Exploração de Masmorras & A Arte da Guerra

Shannon Appelcline

A literatura de fantasia é cheia de exércitos poderosos marchando através das paisagens medievais. Em O Senhor dos Anéis (1954-1955), entes atacaramIsengard e orcs sitiaram Lórien, enquanto que nas histórias deConan de Robert E. Howard (1932-1936), os exércitos marchavam através das terras hiborianas.

Enquanto isso, D&D geralmente se concentra em aventuras mais pessoais… mas casualmente, ele também já passou por grandes batalhas de fantasia épica.

Chainmail Beginnings: 1974-1983

No início, D&D era um wargame. Ele evoluiu diretamente do Chainmail(1972) de Jeff Perren & Gary Gygax, um jogo de combate tático para miniaturas medievais. Em Chainmail, cada miniatura representava 10 ou 20 homens, mas algumas regras variantes sugeriram o combate singular para uma escala de 1:1. Nelas, uma figura poderia representar uma única pessoa – talvez um mago ou um herói!

Dave Arneson usou regras modificadas de Chainmail em seus jogos em Blackmoor, permitindo que personagens individuais combatessem exércitos e se aventurassem em masmorras, o que, por sua vez, ajudou na criação do Original Dungeons & Dragons (1974). No começo,o O D&D até mesmo usava as regras de combate Chainmail, o que significava, teoricamente, que o O D&D permitia uma fácil integração entre combate singular e batalhas campais – mas a maioria dos jogadores utilizava as regras “alternativas” de combate de O D&D porque a conexão com o Chainmail era um pouco vaga.

Como OD&D evoluiu por meio de suplementos, como Greyhawk (1975) e Blackmoor (1975), ele se tornou verdadeiramente umjogo próprio – emenos compatível com Chainmail. Isso resultou no lançamento de Swords & Spells (1976)de Gary Gygax, um sucessor das regras de batalhas campais do Chainmail que usava algumas das mesmas regras de movimento e de formação, mas que se baseou mais diretamente no D&D em suas regras de combate.

No entanto, o primeiro sistema de batalha campal de D&D teve uma vida curta. Logo após sua publicação, o OD&D foi relançado como AD&D (1977-1979) e Basic D&D (1981). Estes jogos mais recentes privilegiaram os personagens individuais que tornaram o D&D único, deixando para trás os exércitos e as batalhas campais que estavam na herança ancestral de D&D; D&D não retornaria a estes campos de batalha até ter se tornado plenamente um jogo próprio, uma década após a sua criação.

A Máquina de Guerra & O Primeiro Sistema de Batalha: 1984-1988

O Basic D&D foi uma linha best-seller da TSR no final da década de 1970 e início de 1980, mas poucotempo depois o AD&D o ofuscou. Isso deu ao Basic D&D a oportunidade de explorar estilos de jogabilidademais inovadores, começando com o D&D Companion Set (1984), de Frank Mentzer. Estas regras de companheiro permitiu que os jogadores governassem seus próprios “domínios” e também continha o primeiro grande sistema de combate em massa de D&D da década de 1980: War Machine.

As regras de War Machine funcionavam em um nível estratégico. Levavam semanas para reunir exércitos, que eram movidos em grandes mapas, onde cada hexágono representava10 quilômetros. Era uma variante interessante para as batalhas campais que eram o coração dos combates em massa de D&D em Chainmail e Swords & Spells.

No entanto, War Machine foi logo ofuscado pelo sistema próprio do AD&D para combate em massa. Embora owargamede Douglas Nilestenha surgido com o nome de BloodstonePass, ele foi lançado como Battlesystem (1985). Ao contrário doWarhammerFantasyBattle(1983), da Games Workshop, o Battlesystem não exigia que os jogadores possuíssem miniaturas. Em vez disso, ele trazia uma caixa cheia com contadores de papelão que representavam uma grande variedade de tropas de fantasia.

Assim como Swords&Spells, as regras de combate em massa doBattlesystem foram baseadas nas regras básicas do AD&D. Niles disse que tentou“manter o espírito e, tanto quanto possível, a comunicação com as regras do AD&D.” Na verdade, oBattlesystem foi vendido como uma expansão de AD&D e não como um jogo independente. Esse enfoque resultou no conjunto de regras de combate em massa que melhor se integrou as regras de D&D.

