Descent: Lendas da Escuridão (resenha)

E aí, galera, suave? Hoje eu quero falar sobre este grande (literalmente) jogo de tabuleiro, Descent: Lendas da Escuridão, que chegou ano passado pela Galápagos Jogos. Vamos falar sobre os componentes e sobre o jogo em si.

Componentes

Aqueles que, como eu, estão acostumados a assistir unboxing de jogos de tabuleiro, já notaram logo a diferença deste jogo: a caixa gigante com uma parte separada para guardar componentes 3D, mas, esta parte da caixa vem vazia…

Pois é, o jogo possui sim, componentes 3D como baús, escadas e até mesmo o esqueleto de um dragão, mas as peças são cartonadas e é você mesmo quem monta! Por que não usar peças feitas em 3D como as miniaturas?

Então, muita gente falou sobre isso, cada um com suas teorias, a que eu achei mais crível é que o jogo já é grande e pesado e, assim, tais peças fariam o jogo pesar ainda mais, encarecendo o frete e dificultando o transporte.

As 41 miniaturas são ricamente detalhadas, o Centurião (a maior miniatura do jogo), vem desmontado para facilitar a pintura (a base, o monstro e as asas), mas todos os componentes são montados apenas com encaixes, sem precisar usar cola.

A caixa do jogo facilita a organização, apenas os marcadores exigem algum arranjo do dono do jogo, como a utilização de ziplocks ou de caixas organizadoras, mas quem joga muitos jogos de tabuleiro já está acostumado com essa inconveniência. As cartas vêm em 3 ziplocks (nos quais cabem todas as cartas do jogo, mesmo se forem sleevadas) e vêm 8 sleeves para as 6 cartas que, obrigatoriamente, precisam ser usadas juntas, e o marcador de pontos de vida para os personagens, que é muito prático.

As miniaturas vêm organizadas em nichos que impedem que se movam muito durante o transporte, com exceção do Centurião que, como vem desmontado, seu nicho não serve após montado, mas vem à parte dos outros nichos e você pode guardá-lo facilmente entre a caixa para os componentes 3D.

A caixa é grande, mas funciona como duas caixas separadas, sendo a caixa superior a tampa da caixa inferior e, infelizmente, não há uma segunda tampa que possibilite levar as caixas separadas (o que seria muito prático, como se vê no projeto da big box do jogo de tabuleiro do The Witcher).

Além de tudo isso, o jogador precisa de um celular ou de um computador para jogar. Sim, tal ferramenta não é um facilitador, mas, sim, parte do jogo. Falarei sobre isso logo adiante, quando falar sobre a experiência de jogo.

Mas e o jogo? É bom?

O jogo é um jogo cooperativo, de campanha (mas não é um jogo do tipo legacy) mediado por um aplicativo para 1 a 4 jogadores.

A campanha possui 14 fases obrigatórias e duas opcionais, além de eventos narrativos (onde não se joga no tabuleiro, apenas se tomam decisões a partir das situações propostas).

Os personagens vão evoluindo conforme se joga com eles, onde, a partir da segunda fase em diante, cada personagem possui algumas tarefas (chamadas de Proezas, coisas como abrir 8 baús ou atacar dois inimigos em uma mesma rodada 12 vezes), para termos acesso a novas perícias ou outros benefícios. A experiência é comum a todos os personagens, mas os benefícios ganhos através das Proezas, que é o que realmente evolui o personagem, dependem de requisitos. Sendo assim, um personagem que não é utilizado não evolui.

Como eu disse, o jogo é para 1 a 4 personagens, mas conta com 6 personagens que podem ser (e aconselho que sejam) trocados entre cada fase. Como dito antes, não é um jogo legacy, você não rasga componentes ou muda regras durante a campanha, mas os personagens ganham acesso a novas armas e perícias durante a campanha. Não é algo necessário, e até atrapalha se você jogar mais de uma campanha paralelamente, mas eu aconselho a organizar os componentes que foram ganhos e separá-los dos que o grupo ainda não possui para acelerar a preparação. Eu guardava um envelope individual para as perícias e as armas de cada personagem, mais um envelope com as cartas comuns, como poções e armaduras.

Outra coisa importante de ser mencionada, diferente de jogos como o Zombicide, onde o tabuleiro é completamente montado antes do início da partida, o tabuleiro de Descent vai se expandindo conforme o grupo avança, é importante separar uma grande área para jogar. Eu jogava em uma mesa retangular de 1 por 1,8 m e, frequentemente, precisávamos mover o tabuleiro do personagem ou empurrar e puxar o tabuleiro do jogo durante a partida. Não é fácil mover os personagens depois da partida ser iniciada, pois cada carta de herói, cada perícia e a arma do personagem podem receber alguns marcadores, e precisam ser movidos com bastante cuidado. Pessoalmente eu criei um pequeno tabuleiro do herói para facilitar este processo.

