Forgotten Realms – Os Reinos Esquecidos: Máscaras dos Dragões


Como, onde e quando os Reinos Esquecidos começaram? O que é o cerne da criação de Ed Greenwood, e como é que o Grão-Mestre dos Reinos usa seu próprio mundo quando ele prepara aventuras de D&D para os jogadores de sua campanha? “Forjando os Reinos Esquecidos” é uma coluna semanal na qual Ed responde a todas essas perguntas e muito mais.

Embora muitas lendas contem (tentadoramente pouco) sobre antigas e poderosas máscaras de dragão, assim chamadas por sua associação com as cores específicas de cada dragão cromático (uma Máscara do Dragão Branco, uma Máscara de Dragão Vermelho, e assim por diante), muitas máscaras mágicas relacionadas com dragões foram criadas através das eras.

Algumas delas afastam os poderes da baforada de um dragão, algumas exercem certa influência sobre dragões, algumas tentam duplicar os poderes draconianos, e outras simplesmente evocam a aparência e a imponência dos dragões na tentativa de impressionar.

Como o aventureiro Avaerl Throneborn disse certa vez (falando de aranhas, mas suas palavras poderiam aplicar-se a máscaras de dragão facilmente): “No calor da batalha, quando tua espada arranca do inimigo um troféu, e tu o seguras ainda gotejando sangue pelos poucos instantes antes que o próximo atacante venha para cima de ti, é difícil discernir detalhes específicos do que tu estás segurando, tudo se torna um amontoado de sangue, morte e perigo”.

Ou, para ser franco, todas essas máscaras de dragão são perigosas, porque o Culto do Dragão procura por todas elas, e eles querem eliminar qualquer pessoa que possa conhecer os segredos de como usá-las. A seus olhos, isso inclui qualquer um que possua ou já possuiu uma. Esteja avisado.

Máscaras Focinhentas

Vistas pela primeira vez por aventureiros que lutavam para livrar seus caminhos das garras dos inúmeros monstros do reino bestial de Veladorn, essas máscaras lembram as cabeças protuberantes dos chifrudos dragões negros, apenas com a cabeça e longos dentes alinhados como a metade superior do crânio de um crocodilo (a metade inferior está faltando, deixando o queixo e a garganta de quem as usa à vista). Estas máscaras são geralmente equipados com tiras fortes, largas e flexíveis para mantê-las firmes – e pelo menos duas foram vistas sendo usadas com um gorjal (placa de armadura para a garganta).

O portador de uma máscara focinhenta pode assumir a forma de um dragão negro do menor tamanho ou uma estátua de mármore desse tipo de dragão, do mesmo volume de seu próprio corpo ou maior, mas esta ilusão “desmorona” e cai no momento em que ele se mover (em outras palavras, é apenas uma tática para se esconder). O efeito é inteiramente ilusório; sob a ilusão, o portador é completamente inalterado e não pode sequer ver a ilusão (ele “vê através dela” como se não estivesse ali).

Esta ilusão parece ser um efeito colateral desse tipo de máscara, assim como sua capacidade automática e contínua para mascarar o cheiro do portador, mesmo que ele esteja sangrando ou fedendo após contato com excrementos, lama de pântano, ou outra impureza. O verdadeiro propósito de uma máscara focinhenta, no entanto, parece ser o comando limitado sobre répteis concedido ao portador, o que lhe permite afastar répteis e empurrá-los para se moverem numa direção específica (um poder normalmente usado para colocar os répteis em conflito com outras criaturas que entram em seu caminho quando ocorre esse movimento forçado). A máscara parece ser eficaz contra todos os tipos de répteis, exceto os sencientes, cuja força de vontade é tão forte quanto a do portador de máscara, e ela funciona contra até uma dúzia de répteis de uma só vez.

Quem criou as primeiras máscaras focinhentas e por que só pode ser conjecturado, mas elas são numerosos; pelo menos quarenta e provavelmente o dobro desse número circulam e estão em uso corrente.

