Bestiário Africano (Parte 3 de 3)

Owuo

Conforme prometido, após criar uma lista de criaturas de folclores e mitologias sul-americanas, apresento-lhes a lista de seres fantásticos dos folclores e mitologias africanos. Totalizando 101 criaturas, ela é dividida em três partes. Por favor, aproveite e se inspire.

Quase esqueci de dizer: esta lista foca nos folclores e mitologias da África, deixando de lado criaturas originárias do Antigo Egito ou da Arábia, como os gênios. Eu quis descobrir justamente o que é pouco conhecido.

68) Mumbonelekwapi (Folclore Ajaua) – O nome significa “de quão longe você me viu?”, porque estes anões barbudos têm um complexo em relação às suas alturas. Eles falam esta frase quando chegam perto de alguém, e a pessoa deve responder que os viu de longe, ou arrisca receber um golpe de lança. Eles vivem nas montanhas e são ótimos ferreiros.

69) Ndzoodzoo (Folclore Macua) – Uma criatura com um chifre do tamanho de um cavalo, mas não fica claro se ela se parece com um cavalo ou não. Eu pessoalmente acho um elande de um chifre só uma ideia interessante. O chifre tem setenta e seis centímetros de comprimento. Ndzoodzoos são ferozes e atacam sem necessidade de serem provocados. É curioso que quando dormem ou estão calmos, o chifre fica flexível e se enrola ao redor da cabeça. Mas se forem ameaçados ou ficarem furiosos, o chifre endurece e se torna uma arma. A ndzoodzoo fêmea não tem um chifre.

70) Ngojama (Folclore Pokomo) – Uma criatura vampírica. Se parece com um homem, mas tem um prego de ferro na palma da mão, usada para apunhalar as pessoas que pega e beber-lhes o sangue. Um registro acrescenta um rabo na descrição do Ngojama, e diz que certa vez, um homem tentou civilizar um destes monstros, ensinando-lhe como fazer fogo e cozinhar. Parecia ter sucesso, até que, certo dia, o Ngojama o atacou e o devorou. O povo Galla dá o nome Ngojama a leões comedores de homens, aparentemente sem associação com o sobrenatural.

71) Ngoma-lungundu (Fcolore Venda) – Um tambor sagrado chamado “O Tambor dos Mortos”, considerado a voz divina. Ninguém exceto o rei ou o alto sacerdote podiam tocar ou sequer ver o tambor, que permitia ao rei realizar milagres. O rei Mwali, que se tornou um ancestral-deus, falava através do tambor.

72) Ninginanga (Folclore Malinquês) – Um demônio com chifres e olhos flamejantes que vive nas montanhas. Se o rei local mantém boas relações com o demônio, o mesmo vomita ouro e prata. Se algo amargar a relação entre eles, Ninginanga se enrosca ao redor do rei e o sufoca. Isto parece sugerir que o demônio tem uma forma serpentina.

73) Nkala (Folclore do povo Barotse, atual Zâmbia) – Outro familiar de um bruxo, feito a partir do exoesqueleto de um caranguejo, preenchido por alguma espécie de amuleto ou fetiche. Isto faz com que o familiar seja possuído pelo espírito de um caranguejo, que então se esconde em um rio. Quando a vítima definida pelo bruxo atravessa o mesmo rio, o familiar usa as suas longas pinças para agarrar a sombra da pessoa. O termo dos Barotse para sombra, mwevulu, também significa “alma”. Aparentemente, o familiar come esta sombra, causando a morte da vítima.

74) Nkondi (Folclore Bacongo) – Ídolos encantados que abrigam um espírito capaz de caçar e atacar inimigos, criminosos e bruxos. Eram usados para garantir juramentos ou proteger aldeias de pessoas malignas como feiticeiros. O plural de Nkondi é Minkondi, Zinkondi ou Ninkondi. As figuras são criadas por uma espécie de artesão divino chamado Nganga. Os olhos e a bolsa de remédios da estátua são feitas com espelhos, permitindo que ela enxergue o mundo dos espíritos. Algumas figuras são decoradas com penas, simbolizando a ideia de que elas enxergam o mundo e as suas presas como se fossem aves de rapina.

75) Nkuyu unana (Folclore de Mayombe, no Congo) – Esses monstros são as almas de bruxos que ressurgiram da tumba. São descritos como sendo baixos, talvez por terem as pernas cortadas na altura do joelho, pele completamente negra, uma unha muito longa, cabelo longo e emaranhado. Eles vagam por aldeias desertas e cemitérios, roubando galinhas, amedrontando crianças e, às vezes, atacando pessoas. É possível ouvi-los gemendo e reclamando do frio, ou imitando as vozes de crianças para enganarem alguém. Caso um Nkuyu unana seja morto, deve-se queimar o corpo. Outra tática contra eles é colocar veneno no buraco do qual ele sai ao deixar o seu túmulo.