Sobre o aplicativo, ele é parte do jogo, você concilia a mesa com o app, ele decide os alvos dos vilões, controla a vida dos monstros, sorteia aleatoriamente o ferimento do personagem e revela, lentamente, o cenário durante a campanha (outra dica para acelerar o gameplay é manter os tabuleiros do cenário em ordem numérica, facilita na hora de expandir o tabuleiro).

Às vezes o aplicativo buga, é bem raro, mas acontece. Só que ele grava o jogo a cada rodada, o que ajuda se você precisar desligar e ligar. Caso você seja derrotado em uma fase, você não volta a jogar ela: a derrota faz parte da campanha. A única fase que você tem a obrigação de vencer é a final! Caso perca na última fase, você precisa voltar a ela do zero, nada é contado, e ela é grande…

Todas as fases, menos a primeira e a última, possuem um personagem obrigatório, ele é o centro dessa história, assim, todos os personagens ganham certo protagonismo e você vai conhecendo as histórias de cada um deles. Cada personagem possui dois atributos de personalidade (como coragem e justiça, por exemplo), e suas decisões contam pontos, mas não percebi uma grande diferença no jogo em relação a elas. Às vezes, também, você precisa tomar decisões que alteram a partida, geralmente estas escolhas são feitas pelo personagem protagonista da fase ou são tomadas em grupo, essa interatividade é muito legal. Inclusive, antes e depois de cada partida, há um evento narrativo no caminho onde o grupo ganha algo.

As regras são bastante simples, o jogo é fácil de jogar (e de dificuldade também), e o app ajuda até na hora de consultar o campo de visão no cenário.

O ponto negativo no app é que o save não tem um fácil acesso, perto do final da campanha eu tive que pedir ajuda a um amigo que me indicou um fórum da steam, porque mudamos de computador, se não conseguíssemos resgatar o save point, teríamos que voltar ao começo, depois de 4 meses de jogo. Sim, se alguma coisa acontecer e você não mais tiver acesso ao save, não há como começar avançado, vai ter que jogar tudo de novo!

Sobre o gameplay em si, tem alguns canais no YouTube, alguns até em português, onde vocês podem ver o jogo. Acho que vale a pena antes de investir os R$1.399,99 no jogo. Sim, o preço é bastante salgado…

Considerações Finais

Bem, o jogo é bastante divertido, para quem gosta de jogos cooperativos, ele fica bonito na mesa, em razão dos elementos e do tabuleiro 3D (é possível ver fotos do jogo e de muitas partidas no meu Instagram, @eduardo_elfman).

Ele vem na caixa Ato I, então acredito que tem muito mais por vir, ele é um jogo de tabuleiro, um jogo de videogame e um cenário bacana, inclusive, com o jogo, vem um manual da história do mundo e da ambientação.

O lado negativo é que, como o tabuleiro e os suportes são cartonados, há a possibilidade de desgaste, especialmente nos pilares de sustentação, mas pode eventualmente também acontecer no tabuleiro.

As miniaturas são bonitas, mas não vem muitas para justificar o valor, acho que ele é elevado mais em razão de todo o trabalho de criação do jogo (e manutenção do app) do que apenas em seus componentes físicos. Jogos como o Zombicide custam menos e possuem muito mais miniaturas.

É também um excelente jogo de entrada, pois ele chama a atenção visualmente (um trabalho primoroso), tem as regras simples (o cálculo mais trabalhoso fica “nas mãos” do app) e sua jogabilidade mista agrada tanto quem já joga jogos de tabuleiro modernos quanto quem só jogou videogames. Se você pode investir essa quantia, eu super-recomendo, sem contar que acredito que veremos muitas novidades, a exemplo do Cthulhu: Death May Die, que terá a segunda temporada lançada pela Galápagos ainda neste primeiro semestre. Não posso dizer como será para o Descent, mas, para o Cthulh, você precisa ter o jogo básico para comprar a segunda temporada.

Outros jogos dessa linha de app possuem fases lançadas como DLC e compradas separadas, isso ainda não é uma possibilidade para o Descent, mas com certeza é uma possibilidade.

Mas a verdade é que, no momento em que você termina a campanha, não há muito motivo para você jogar de novo com o mesmo grupo, o que não quer dizer que você não possa jogar campanhas paralelas com vários grupos ou até mesmo jogar sozinho, se você curte jogos cooperativos como Zombicide, Mansions of Madness ou Senhor dos Anéis: Jornada na Terra Média, esse jogo é definitivamente para você e se você estava em dúvida sobre comprar ou não o jogo, eu espero que este artigo tenha ajudado.

Por Eduardo Elfman
Equipe REDE
RPG

 

 

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