Máscaras do Mestre

Antigamente, no então novo reino de Thay (cerca de 926-946 DR), floresceu brevemente um Mago Vermelho (pelo nome de Harglupt Thlarlamn) que se autodenominava o Mestre dos Dragões. Ele afirmava ter domado mais de uma dúzia de dragões, e, como prova, muitas vezes montou um grande dragão negro como seu corcel alado. Ele vendeu vários dragões treinados como montarias aéreas para vários magos poderosos. Acredita-se que o primeiro e mais gigantesco foi um dragão negro de propriedade da Manshoon dos Zhentarim, vendido por Thlarlamn a um mago pouco conhecido chamado Varaunt, que foi brevemente tutor de Manshoon, e que por sua vez, deu ou vendeu o dragão para o então recém-confirmado Primeiro Lorde do Forte Zhentil.

O Mestre dos Dragões usava uma máscara que lhe cobria toda a cabeça e se assemelhava muito à cabeça bicuda de um dragão branco (com olhos de esmeralda e tudo) sempre que ele estava em público, e ele possuía várias dessas máscaras (porque uma foi explodida de sua cabeça e queimada em um duelo de magia, e ele a substituiu “no espaço de seis respirações”, de acordo com uma testemunha impressionada, com algum tipo de invocação). Thlarlamn, dizem os rumores, teria escondido suas máscaras de dragão em esconderijos espalhados por vários lugares altos (cavernas, saliências ou fendas no topo de montanhas) dentro e perto de Thay. Depois que ele morreu em um duelo com um Mago Vermelho rival em 946 DR, sua torre foi saqueada, mas nenhum de seus esconderijos jamais foi encontrado – ou pelo menos nunca se teve notícia de qualquer pessoa encontrar um deles.

Uma máscara de placas totalmente fechada sobre a cabeça do usuário numa “perturbadoramente realista, só que menor do que a real,” cabeça de dragão branco foi vista sendo usada por um mago em Raurin durante uma batalha mágica em 1354 DR, e uma máscara idêntica – ou a mesma máscara – foi colocada à venda (por uma quantia fantástica, que foi paga por um comprador encapuzado desconhecido) no verão de 1358 DR em leilão realizado por um nobre empobrecido no interior de Chessenta. A partir daí, vários relatos de tais máscaras sendo vistas em torno de Vilhon e em Innarlith e Scornubel vieram à tona durante as próximas duas décadas – e, muito menos frequentemente, ao longo do tempo desde então.

Os poderes precisos das máscaras do Mestre não são conhecidos, mas acredita-se que seja possível impregná-las com vários efeitos mágicos que podem ser desencadeados pelo portador por um ato de vontade como sopros de dragão – descargas de efeitos de feitiços que diferem do sopro natural dos dragões de todos os tipos conhecidos. Também há rumores de máscaras terem protegido usuários contra ataques à base de frio.

Máscaras de Maaril

O infame Maaril “Dracomago de Águas Profundas” foi um mago profundamente interessado em dragões. Um maligno e excêntrico recluso da Cidade dos Esplendores, Maaril por muito tempo empunhou o Cajado Draconiano de Ahghairon (mantendo-o, em parte, porque o Lorde Mago de Águas Profundas, Khelben “Cajado Negro” Arunsun, queria que ele o fizesse, por razões ainda não reveladas). Ele era conhecido por ser implacável nas suas relações com outros bruxos, tendo matado muitos que o desafiaram ou tiveram desentendimentos com ele – mas ele ficou louco durante a Praga Mágica, desapareceu, e presume-se que tenha perecido.

Rumores recentes dão conta de que ele parece ter enlouquecido e morreu – na medida em que perdeu seu corpo – mas sua consciência, demente e maliciosa, continua viva, escondida em meio a uma dúzia de máscaras de dragão por ele criadas e enfeitiçadas, para serem usadas por seus servos. Lendas dão conta de uma série de belas mulheres tímidas aprendizes da Torre do Dragão, mas ele sempre teve pelo menos dois aprendizes a cada vez: uma companheira feminina e um principiante masculino de poderes incipientes. Os machos, Maaril enviava para a cidade, muitas vezes à noite, para executar pequenos serviços, pegar e pagar por compras que tinham arranjado em incursões anteriores, entregar mensagens (muitas vezes ultimatos) de seu mestre para vários mestres de guilda e lojistas, espionar, e às vezes fazer algum trabalho sujo. Do lado de fora da torre de Maaril, esses agentes estavam sob ordens de usar e nunca remover suas máscaras de dragão, que eram “rígidas” (uma concha endurecida pintada e esculpida em couro sobre uma camada de metal) representações da cabeça espinhada de um dragão verde, mas da cor ardósia cinza, com lentes vermelho-rubi translúcidas, seguradas por uma cinta de cabeça ajustável com tiras de queixo e pescoço para que a máscara pudesse ser removida se necessário.