76) Nommos (Religião Dogon) – Os espíritos ancestrais primordiais do povo Dogon. Descritos como criaturas semelhantes a peixes, anfíbias e hermafroditas. A arte local mostra um tipo de sereia. Termos para se referir aos Nommos são “Mestres da Água” e “Professores”.

77) Nzassi (Folclore do Congo) – Um termo usado tanto para “relâmpago” quanto “trovão”, embora Lu siemo também seja um termo para o relâmpago. Os locais falam de ambos como se fossem pessoas. Por exemplo, dizem que se você está na selva, ouve o trovão e tenta correr, Nzassi vai atrás de você e te mata. Um relato fala que Nzassi tem vinte e quatro cães de caça que atacam quem estiver do lado de fora da casa durante uma tempestade, e incendiando uma palmeira, assim como um raio.

78) Obayifo (Folclore Ashanti) – Um vampiro, que alguns também consideram um tipo de bruxo. Seriam comuns e capazes de habitar os corpos de pessoas. Teriam olhos desonestos e serem obcecados com comida. Quando viajam à noite, emitem uma luz fosforescente das axilas e do ânus.

79) Owuo (Folclore de Togo) – Um gigante canibal, a personificação da morte. O mito conta que o povo, após descobrirem que o gigante comia pessoas, o queimaram. O lar do mesmo continha alguma espécie de remédio que, quando colocado nos ossos que haviam no lar do gigante, ressuscitaram as pessoas que ele havia devorado. Sem querer, alguém deixou um pouco do remédio cair no olho do gigante, e ele abriu. Agora, de acordo com o mito, sempre que o olho pisca, alguém morre. Ele ainda está em algum lugar, piscando.

80) Pégaso Etíope – Esta criatura não pertence aos folclores e mitologias locais, mas foi descrita por Plínio, o Velho, em sua obra chamada “História Natural”. Estes cavalos seriam descendentes do Pégaso original, teriam asas e dois chifres.

81) Popobawa (Folclore Suaíle) – Um espírito maligno, cujo nome significa “asa de morcego”. A forma física do espírito pode mudar, mas a sombra escura que ele cria quando ataca à noite, é a razão do nome. Os Popobawas podem assumir formas de homens e animais. Eles preferem a noite, mas podem ser vistos de dia. Algumas pessoas os associam a um cheiro de enxofre. Quando ele ataca, pode gerar fenômenos paranormais ou simplesmente usar de violência contra as vítimas; mas o que todos temem é caso ele decida violentar homens e mulheres. Este monstro é um tipo de Shetani, visto abaixo.

82) Putchu Guinadji (Folclore Cotoco) – Este fetiche é uma espécie de talismã usado por pessoas sofrendo de loucura ao serem atacadas por demônios. Ele tem a forma de um cavaleiro montado sobre um cavalo, e costuma ser feito de prata. Em casos mais sérios, deve ser envolvido em couro. Ninguém além do seu usuário deve tocar em um Putchu Guinadji, pois os demônios, e portanto a loucura, são transmissíveis.

83) Relâmpago (Múltiplos folclores) – Os povos Pondo, Zulu e Xhosa acreditam no relâmpago como sendo um pássaro chamado Impundulu. As descrições dele são muitas e variadas. O Impundulu é associado a muitos pássaros diferentes por povos diferentes: pássaros negros ou vermelhos, águias ou pavões, penas iridescentes ou brilhantes, do tamanho de uma pessoa ou não, etc. Inclusive existem algumas tribos que pensam no relâmpago como um animal diferente. Por exemplo, os Bushongo acham que ele é Tsetse Bumba, um leopardo todo negro. Já os Lambas acreditam em uma criatura semelhante a uma cabra com as pernas traseiras e caudas de um crocodilo, que desce ao mundo através de uma corda descrita como forte e parecida com uma teia de aranha velha, coberta com poeira.

O Impundulu criaria o trovão ao bater as asas. Quando atinge o chão na forma de um raio, ele deixa um grande ovo que traz má sorte à vizinhança. Um feiticeiro seria necessário para escavar o ovo e destruí-lo, mas aparentemente, a posse do ovo poderia trazer boa sorte. Caso alguém consiga capturar ou matar um Impundulu, pode obter a sua gordura, que tem propriedades mágicas usada para conjurar raios e detectar ladrões.

