho, devolvam os direitos as empresas e permitam que outros possam publicar. A Nação Garou consegue traduzir um livro mais rápido e com mais qualidade do que a DEVIR. Uma pena que não existe uma Nação Exalted para fazer isso pelo EXALTED ou uma Nação Garou para NWoD.
    Pelo tempo que esperamos os lançamentos, seria melhor ir estudando Inglês, porque se depender da DEVIR… tamos lascados.

  8. Eu gostaria de saber quem são as pessoas responsáveis pela leitura de mercado da Devir a respeito dos RPGs. Me passa certa insegurança ver uma empresa do porte da Devir concentrar três grandes sistemas e não conseguir dar conta de nenhum deles por completo, ao invés disso, ficam os três de modo bastante precário no país.

    Talvez fosse o caso de vender uma ou duas licenças para outra empresa, concentrar seus esforços em um ou dois nomes e conseguir efetivamente abastecer o mercado com material de qualidade e dentro de um cronograma satisfatório. O que a empresa perde em imagem mantendo essa postura manca, cancelando eventos de RPG e dando poucas explicações, não é nem de perto algo saudável para uma empresa que almeje alguma competitividade.

    Eu tenho alguns livros por aqui que são da Devir, mas, nunca tive pressa para adquiri-los. Com o lançamento do Pathfinder, e meu descontentamento com o D&D 4ª Edição, passei a não depender mais dessa empresa. Agora o que eu tenho comprado são o material da Paizo, um exemplo a ser seguido pela Devir. Diga-se de passagem, comprar os livros de revendedoras norte-americanas, com frete de navio, com o dólar desvalorizado tem me rendido livros que, quando convertidos para o Real, custam metade do concorrente – a 4ª Ed pela Devir.

  9. Muito triste isso, mas é o que disseram: a empresa pegou a tríade de ouro e tá cagando em cima… Outras empresas até conseguem prosperar com seus sistemas alternativos, mas nunca vão vender tanto quanto a tríade. Pena isso. Eles sabem que podem fazer trabalho porco (vide tradução GURPS 4E, cheio de erros), que vai vender… Só um boicote mesmo…

  10. É muito dificil fazermos uma analise do q se passa na Devir, nao temos nenhum tipo de informação, tudo q sabemos sao boatos.
    Podemos fazer algumas analises e dar alguns chutes como: a Devir nao vive de vender RPG ela é uma editora possui ate uma grande variedade de livros publicados, ela é uma empresa Portuguesa q tem uma filial aqui no Brasil não sabemos como ela atua e como ela é no mercado Portugues, podemos dizer q ela tem essas licenças pra fazer o q chamamos de reverva de mercado mesmo nao produzindo nada nele, nao sabemos como sao os contratos das licenças q eles tem para poder publicarr os RPGs aqui.

    A Devir começou bem com a 4th, a tradução estava boa, a qualidade do material estava bem proximo do original e tinha uma certa regularidade de lançamentos, percebemos q a coisa começou a desandar com o FR, atrasos no lançamentos e livros com preços mais caros.

    O Otavio a nunciou no twitter q esta trabalhando no Poder Arcano agora quando ele sai q é o misterio, eu acho q so no fim do ano para ser bem otimista.

    • Mais o problema é esse Myneyro, ele não tem nenhum cronogama, não se comunicar com a comunidade; tudo na Devir de lançamento de RPG são boatos!.

    • O mínimo seria que ele tivesse lançado o Poder Arcano nesses seis meses que se passaram e estivesse trabalhando no Poder Divino. Ou melhor ainda, que tivesse lançado os dois no decorrer desses últimos seis meses e estivesse trabalhando no Poder Primitivo, e preparando os dois livro de Dark Sun, o Poder Psíquico e a caixa vermelha. Mas seis meses sem nenhum lançamento de D&D é muito preocupante…

    • De uma coisa já sabemos, a DEVIR não está atendendo a altura os RPGistas brasileiros. Na minha opinião quem deveria estar ciente disso e cobrar é quem vendeu os direitos a ela, ou seja, Wizards (no caso do D&D). Pq então não organizamos um protesto, na forma de um email padronizado a ser enviado para as produtoras dos sistemas? Cabe a eles cobrar uma solução da Devir, sob pena de quebra de contrato.
      Quer um canal melhor do que a Rede RPG pra organizar isso?

      • Isso já foi feito uma vez no fórum da Wizards pelos jogadores brasileiros e não deu muito certo. Além disso, eu não acho que matar o doente seja a melhor maneira de lidar com a doença. Porque, pragmaticamente falando, nenhuma das outras empresas do RPG brasileiro têm condição de assumir as linhas da Devir, tem capital suficiente para bancar um D&D, um Mundo das Trevas ou um GURPS.

        São licenças caras e produtos que exigem um alto padrão de qualidade na sua produção.

        Espero que este texto possa contribuir para que a Devir ache formas economicamente viáveis para continuar lançando seus produtos de RPG no Brasil.

  11. Jogo Rpg a 20 anos e posso dizer a Devir esta sendo a Devir, foi sempre assim, isso nunca mudou…

  12. A Devir é um editora voltada aos Quadrinhos, se é se alguém sabe, eles tem o RPG como apenas um complemento de renda, pois o forte da Devir é os HQs !
    Vá no site deles e vejam quantos HQs que eles lançaram nos últimos anos e veja quantos livros. A Devir desde 1998 tomou conta de todos os principais sistemas de RPG no Brasil para não ter concorrência, e agora tá ai, como sempre foram, omissos aos clientes rpgistas !

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