Experiência de Mestre – Carta de Amor para Ed Greenwood

Esta coluna regular é para Mestres que gostam de construir mundos e campanhas, tanto quanto eu. Aqui vou compartilhar minhas experiências como DM através da lente de Iomandra, o meu mundo de campanha de Dungeons & Dragons. Mesmo que a campanha use as regras da 4 ª edição, os temas aqui tratados, muitas vezes transcendem edições. Esperemos que esta série de artigos que lhe dará inspiração, ideias e novas formas impressionantes de ameaçar seus jogadores em suas campanhas.

Se você estiver interessado em aprender mais sobre o mundo da Iomandra, confira o wiki.


SEGUNDA À NOITE. Uma mulher caminha para uma taverna. Ela é bonita e voluptuosa, vestida do refino da nobreza e um sorriso temerário. Ela circula como se fosse dona do lugar, flerta com os patrões, brinca com seus cachos ruivos na altura dos ombros, e termina com um caneco grátis de hidromel em tempo recorde. Um bardo sopra sua flauta, levando a mulher de espírito livre dançar, muito para o deleite de seus admiradores babões. Quando Kithvolar (interpretado por Jeff Alvarez) timidamente vira sua cabeça para admirar seu reflexo no vidro noturno de uma janela próxima, desaparecido havia a dama de beleza estonteante. Em seu lugar, ele vê um rodopiante, esqueleto dançante com ossos de bronze polido.

Uma coisa que as histórias fantasia clássica têm em comum, além de uma preponderância de metáforas de fantasia, é um elenco exaustivo de personagens. Inúmeros personagens povoam a trilogia de J.R.R. Tolkien Senhor dos Anéis, a série Shannara de Terry Brooks e a série As Crônicas de Fogo e Gelo de George R.R. Martin. Quando alguém se prepara para construir um mundo novo, ele provavelmente o faz sem dizer que povoar o mundo com personagens fascinantes é uma prioridade. Poucas forças criativas no universo são melhores neste jogo do que Ed Greenwood, cujas histórias são ricas com personagens atemporais que totalmente pertencem ao seu mundo e nunca deixam de surpreender.

Eu estou no terceiro ano da minha campanha de Iomandra. Enquanto meus jogadores brincam sobre “elenco de milhares” o número atual de PdMs únicos que eles encontraram até agora está perto de 750—o que, eu suponho, signifique que a marca de 1000 não está acima do limite da razão. Ainda assim, minha lista empalidece em comparação à panóplia dos personagens dos Reinos Esquecidos e PdMs de Ed, que ele criou ao longo das décadas. E ainda, toda hora Ed introduz uma nova personalidade ao cenário dos Reinos Esquecidos, tem sempre alguma coisa sobre isso que é um romance (piada não intencional).

Por exemplo, no vindouro artigo Olho nos Reinos, Ed nos introduz um beholder chamado Uldeth, que a forma física foi quase obliterada. Tudo que resta da criatura são dez globos oculares que flutuam em pleno ar. É algo que eu nunca havia visto antes, e você pode apostar que eu vou abduzir sua criação de Faerûn e despejar Uldeth na minha campanha caseira na primeira oportunidade.

Muitos Mestres que eu conversei tem problemas em vir com novos PdMs interessantes, e mesmo o melhor de nós não pode sempre conjurar algo em do nada sempre que o jogador decide parar em algum transeunte aleatório na rua e perguntar seu nome e história de vida. Mas Ed consegue. Eu observei isso em primeira mão. Ele puxa nomes e ganchos do éter. É um talento de um gênio criativo e escritor experiente de transformar uma entidade sem rosto que não existia a dois segundos atrás em um personagem novo em folha com mais sob a pele do que o resto de nós pode imaginar. Talvez o “João Transeunte” seja na verdade Orvius Turlash, um necromante disfarçado, que está a caminho de negociar um acordo com um oficial corrupto para conseguir ossos e partes de corpos do cemitério local. Ou talvez seja Griggly Muffinstock, um aventureiro halfling forçado por um arquimago a sempre dizer a verdade, não importa quão embaraçoso ou inapropriado. Ele pode estar procurando uma maneira de se livrar da “maldição”, ou ele poderia estar fazendo uma missão a serviço do arquimago para ganhar sua cortesia. Admito, essas são minhas idéias, não do Ed, mas se você estiver familiarizado em como o Ed trabalha, você provavelmente irá pegar um sopro do Greenwood nessas caracterizações.

Lições Aprendidas

Eu tenho seguido a carreira do Ed (não de uma maneira bizarra) desde que eu tinha dez anos — muito antes de conhecer o homem pessoalmente e trabalhar com ele profissionalmente. Sem mesmo tentar, Ed me ensinou duas coisas sobre criação de PdMs:

  • O nome do personagem pode te contar um pouco sobre o personagem e o cenário.
  • Traços físicos distintos e maneirismos de personalidade são ótimos, mas um PdM só precisa de uma coisa para ser cativante: um SEGREDO.

Eu já discuti nomes em um artigo anterior, e Ed é um mestre em conjurá-los, mas o segundo ponto é realmente a pontada do artigo desta semana. Um segredo para criar um PdM incrível é dar a ele segredos. Segredos investem sua campanha com intriga e interpretação. Um segredo pode fazer os personagens quererem saber mais sobre sua criação PdM. Como Uldeth acabou sem um corpo? Porque Orvius Turlash está dando olhadas nervosas para os aventureiros? Poderia ele estar indo para um encontro secreto? Que segredos nós podemos aprender do irritantemente franco Griggly Muffinstock? O que o halfling fez para merecer tal maldição? E finalmente, qual é a da raposa¹ dançarina cuja verdadeira forma Kithvolar vislumbra em um reflexo de janela?

Jogadores que gostam de interpretar não apenas gostam de investir seus próprios personagens com segredos mas também gostam de bisbilhotar os segredos dos outros, e eu descobri que um pequeno mistério circundando um PdM pode abastecer horas de incansável diversão não adulterada. Pelo menos, foi o que o Ed me ensinou (isso e quando usar a palavra “vixen”¹).

Até o próximo encontro!

Mestre pra vida toda,
— Chris Perkins

¹ – A palavra utilizada originalmente é vixen, que pode significar raposa fêmea ou mulheres atraentes, sedutoras, inteligentes e megeras (que são comparadas com raposas)

Tradução: Aguinaldo “Cursed Lich” Silvestre
Fonte: Wizards of the Coast

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