84) Rompo (Folclore africano e também indiano) – O nome significa “devorador de pessoas”. Essa criatura é um carniceiro que desenterra os corpos de humanos. O Rompo vive em florestas. Cauteloso, anda ao redor da refeição diversas vezes antes de consumi-la. Um monstro quimérico, tem cerca de 90 centímetros de comprimento (sem incluir o rabo), as patas dianteiras de um texugo, parece um urso do quadril para baixo, a cabeça é de uma lebre e a crista é como a de um cavalo.

85) Sasa e Zamani (Folclore Suaíle) – Os Sasas são espíritos conhecidos por pessoas vivas, enquanto os Zamanis são espíritos que ninguém mais conhece. É como se o espírito da pessoa morta ainda tivesse uma espécie de meia-vida limitada pelas lembranças dos vivos. Quando ninguém mais se lembra de um Sasa, ele ou ela se torna um dos Zamanis, que ainda são reverenciados como um todo, sem identidade individual.

86) Shetani (Folclore Suaíle) – O plural é Mashetani. Um tipo de espírito, a maioria deles são malignos, possuem formas diferentes e poderes diversos. Muitos artesãos esculpem Mashetani em ébano ou outra madeira escura africana, incluindo uma ou mais das seguintes características: formas humanas, animais ou combinações das duas; deformações como serem ciclopes, apêndices exagerados, bocas sem dentes e corpos voltados para trás, com a cabeça virada no sentido contrário. Existem diversos tipos de Mashetani: o Ukunduka se alimenta através de relações sexuais; o Shetani Camaleão é uma espécie de réptil carnívoro; o Shuluwele é inofensivo e colhe ervas medicinais para feiticeiros.

87) Sinkinda (Oeste da África) – Um tipo de espírito. O singular é Nkinda. Existem duas teorias sobre a origem deles. A primeira é de que são as almas de pessoas medíocres. A outra é de que são demônios que nunca chegaram a receber uma forma física. Quase todos os Sinkinda são malignos. Eles sentem frio, então entram nas aldeias para se aquecer junto a uma fogueira. Outros podem surgir nas comunidades dos vivos por pura curiosidade. Alguns Sinkinda então possuem os corpos das pessoas, geralmente da sua própria família. Se muitos Sinkinda possuírem o corpo de uma pessoa ao mesmo tempo, ela pode enlouquecer. Caso alguém pergunte, o Nkinda pode responder: “eu sou um espírito da sua própria família, e vim viver com vocês. Estou cansado de sentir fome e frio na floresta. Eu quero fica aqui.” A possessão por um Nkinda pode deixar alguém doente. Alguns Sinkinda, chamados Ivâvi, servem como mensageiros, trazendo notícias distantes como “uma epidemia está vindo” ou “um navio carregando uma fortuna está vindo”. Estes casos são considerados bênçãos, pois o Nkinda tenta ajudar o(s) vivo(s).

88) Subaga (Folclore Bammana de Mali) – Vampiros que conseguem voar, ser silenciosos e sugar a vida das pessoas. O primeiro Subaga foi um homem chamado Kenimbleni, que roubou do feiticeiro Korongo três pós secretos. O primeiro fez com que ele pudesse trocar de pele como uma cobra, tornando-o imortal; o segundo o tornou capaz de voar à noite, como um morcego; o terceiro permitiu que ele conversasse com os pássaros. Depois, Kenimbleni também aprendeu a se transformar em um leão ou um pássaro de garras vermelhas. Os Subaga comunicam-se entre si, usando tambores cobertos com peles humanas.

89) Svikiro (Folclore Xona) – Um espírito ancestral que possui uma pessoa para dar conselhos. Também é o nome do médium que hospeda o espírito. Um tipo de Svikiro são os Mhondoros, espíritos de reis e chefes que normalmente habitam os corpos de leões sem juba.

90) Tibicena (Mitologia Guanche, das ilhas Canárias) – Também chamados de Guacanchas. Um tipo de demônio com a aparência de grandes cães selvagens com olhos vermelhos e um pelo negro longo. Eles viveriam em cavernas sob as montanhas. Estes monstros seriam a prole de Guayota, um tipo de deus maligno ou diabo.