Os encantamentos sobre essas máscaras permitiam que Maaril visse pelos olhos do portador e falasse com ele, fazendo saber sua vontade como palavras ouvidas apenas dentro de sua cabeça. Ele também podia ouvir tudo que um usuário visse ou ouvisse. Supostamente, as máscaras não lhe davam maior influência sobre a vontade do usuário. Relatos divergem sobre se Maaril poderia lançar magias à distância por meio de suas máscaras, mas Elminster diz que registros que ele viu (observações escritas por aprendizes de Khelben) afirmam que a Dracomago não podia lançar magias dessa forma, mas poderia “pré-carregar” uma máscara com um único feitiço que um usuário poderia lançar com uma palavra de comando ou quando condições predefinidas se cumprissem.

Há rumores recentes de que Maaril sobrevive como um intelecto demente e poderoso que pode dominar as mentes de alguns usuários de suas máscaras, forçando-os a fazer sua vontade, lançando magia por deles, e falando através de suas bocas. O que sobrou de Maaril é cruel, caprichoso, e dado a chegar e desaparecer de repente, não se importando nem um pouco com a segurança dos portadores das máscaras.
A Torre do Dragão foi saqueada mais de uma vez desde o desaparecimento de Maaril. Suas máscaras de dragão foram todas levadas, e agora estão espalhados pelos reinos ocidentais; pelo menos duas permanecem por perto de Águas Profundas, e pelo menos uma viajou longe e foi parar em Sembia.

A Máscara Sussurrante

Essa máscara oca branco-marfim parece feita de osso polido, e tem o tamanho e a forma exatas de parte do crânio de um enorme dragão vermelho. Alguns sábios acreditam que ela é composta de muitos ossos reais de dragão vermelho, fundidos para formar a metade superior do crânio de um dragão vermelho.

A Máscara Sussurrante é senciente, existe desde pelo menos o início dos anos 1200s DR, e voou sobre Faerûn durante todo esse tempo, perseguindo fins desconhecidos.

Ela pode voar com grande precisão e silêncio absoluto, geralmente deslizando de sombra em sombra ocultando-se ou movendo-se à noite. Ela flutua em repouso por longos períodos, observando ou à espreita, e geralmente se manifesta aos mortais solitários quando deseja sussurrar para eles – ou para assustar ou manipular. Ela fala a maioria dos idiomas humanos e os dos elfos, anões, gnomos e halflings, bem como a linguagem dos dragões, e a maioria dos sábios acredita que ela contém a consciência de um dragão – ou talvez seja o mensageiro de um deus dragão, ou o remanescente de um deus dragão.

Seja o que for a máscara realmente, ela parece ter um senso de humor malicioso, e se deleita em manipular seres inteligentes, em particular os governantes, nobreza, e os indivíduos que podem manifestar a magia arcana. Dá-lhes advertências sobre seus inimigos, sugestões de intrigas que acontecem ao seu redor, e sugestões sobre ações que possam beneficiá-los. Ela evita dar seu próprio nome ou revelar seus motivos, desviando-se de questões tão habilmente quanto um eloquente cortesão veterano. O que quer que ela esteja tentando alcançar, ela mantém a si mesma.

Mais de um soberano e espião Harpista provocou Elminster dizendo que a Máscara Sussurrante parece operar exatamente como ele, mas ele nega qualquer ligação com a máscara ou ter alguma vez falado com ela, alegando que ela parece não apenas evitá-lo, mas energeticamente fugir e esconder-se dele. “Mais um mistério deste mundo”, acrescenta ele sombriamente, “que nos faz continuar.”

Sobre o autor
Ed Greenwood
é o homem que lançou
Forgotten Realms, os Reinos Esquecidos, em um mundo desprevenido. Ele trabalha em bibliotecas, e ele escreve fantasia, ficção científica, horror, mistério e histórias de romance (às vezes todos no mesmo livro), mas ele é mais feliz quando está escrevendo mais e mais e mais Conhecimento dos Reinos. Ele ainda tem espaço em sua casa para pilhas e pilhas de papel.

Tradução: Marcello Larcher
Equipe REDERPG

Link para o artigo original: http://www.wizards.com/DnD/Article.aspx?x=dnd/ftr/20140618

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