D&D 5ª Edição: Conselho do Sábio: Talentos

Muitas vezes queremos customizar nossos personagens, mas não encontramos o que procuramos nas opções de classes. Em situações como essas, os talentos são uma ótima solução.

Na coluna Conselho do Sábio (Sage Advice) desse mês vamos falar sobre algumas questões pertinentes sobre alguns talentos, lembrando sempre de que estes estão disponíveis para os personagens apenas com a autorização do Mestre. Ao acompanhar as respostas das questões abaixo, tenha em mãos o Livro do Jogador (PHB) aberto no Capítulo 6, “Opções de Customização”. Entre parênteses você vai encontrar as referências às páginas do livro (N.T.: da edição original em inglês, PHB, sem previsão ainda para uma edição em português)

Se você tiver perguntas para um futuro artigo da Conselho do Sábio, por favor, envie-as para sageadvice@wizards.com (em inglês).

PERITO EM BESTA (CROSSBOW EXPERT)

O segundo benefício deste talento contribui para jogadas de magias à distância – isso é intencional? Sim, é intencional. Quando o personagem faz uma jogada de ataque à distância a menos de 1,5m do alvo, ele normalmente sofre desvantagem nessa jogada (PHB, 195). Tal benefício previne que isso aconteça, seja o ataque à distância feito ou não com uma besta.

Ao desenvolver um talento com uso tão restrito quanto esse, consideramos que seria interessante adicionar pelo menos um elemento que pudesse beneficiar um personagem de forma mais abrangente, representando uma qualidade que o personagem transporta de uma situação para outra. O segundo benefício desse talento é um exemplo, assim como o primeiro benefício do talento Mestre em Armas Grandes. Esse elemento no talento Perito em Besta mostra que algumas das qualidades do personagem em um tipo de coisa – bestas, nesse caso – podem ser transferidas para outras coisas.

O primeiro e o terceiro benefícios do talento Perito em Besta transforma uma besta de mão em uma arma semiautomática? A resposta curta é: não.

O primeiro benefício desse talento permite que o personagem ignore a propriedade recarga (PHB, 147) da besta de mão, caso ele tenha proficiência na arma. A vantagem é que o personagem poderá atirar mais de uma vez com a besta de mão, caso possua alguma caraterística como Ataque Extra. Contudo, ele ainda estará limitado pelo fato de que a arma possui a propriedade munição (PHB, 146). Esta define que é sempre necessário carregar a arma com um virote, e que ela não se recarregará sozinha (a não ser que ela seja mágica ou uma invenção de gnomos). O personagem, assim precisa sempre carregar cada virote na arma, um por vez, e fazer isso requer o uso de uma das mãos.

Analisando a questão um pouco mais a fundo, tomemos como base a definição da propriedade munição: “Sacar a munição da aljava, estojo ou qualquer outro tipo de compartimento faz parte do ataque”. Essa sentença nos diz duas coisas importantes. Primeiro, é certo que o personagem estará “sacando” – ou seja, extraindo com uma das mãos – a munição de um recipiente. Segundo, o ato de sacar a munição faz parte de toda a ação de ataque, não necessitando de sua própria ação e não usando a ação livre de interação com objetos do turno do personagem.

E o que isso tudo significa, no caso de uma besta de mão? Significa que Perito em Besta torna possível atirar com uma besta de mão mais de uma vez se utilizado em conjunto com características como Ataque Extra – isso se o personagem tiver munição suficiente e uma mão livre para carregar a arma a cada disparo.

Ao usar o talento Perito em Besta posso atirar com uma besta de mão e depois atirar novamente em uma ação bônus? Sim, pode! Dê uma olhada no terceiro benefício na descrição do talento – ele diz que você pode atacar com uma besta de mão com uma ação de bônus quando fizer uso de sua ação de ataque com uma arma de uma mão. Uma besta de mão é uma arma de uma mão só, então ela pode ser usada para ambos ataques, assumindo que você tem uma mão livre para recarregar a arma entre os ataques.