91) Tikoloshe (Folclore Xhosa) – Um monstro peludo semelhante a um babuíno. Os Tikoloshes viviam nos rios, mas agora parecem fazer parte do folclore urbano, sendo vistos até em Joanesburgo. Eles podem ficar invisíveis temporariamente e também sabem como se transformar em uma criança humana, graças aos seus poderes mágicos. Eles têm longas unhas negras, violentam mulheres e pulam nas costas das pessoas para forçá-las a fazer o que eles querem.

92) Ture (Mitologia Azande) – O povo Azande é astucioso e calculista quando conversa: eles percebem o poder das palavras e as usam de forma cautelosa. Eles têm uma forma de falar chamada sanza, em que as palavras e gestos tem significados ocultos, muitas vezes maliciosos. Eles entendem o mecanismo mental chamado por psicólogos de “Projeção”, como que as pessoas geralmente odeiam o que elas acham que odeiam elas.

Simbolizando esta compreensão do ser humano, existe uma figura chamada Ture. Retratada como metade homem, metade animal, um ser social que possui um lado amoral. Ture representa o lado obscuro da natureza humana. Também representa a ideia de que as pessoas são animais forçados pela sociedade a usar máscaras.

93) Tuyewera (Folclore Lamba, Kaonde e Baila) – Um diabrete com cerca de noventa centímetros de altura encomendado de feiticeiros para adquirir fortuna para o dono. Eles se tornam invisíveis e roubam comida de outros para adicionar às reservas do seu mestre. Depois de algum tempo, eles dizem ao dono que estão solitários e querem companhia, então exigem o nome de alguém, e se o dono não disser, o Tuyewera o mata. A pessoa nomeada é morta quando o diabrete suga o seu fôlego enquanto ela dorme. Isto também cria um novo diabrete. O mestre tem que nomear novas vítimas de tempos em tempos, ou ele será a próxima.

O povo Baila chama essas criaturas de Tuyobela, acreditando que elas são os fantasmas de homens e mulheres mortos por bruxas e então conjurados na forma de um espírito maligno, mas físico o suficiente para morder pessoas. Os Tuyobelas têm a cabeça virada ao contrário e são usados para envenenar, causar doenças e matar.

94) Umdhlebi (Folclore Zulu) – Uma árvore perigosa e feia. As folhas são de um verde-escuro, reluzentes, duras e quebradiças, enquanto a fruta é uma vagem escura com a ponta vermelha. Esta planta é capaz de envenenar qualquer pessoa que se aproxime. Os sintomas são uma forte dor de cabeça, olhos vermelhos, delírio e morte. Existe a crença de que algumas pessoas são capazes de colher as vagens que caíram ao chão, mas apenas caso se aproximem pelo lado que o vento sopra. Elas também sacrificam um animal para o demônio vivendo dentro da árvore. As vagens colhidas podem ser usadas para criar um antídoto contra o veneno da árvore. Ela cresce em solo rochoso e infértil, mas existe um arbusto com as mesmas características que cresce em solo fértil.

95) Umvoku (Folclore Zulu) – Uma combinação de morto-vivo e familiar de um bruxo. Esta criatura é criada a partir de um cadáver, tornando-se da altura de uma criança e incapaz de falar, exceto por uma espécie de grunhido. Isto é porque o bruxo corta a língua dele, para evitar que o Umvoku divulgue os seus segredos. O ritual para criá-lo parece incluir uma agulha incandescente inserida na testa. Um dos propósitos deste morto-vivo é envenenar pessoas em uma aldeia. Existe uma crença similar à do Banshee irlandês: ver um Umvoku é sinal de que alguém vai morrer, e que os parentes de alguém doente devem desistir da ideia de que a pessoa se recupere. Um relato diz que o Umvoku é capaz de manipular a grama para que ela se enrosque ao redor das pernas de uma pessoa. Outro possível poder dele é que, caso alguém diga o seu nome, ele corta a garganta da pessoa e a transforma em um outro Umvoku.

96) Urso Nandi (Folclore do leste africano) – O nome “Nandi” vem do povo Nandi, que vive no Quênia. Como o nome indica, é semelhante a um urso de pelagem escura, ou marrom-avermelhada com uma listra branca. O seu rugido seria similar a uma espécie de gemido. Um relato inclui orelhas grandes. A criatura é popular entre criptozoologistas, que a associaram a diversas criaturas folclóricas e lendárias desta lista, como o Lukwata e o Dingonek. Outra possível forma do Nandi é de que seja um tipo de babuíno gigante.

