CARDS-FOR-DICE: Trocando Dados pelas Cartas [Parte 1]

Os dados estão intimamente ligados ao RPG. A essência do RPG é a interpretação de personagens, mas se existe algo que possa simbolizar o RPG, com certeza, são os dados! Tanto é que virou ícone de RPG, em suas mais variadas formas, do D4 ao D20 (até mesmo o lendário D3, que sempre quina). Pergunte para qualquer não jogador o que é RPG, e ele dirá: – Conheço, é aquele jogo que usa uns dados estranhos, não é?

Mas existem alguns sistemas que não se valem dos dados, totalmente ou em partes. Independente do gênero, steampunk, indie, far west, costumam funcionar bem sem utilizar os grandes ícones do RPG.

Castelo Falkenstein

Considerado um dos clássicos do RPG, esse sistema recebeu 2 prêmios na época de seu lançamento, sendo considerado Melhor Sistema de Regras de Interpretação de 1994 e Melhor Produto de RPG de 1995, fortemente baseado na narrativa. Foi escrito por Mark Pondsmith e veio ao Brasil através da Devir, e recebe o nome em homenagem ao castelo europeu de mesmo nome.

O cenário é ambientado em uma época vitoriana na Europa, em um universo alternativo, povoado de fadas, anões e seres fantásticos, inclusive dragões. O ano-base é 1870 e a revolução industrial está acontecendo. A História e a fantasia se mesclam, permitindo que seus personagens históricos coexistam com os fictícios. Eis que então, um programador de jogos é afetado por magia indo parar no castelo. Daí em diante, seu alter ego, Tom Olan narra suas experiências na forma de um diário.

O sistema de regras é totalmente diferente do que os demais sistemas apresentam. Fichas de personagens? Não existem! No lugar, é usado um diário, onde se registra o background e os fatos recentes de jogo, e as qualidades e defeitos com seus respectivos pontos. Simples assim!

Para o desenvolvimento do jogo, é usado um baralho comum. As cartas numeradas têm seus respectivos valores, enquanto os Valetes representam 11, Damas 12, Reis 13, Ases 14 e Curingas 15.

Além disso, cada naipe tem seu uso. De acordo com o teste necessário, não basta apenas tirar a carta do “número” correto, mas também acertar no naipe, ou o teste dificilmente terá bons resultados (exceto quando se tira um curinga, que sempre valerá 15 em qualquer situação). Abaixo estão os usos de cada naipe:

  • Naipe copas: é usado para testes de atividades emocionais
  • Naipe de ouro: é usados para atividades mentais
  • Naipe de paus: é usado para atividades físicas
  • Naipe de espadas: é usado para atividades sociais que envolvam status

No início do jogo, são fornecidas 5 cartas para cada jogador. A cada “rolagem” de testes solicitados, uma delas é usada e feito descarte. A “mão” de cartas é renovada, contudo, de acordo com o estilo do jogo ou permissão do Anfitrião (o GM), podendo ser “compradas” conforme as cartas forem gastas para sessões com muita ação, ou apenas quando a última carta da mão for gasta, para sessões mais “controladas” (ou Anfitriões mais rigorosos).

Apesar de raras as mesas de Castelo Falkenstein, o jogo e o sistema continuam desafiadores, e muito didáticos, pois permitem e exigem uma certa integração com a História da época.

Dust Devils

Gosta de jogar pôquer? Então talvez goste de Dust Devils. Lançado no Brasil pela Redbox, é baseado na versão revisada do jogo americano.

Ambientado no Velho Oeste, em uma terra selvagem e sem lei, os jogadores podem interpretar pistoleiros, cowboys, fazendeiros, xerifes, foras da lei, garimpeiros e até mesmo as damas que estão nos saloon para entreter o mundo! Essas personagens podem ser explorados profundamente, e temas ligados a violência estão em cena.

Cada um dos jogadores usa seus valores de personagem para ganhar cartas, e montar cada um sua mão de pôquer. Na hora de uma resolução, quem quer que tenha a maior mão (carta de maior valor), descreve como a cena acontece. Só não vale o blefe do pôquer!

O livro básico conta ainda com 3 mini-cenários:

Desejo de Matar é um jogo de espionagem, na tradição do famoso personagem de Ian Fleming, James Bond, e muitos outros thrillers e dramas de espiões, populares em filmes e romances. Os jogadores interpretam super-espiões, agentes secretos e mestres em manipulação, realizando obscuras espionagens e as mais perigosas operações secretas.

Ronin, enquanto Dust Devils se passa no violento Velho Oeste do cinema e do folclore, RONIN se passa em um Japão feudal que reinterpreta as regras de Dust Devils. Ao invés de um Demônio, os personagens de RONIN servirão a um Dever para com alguém — ou para com alguma coisa!

Anjos de Concreto, se passa no cinzento e cruel mundo da ficção criminal, especialmente como os livros da série Burke, de Andrew Vachss, e de Sin City, de Frank Miller. A Cidade é um local sombrio e sujo onde o crime corre solto. Prostitutas e viciados rastejam pelos becos como ratos, o crime organizado comanda a Prefeitura e os policiais são corruptos ou traumatizados. Os personagens são condenados, traficantes, ladrões, garotas da rua e golpistas. Mas, pertencer ao lado errado da lei não faz de você um cara ruim. Apenas o faz ser mais cauteloso.

Por Diego Bianchini Martins

Continua em breve!

 

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1 Comment
  1. Eu adoro a ideia de usar métodos diferentes dos dados, e corro atrás de cada jogo que sai sugerindo alternativas. Cartas de baralho, além de trazerem várias possibilidades numa única carta (como naipe, número, figura, cor), ainda permitem customizações bem interessantes.

    Aguardando a segunda parte!

    PS: embora eu ache que entendi a mensagem (tipo “Cards As Dice”), o título não deveria ser “Dice For Cards”, como quem diz “Changing Dice For Cards”?

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