Tron Legacy (resenha)

Tron é um daqueles filmes que todos conhecem, mas poucos lembram alguma cena – que não seja a corrida de motos. Aclamado como um ícone cultural Geek, Tron foi lançado pela Disney em 1982, quando os computadores pessoais (chamados a época de computadores de mesa) só eram encontrados nas casas de engenheiros e analistas de sistema (quando não era cool ser programador). A nova versão chega para agradar os fãs do original e as novas gerações, que podem carregar com orgulho seus gadgets e finalmente entender porque tantas séries e videogames têm corridas de motos com rastros coloridos.

Tron Legacy começa de onde termina o primeiro filme. Após salvar o Grid (mundo virtual) Kevin Flynn e Tron decidem revolucionar as fronteiras virtuais, transformando The Grid em uma grande Utopia socialista. Mas Kevin desaparece misteriosamente. Vinte anos depois, seu filho Sam, um adolescente rebelde (fã de Hannah Montana) decide seguir os passos do pai e acaba preso dentro da Matrix, quer dizer The Grid. Lá ele descobre que o mundo foi transformado por um ditador, Clu, um avatar de seu pai. Em sua jornada, Sam reencontra seu pai e uma nova forma de vida criada dentro da Matrix – não GRID – e deve lutar para salvá-los.

A história é completamente clichê. Assim como foi no primeiro filme. Os personagens são completamente previsíveis: o herói é rebelde e deve se encontrar para poder salvar o mundo, e o vilão é mal. Muito mal. Ele come até dólar no café da manha. Mas Tron não é e nunca foi sobre a história.

Um filme baseado em computadores já era estranho na década de 80 (que o diga Wargames), um filme com horas de imagens computadorizadas era algo inovador. Por isso, a ousadia de criar algo novo e diferente é e foi o grande trunfo de Tron. O filme não foi o primeiro a usar computação gráfica, mas foi o primeiro a abusar das imagens geradas por computador. Apesar de ser um grande sucesso de bilheteria para a época, Tron é muito mais cultuado que lembrado. Seu Arcade (aquelas máquinas antigas de jogos que usavam fichas) era um dos mais populares nos inferninhos de games.

Visualmente é onde Tron Legacy brilha. Gerar imagens em computador não garante sucesso em 2010 como em 1982. Hoje as imagens precisam ser bonitas. A fotografia visual é muito bem elaborada, com belas cores e imagens. Azul é o bem e laranja é o mal. Antes de reclamar, lembre que em Star Wars os lasers do Império eram vermelhos e da Aliança verdes. Visualmente o filme agrada e muito. Interessante que apesar de lançado em 3D, o filme usa poucos recursos em 3D, mas a experiência ainda é muito mais agradável com os óculos.

Jeff Bridges repete seu papel do primeiro filme, agora muito mais maduro e menos canastrão. Clu, seu avatar virtual é um avanço importante na digitalização de personagens. Ele não é real, mas passa como um avatar louco e não parece (tanto) um personagem de computador (Neo em Reload). Garrett Hedlund não faz feio como o adolescente rebelde de bom coração. E Olivia Wilde é linda, além de ótima atriz.

Como um brinde muito bem elaborado, a trilha Sonora do Daft Punk é uma das melhores em anos, para filmes de Hollywood. As músicas combinam com primor ao visual virtual, em uma grande festa de cores e luzes dentro da Matrix. Mesmo com a festa desnecessária. Ah! Se Matrix Revolutions e Reload tivessem metade da qualidade visual e sonoro de Tron Legacy

Para os geeks, tarados de plantão, o nome da companheira de Castor, o barman Rolling Stone é Serinda Swan, atriz que interpretou Zatanna em Smalville. Não usem isso contra ela. Apesar de pequeno, seu papel é bem marcante, não apenas visualmente. Castor… Não me façam falar dele…

Indicar Tron Legacy é uma tarefa difícil. Tron é um cult para geeks e seres barbudos em todo mundo. Relembrar as cenas, as lutas as perseguições já valem o ingresso. Além disso, Tron Legacy tem méritos próprios, como um bom filme de ação. Quem espera uma revolução ou diálogos trabalhados como Woody Allen, sairá do cinema decepcionado, e devera ir direto ao analista por esperar algo do gênero de um filme de Tron. Mas para um final de cinema pipoca, Tron Legacy é melhor que a maioria das animações sem piadas e comédias românticas.

Tron Legacy
Roteiro:
3
Direção: 4
Produção: 6
Nota Final: 4
Site: http://disney.go.com/tron/

SPOILER ALERT – NÃO LEIA SE VOCÊ NÃO VIU O FILME

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A grande nota negativa é que Tron, o personagem que dá nome ao filme praticamente não aparece. Mesmo ficando evidente em 10 minutos que ele é Rinzler, Tron sempre foi muito mais que um campeão da pancada. Ele era o elo de ligação do filme original, o programa, o cara. Deveria ser tão ou mais importante que o próprio Kevin Flynn.

Por Fabiano Silva
Equipe REDERPG

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