97) Usilosimapundu (Lenda dos Zulus) – Esta criatura é basicamente uma ilha ou região inteira sobre pernas, “uma terra que se move”. A sua descrição fala que, no seu dorso, há áreas passando pelo inverno, enquanto outras estão na estação da colheita. Nas costas de Usilosimapundu, encontramos colinas, rios, terras altas e precipícios. Grande assim, é até capaz de ser um continente ambulante, podendo simbolizar a crença de que o mundo é um grande animal sobre o qual as pessoas vivem. Por outro lado, em dado momento, ela consegue se esconder atrás de um morro. O seu tamanho parece depender da narrativa, então caso a use em algo, sinta-se livre para fazê-la tão colossal quanto achar melhor. O rosto é uma grande rocha, com olhos e uma larga boca vermelha. A criatura possui um rebanho de gado, mas não é claro se ela precisa destes animais para algo. O dorso dela também tem duas árvores “mais altas do que o resto”, que são alguma espécie de subalternos de Usilosimapundu.

98) Vazimba (Folclore de Madagascar) – A crença popular é de que estes pequeninos foram os primeiros habitantes da ilha. Algumas pessoas acham que isto tem um fundo de verdade, teorizando que existiu um povo pigmeu vivendo lá antes dos povos atuais. Existem muitas histórias, tradições e crenças a respeito dos Vazimbas em Madagascar. Alguns acham que eles não eram humanos, mas espíritos ou monstros que assombravam certos lugares como rios e rochedos. Vazimbas teriam o costume de submergir os seus mortos em certos brejos, e que tais lugares são sagrados, atraindo peregrinos que fazem sacrifícios. Os Vazimbas sempre são menores do que pessoas comuns, tendo pele muito pálida ou muito escura. Alguns mencionam rostos alongados com grandes lábios que escondem dentes afiados, e que Vazimbas não podem tocar objetos que entraram em contato com sal, e é proibido levar carne de porco ou alho a lugares com tumbas Vazimbas.

99) Wokulo (Folclore dos Bammanas, de Mali) – Eles são espíritos com a aparência de anões com menos de um metro de altura. Têm cabeças grandes e cabelo abundante, mas são quase invisíveis, embora eu não tenha conseguido descobrir o que falta para a invisibilidade ser completa. Wokulos roubam comida das cozinhas das pessoas. Eles conseguem ver através de paredes e árvores. Também são tão fortes que conseguem arremessar um homem. Os pés são ao contrário, como no caso do Curupira. Um Wokulo pode viver por mais tempo do que uma pessoa, mas ele não é feliz porque os Wokulos são escravos do diabo chamado Dume.

100) Yumboes (Folclore Uolofes) – Os espíritos dos mortos. Eles têm cerca de sessenta centímetros de altura e têm a pele pálida. Eles formam relacionamentos com certas famílias e, caso alguém da mesma morra, dançam no túmulo para lamentar a perda. Eles vivem no subterrâneo das colinas Paps. Os locais contam histórias de pessoas que foram recebidas nos lares magníficos dos Yumboes, em mesas ricamente adornadas, e como não era possível ver nada dos Yumboes exceto as mãos e pés. Eles roubam cereais das pessoas, mas pescam por conta própria. Eles gostam de enterrar vinho de palmeira (feito com a seiva da palmeira) até que fique amargo, para então bebê-lo enquanto tocam tambores nas colinas.

101) Zangbeto (Religião Ogu de Benim, Togo e Nigéria) – Uma sociedade secreta que também serve à comunidade como uma polícia sobrenatural. Eles são os guardiões da noite, trazendo lei e ordem, encontrando ladrões e bruxos que são então apresentados à comunidade para serem punidos. Quando estão em um transe, possuem habilidades mágicas, como engolir vidro sem sofrer nada ou assustar bruxos. Eles aparentemente invocam um poder que habitava a terra antes da vinda do homem e são uma fonte de sabedoria para o povo de Benim. Eles usam uma fantasia feita de palha e uma máscara, mas quando estão assim, se acredita que não há nada sob a fantasia além de um espírito noturno.

“Há muito que permanece a ser conhecido, e sou forçada a deixar muito do que foi registrado intocado. Eu creio que o que foi dado aqui será suficiente para mostrar que a noção de África como um continente sem história, poesia, ou mitologia merecedora do nome é totalmente errôneo.”
– Alice Werner, Mitos e Lendas dos Bantus, 1933.

Primeira parte: rederpg.com.br/2020/10/21/bestiario-africano-parte-1-de-3/

Segunda parte: rederpg.com.br/2020/10/28/bestiario-africano-parte-2-de-3/

Bruno Kopte é membro da equipe REDERPG. Junto com Felipe Salvador, desenvolve o cenário de fantasia Atma, encontrado aqui.

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