Poder Marcial (resenha)

Poder Marcial é o primeiro suplemento da 4ª Edição de Dungeons & Dragons lançado em português e o primeiro da série “Poder”, que ainda terá o Poder Arcano, o Poder Divino e o Poder Primitivo. Lá fora já está sendo lançado o Martial Power 2 (Poder Marcial 2) e ainda este ano teremos o Psionic Power (Poder Psíquico) para a nova fonte de poder psíquica, a ser apresentada no Player’s Handbook 3 (Livro do Jogador 3), que será lançado agora em março. Assim como as resenhas anteriores, esta também aborda a edição original em inglês, além do trabalho feito pela Devir Livraria.

Uma das críticas que vários livros de RPG criados no Brasil sempre sofreram, foi o incômodo hábito de se “requentar” ilustrações: vem uma nova edição do livro e lá estão algumas ilustrações já manjadas. Pois bem, quem diria que um dia a poderosa Wizards (Hasbro) ia fazer a mesma coisa?

pm
Tudo bem que no Manual dos Monstros a gente encontre algumas ilustrações do livro de monstros da edição anterior usadas novamente, como a do vampiro. Podemos dar um “desconto”, porque a ilustração é bacana, é do Wayne Reynolds e é para a mesma criatura.

Mas o que dizer da ilustração do kensai do Livro Completo do Guerreiro da 3.5 ser usada no destino épico Arquétipo Marcial? E pior, a bela bárbara frenética ser usada na trilha exemplar Assolador, uma trilha exemplar de guerreiro?! Bola fora da Wizards. A arte do livro é muito boa e ganharia nota máxima se não fosse por isso.

A diagramação da Devir continua melhor que a original e a revisão está ok. Quanto a tradução, bem… Conforme disse na resenha do Livro do Jogador, provavelmente é impossível algum tradutor agradar a maior parte dos jogadores brasileiros. Deve-se seguir a linha de tradução que foi escolhida, mas é preciso ter alguns cuidados nas escolhas de determinados termos, para que eles não fiquem com o sentido errado e, às vezes, com o sentido oposto ao do original.

Por exemplo, Brigadeiro do Firmamento seria um nome maravilhoso para uma trilha exemplar de senhor da guerra que comande um navio aéreo ou algo assim. Só que Brigadeiro do Firmamento é o Earthfast Brigadier, cuja tradução mais adequada talvez fosse Brigadeiro Firme ou Brigadeiro Resistente. Sim, o “firmamento” não significa o céu, mas “ficar firme”. Soa estranho e o sentido correto não é claro.

Outro exemplo é o Longarm Marshal, um senhor da guerra especializado em lutar com lança, que foi traduzido como Marechal da Retaguarda, ao invés de algo mais simples e correto, como Marechal da Lança.

Desta a vez a tradução da Devir realmente ficou a desejar. Talvez se a editora voltasse a conversar com os jogadores através da internet, sondando com antecedência os termos a serem traduzidos, evitasse este tipo de discrepância. Com isso, o texto em português fica um pouco abaixo do original.

O GRANDE PONTO NEGATIVO

Mas não é a tradução e nem as imagens requentadas o ponto mais negativo do livro. O problema é que a Wizards teve um entendimento de que “suplementos para jogadores” – em oposição a suplementos para Mestres – são livros apenas com opções de mecânica de jogo, sem nenhum tipo de antecedente ou informação para o desenvolvimento das histórias de personagens marciais.

Não há nada sobre guildas de ladrões, lutas de gladiadores, sociedades secretas de patrulheiros, ordens da cavalaria, academias marciais, etc. Nada, absolutamente nada.

Há alguma informação nas descrições de algumas trilhas exemplares, mas é pouca e é muito complicado ter que esperar até o 11º nível para se ter alguma informação de ambientação para o seu personagem.

Teoricamente os livros de cenário falarão sobre esses temas. Mas isto é teoricamente. Levando-se em conta então que o cenário padrão de D&D, o Pontos de Luz não vai ter livros básicos, a coisa realmente complica.

Poder Marcial é apenas um compêndio de poderes, trilhas exemplares, destinos épicos e talentos. E novas opções de estrutura para se construir personagens. E acabou.

Sim, o material de mecânica de jogo é ótimo. As novas estruturas ampliam o leque de opções, às vezes de forma radicalmente diferente, como é o caso da estrutura mestre das feras para patrulheiros. Tem novas trilhas exemplares que vão encher os olhos dos jogadores, como o Mestre Espião para ladinos (teste de Blefar em combate como uma ação mínima!) e o Estrategista da Espiral para senhores da guerra eladrin com Presença Tática. Além de vários talentos excepcionais.

Mas é um conceito de produto que faz a festa para os críticos da nova edição de D&D.

CONCLUSÃO

Sim, você vai comprar este livro. Se você joga D&D 4ª Edição e não tem nenhum tipo de restrição maluca de jogo ou aversão a personagens com fonte de poder marcial, com certeza você vai comprar e precisar deste suplemento.

Mas ele podia ser bem melhor. Muito melhor.

A Wizards se tocou disso e está lançando a série Livro do Jogador – Raças, para suprir os jogadores com algo mais do que combos, começando pelo Livro do Jogador – Raças: Draconato (Player’s Handbook Races: Dragonborn), que será lançado em português em breve.

Enquanto ele não é lançado, a gente fica por aqui com essa certa sensação de “vazio” que o Poder Marcial deixa ao terminar de lê-lo.

Notas (de 1 a 6)
Layout/Arte:
5
Texto: 4
Conteúdo: 4
Notal Final: 4

Por Marcelo Telles
Coordenação da REDERPG
Publicado originalmente em 21/02/2010  (990 leituras)

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