Embora a TSR tenha planejado dar suporte aoBattlesystem com miniaturas opcionais produzidas pelo grande miniaturista Duke Seifried, a fabricação de miniaturas pela TSR foi encerrada assim que oBattlesystem foi lançado. No entanto, a TSR continuou apoiando-o fortemente durante o resto da era do AD&D 1ª Edição, utilizando-o em vários módulos.

A TSR reutilizou o nome original do sistema na primeira aventura do Battlesystem: BloodstonePass(1985). Mines of Bloodstone (1986) e Bloodstone Wars (1987) algumas das aventuras épicas mais famosas da TSR, foram lançadas logo em seguida.

Enquanto isso, a TSR já estava contando uma história épica de guerra em suas aventuras Dragonlance, então as regras do Battlesystem foram uma adição natural a essa linha de suplementos. Dragonsof War (1985) incluiu uma batalha para manter uma passagem, enquanto DragonsofDeceit (1985) introduziu uma guerra aérea. Dragons of Faith (1986) e Dragons of Triumph (1986) também incluíram material de Battlesystem.

Finalmente, as regras de Battlesystemapareceramemalguns outros lugares,Swords of the Iron Legion(1988), The Book of Lairs (1986) e Red Arrow, Black Shield ( 1985) entre eles. A última aventura foi notável porque era uma aventura de Basic D&D sobre uma guerra épica que englobava a maior parte do Known World;ela incluía estatísticas para ser usada tanto com War Machine como com as regras do Battlesystem–mostrando como as regras doBattle system estavam ofuscando a inovação original do War Machine.

Do Battlesystem ao War World: 1989-1995

Quando David “Zeb” Cookrevisou o AD&D 2ª Edição (1989), ele enxugou e simplificou o sistema de jogo. Douglas Niles fez a mesma coisa quando relançou as regras de combate em massa do AD&D como oBattlesystemMiniatures Rules (1989). Como o próprio nome revela, as regras mais recentes também se concentravam em miniaturas;e embora TSR ainda não estivesse produzindo suas próprias miniaturas, uma linha de cada vez maior da Ral Partha estava disponível.

Infelizmente, a segunda edição do Battlesystemnão recebeu tanta atenção quanto a primeira. Os livros de AD&D com regras para Battlesystem agora eram menos frequentes e mais dispersos. Ainda assim, você podia encontrar as estatísticas para o Battlesystem em livros como Time ofthe Dragon (1989) de Dragonlance, The CastleGuide(1990) e o suplemento Castles (1990). Além disso, uma esfera de magias de guerra ligada ao Battlesystem foi introduzida no Tome of Magic (1991).

A TSR fez sua última grande tentativa de emplacar o Battlesystem em 1991 com três grandes lançamentos:

  • HordeCampaign (1991) revisitou o evento ForgottenRealms’Empires(1990), onde uma horda semelhante aos mongóis invadiram as terras civilizadas. Ele detalhava todas as grandes batalhas do evento com estatísticas do Battlesystem.
  • BattlesystemSkirmishes (1991) apresentou a terceira revisão das regras vistas no livro do Battlesystem, mas reduziu a escala para que cada figura agora representasse um personagem, e não dez. Isso efetivamente trasnformou o Battlesystemem um sistema simplificado de combate para AD&D, ao invés de um sistema de combate em massa.
  • Finalmente, a TSR lançou um novo cenário de campanha destinado a empregar o Battlesystem, e assim lhe dar suporte continuo. O cenário seria chamado originalmente de “War World”, mas que acabou por ser lançado como Dark Sun (1991).

A ideiadeDark Sunser um mundo constantemente em guerra foi levada a cabo em seus primeiros lançamentos. Em Freedom (1991), o Battlesystem foi usado para as rebeliões, enquanto que emRoad toUrik(1992), ajudou a dar vida a uma guerra entre cidades. Finalmente, Dragon Kings(1992) deu a oportunidade para guerreiros de nível alto recrutarem tropas de Battlesystem. Depois disso,o Battlesystemfoi desaparecendo lentamente tanto de Dark Sun quanto do restante da linha de AD&D.