SORTE (LUCKY)

De que forma o talento Sorte interage com jogadas feitas com vantagem e/ou desvantagem? Usando o talento, você pode gastar um ponto de sorte e rolar um d20 extra em um ataque, teste de habilidade ou jogada de proteção, escolhendo o melhor entre os resultados. A verdade é que não importa quantos d20 há no “mix” de dados lançados. Por exemplo, se você faz uma jogada de ataque com desvantagem, pode gastar um ponto de sorte, rolar um terceiro d20, e então decidir qual dos três dados utilizar. A jogada ainda tem desvantagem, uma vez que o talento não determina que ela seja eliminada, mas você ainda escolhe o dado.

O talento Sorte é um ótimo exemplo de uma exceção a uma regra geral. Esta, no caso, é a regra que determina o funcionamento de vantagens e desvantagens (PHB, 173), enquanto a regra específica é o talento Sorte – e sabemos que uma regra específica se sobrepõe a uma regra geral quando estas entram em conflito entre si (PHB, 7).

INICIADO EM MAGIA (MAGIC INITIATE)

Poderia um conjurador escolher sua própria classe quando ganha o talento Iniciado em Magia? Sim, uma vez que o talento não dispõe em contrário. Por exemplo, se você é um Mago e ganha o talento, poderá escolher a classe Mago e assim aprender dois truques e uma magia de 1º nível de mago.

É possível usar espaços de magia para conjurar a magia de 1º nível aprendida com o talento Iniciado em Magia? Sim, mas somente se a classe que você escolheu com o talento é uma de suas classes. Por exemplo, se você escolhe feiticeiro e seu personagem é de fato um membro dessa classe, a característica Magias que ele possui permite que se use espaços de magia para conjurar magias conhecidas – então, é possível fazer uso desses espaços para conjurar a magia de 1º nível de feiticeiro escolhida por meio do talento Iniciado em Magia. Da mesma maneira, se você é um Mago e escolhe a mesma classe com o talento, aprende a magia de 1º nível e pode adicioná-la ao grimório e prepará-la quando quiser.

Em resumo, você deve sempre seguir as regras normais de conjuração de magias de seu personagem, que determinam quando é possível gastar espaços de magia para conjurar a magia de 1º nível aprendida com o talento.

MESTRE EM ARMAS DE HASTE (POLEARM MASTER)

A primeira frase do talento fala sobre armas de alcance e um benefício para o bastão. No caso, o bastão transforma-se em um arma de alcance se o personagem possui o talento? Não, o talento apenas dirá se o bastão ganhará ou não a propriedade alcance.

É possível adicionar o modificador de Força ao dano do bônus de ataque que o talento Mestre em Armas de Haste concede? Sim! Se você possui o talento e usa sua ação Atacar com uma glaive, alabarda ou bastão, você pode também golpear com a outra ponta da arma como uma ação de bônus. Neste ataque, você adiciona seu modificador de habilidade à jogada, da mesma forma quando ataca com aquela arma, e se o ataque acerta, adiciona o mesmo modificador de habilidade à jogada de dano.

Uma regra específica, como a que descreve o combate com duas armas (PHB, 195), poderia quebrar a regra geral ao determinar que não se pode adicionar o modificador de habilidade ao dano. O talento Mestre de Armas de Haste, no caso, não faz essa determinação.

Sobre o Autor

Jeremy Crawford é o chefe designer adjunto da 5ª edição de Dungeons & Dragons, bem como editor-chefe do jogo. Ele foi o designer-chefe do novo Livro do Jogador e um dos coordenadores do Guia do Mestre. Ele já trabalhou em muitos outros livros de D&D desde que chegou à Wizards of the Coast em 2007. Você pode encontrá-lo no Twitter (@JeremyECrawford).

Tradução: Flávio Alfonso Júnior
Equipe REDE
RPG

Link para o artigo original: dnd.wizards.com/articles/features/sageadvice_feats

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