Hordes of Dragon spea rCastle (1992) foi um dos últimos grandes lançamentos que contaram com o Battlesystem, apesar dele continuar a ser mencionado na revista Dragon até o nº 217 (maio de 1995).

Durante seu auge, as regras doBattlesystemproveram uma ligação estreita entre batalhas épicas com as regras de AD&D. No entanto, a TSR nunca esteve satisfeita com o grau de sucesso do sistema. Na época em que Player’s Option: Combat & Tactics (1995) foi publicado, a TSR decidiu claramente que o sistema tinha chegado ao fim, uma vez que esse livro de regras variantes apresentou suas próprias regras de combate em massa.

O Mundo do Birthright: 1995-2000

Embora o fim das edições do Battle system marcou o fim de uma era para as batalhas épicas do AD&D, ele também abriu a porta para outro assume o seu lugar. O War Machine já havia provado que as batalhas em D&D podiam ser travada sem um nível estratégico, e foi por isso que a TSR retornou a elas no mundo de Birthright.

O BirthrightCampaign Setting(1995) foi bastante inovador pelo fato de que os personagens dos jogadores não eram apenas heróis, em vez disso eles eram reis que governaram seus próprios domínios. O sistema de simulação de Birthright apresentava aos jogadores uma variedade de “ações de domínio” que eles podiam usar para influenciar o futuro de seu reino – e uma dessas ações era “Declarar Guerra”.

Isto permitiu um tipo diferente de integração entre o sistema de batalha campal e D&D. Enquanto oBattlesystem permitia que os jogadores influenciassem as batalhas, Birthrightse focava nas batalhas que influenciavam os domínios que os jogadores governaram. As unidades representmav cerca de 200 soldados, e não apenas dez, e cada turno durava uma semana! Embora os jogadores pudessem interagir com as batalhas, era apenas em uma escala maior. Birthright era principalmente sobre os reinos – e por isso combinava com o tipo de batalhas épicas encontradas em grande parte da literatura de fantasia.

Birthright recebeu suporte até 1997, com cerca de trinta suplementos e romances lançados. Ele retornou com alguns livros digitais até 2000. Durante sua existência, ele sempre foi elogiado como uma das abordagens mais inovadoras de D&D sobre guerras.

Dias de Miniaturas: 2001-presente

No século 21, a Wizardsofthe Coast produziu vários wargames de fantasia. Chainmail (2001) foi baseado nas regras da 3ªEdição. Ele foi reformulado como D&D Miniatures (2003), que oferecia um jogo mais integrado com a 3ª Edição. Com o advento da 4ª Edição (2008), D&D Miniatures foi revisado com uma nova edição de regras (2008). Após a linha Miniaturesterminar em 2011, DungeonCommand (2012) a substituiu para oferecer uma nova abordagem sobre o combate. Cada jogo recebeu miniaturas como suporte: miniaturas sem pintura para Chainmail e miniaturas de pré-pintadas para o restante.

Apesar de que esses jogos usavam regras baseadas em D&D, eles não se integravam com as regras de D&D da mesma maneira como War Machine, Battlesystem e Birthright. Em vez disso, eles eram jogos diferentes, mais focados no combate.

Houve uma tentativa de integração: The Miniatures Handbook (2003), que incluía algumas regras para classes de líderesmilitaresda Edição 3.5 de D&D e algumas regras para a conversão de monstros de D&D em D&D Miniatures. Ainda sim, era uma integração bastante limitada; no século 21, as batalhas épicas se concentraram em batalhas entre miniaturas ao invés de sua contraparte deinterpretação.

Por quarenta anos, a D&D vem flertando com a arte da guerra. A grande variedade de sistemas de guerra sugere que há um monte de maneiras de simular as guerras épicasda fantasia – e que há um interesse contínuo em fazê-lo. Alguns destes suplementos sobre a guerra agora estão disponíveis em DnDClassics.com, principalmente as linhas Dark Sun e Birthright, que oferecem duas visões distintas de batalhas épicas em D&D na década de 1990.

Link para o artigo original:

http://www.wizards.com/DnD/Article.aspx?x=dnd/4alum/20140321

Traduzido e adaptado por Rafael Silva

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