Legião: A Era da Desolação (resenha)

Desde que me entendo por Mestre e produtor de conteúdo de Old Dragon, ouço falar do Legião. O primeiro cenário de Old Dragon, aclamado mesmo quando ainda era só uma propaganda da editora. E finalmente ele está entre nós.

Legião: A Era da Desolação é um livro lindo, bem escrito e seguindo os padrões dos produtos da RBX onde qualquer coisa falada a mais pode ser um spoiler irrecuperável. Ele está além de tudo que esperei, considerando os produtos anteriores da editora. Não me entendam mal, a RedBox sempre foi extremamente caprichosa com seus produtos, mas somente com o Old Dragon Aprimorado fomos apresentados a algum material todo colorido e sem cara de livro dos anos 1980.

Mas o que chegou em Legião foi um verdadeiro soco na cara!

Antes de começar, tenho que dizer uma coisa: eu não gostei do Legião como gostei de outros livros da RBX – e estou falando sério – e talvez você não note isso, pois faço mais elogios do que críticas ao produto. Esta é a maior dificuldade em se resenhar um material realmente bom, mas que você, no momento, não gosta. Devo salientar também que uma das coisas que respeito no pessoal da RBX é o fato de que recebem bem as críticas, sejam elas positivas ou negativas.

Neste momento, tenho que dizer o quão difícil esta sendo fazer isso… Estou aqui há uma hora olhado para o mesmo parágrafo, “folheando” o pdf e tentando não dar nenhum spoiler… Uma bela e bem-vinda sacanagem dos autores e, como disse, é uma das dificuldades em se resenhar um material realmente bom.

Legião é um cenário que só poderia classificar como um pós-apocalipse medieval, dignos dos anos sequentes à peste negra em nosso mundo, com um cenário absurdamente rico e bem descrito, demonstrando não só exaustivo estudo e entrelaçamento dos conhecimentos daquele mundo, como dedicação exemplar dos autores.

Imagem da caixa básica

Tudo é pensado para se encaixar ali, cada raça, cada povo, cada maneirismo, cada plot. Se antes eu achava que a RBX teria que entregar um bom material pelo tempo que demoraram com o Legião, ela esfrega este material na minha cara e pergunta: qual é o meu nome?

A descrição do cenário é primorosa, um mundo decadente, se reerguendo de uma guerra e com tantos problemas, que qualquer aventura bem organizada pode se tornar uma montanha de merda tão grande na vida dos personagens e cada passo mal calculado por um jogador pode render dezenas de ganchos para o Mestre. Os aspectos filosóficos do mundo – seus deuses atuais, o destino dos antigos deuses, sua estrutura religiosa e os perigos que ela traz – demonstram o esmero que os autores dedicaram a esta parte do material, sem simplesmente largar uma lista de deuses que parecem estar amarradas ao cenário.

Apenas no capítulo 6 somos apresentados às regras de Old Dragon e avisados que todo material lançado até aqui pela editora tem seu valor no cenário. Vejam bem: as regras só são citadas 296 páginas depois de começarmos nossa leitura e chegamos nelas com arcabouço de cenário. No fim, acabam fazendo muito mais sentido!

Novas raças e especializações são apresentadas aqui, todas bem amarradas ao cenário, mas que podem ser utilizadas em outros produtos sem dificuldade. Os tópicos de drogas e doenças são um show à parte!

Algumas raças são citadas aqui e simplesmente não são apresentadas: os Volda, meio-gigantes, os Anões das Sombras e os Meio-Ocs aparecem no suplemento Guia de Raças, mas não no livro do cenário, então se você deseja criar um personagem desta raça ou incluí-las de forma mais significante vai ter que correr atrás do material, o que pode acarretar um certo desconforto, principalmente se você não quer comprar o material…

O bestiário é, no meu ponto de vista, a sessão mais fraca dos livros da RBX, quase sempre se limitando a algumas poucas criaturas, mas é melhor poucos monstros do que nada…

Como já disse, Legião é o livro de RPG mais bonito que já vi, e olha que venho gastando meu dinheiro com RPG desde que me entendo por nerd! A arte é excepcional e não deixa nada a dever para livros estrangeiros!

É um livro para público maduro e que sabe o que está fazendo… Legião não é para os fracos de estômago ou para aqueles que acham que RPG é galhofa de mesa! Num primeiro momento isso pode parecer assustador, mas o que temos em mãos não é apenas mais um livro de RPG, é a realização nacional de um material equiparável a Kult, Dragonlance, Ravenloft e Vampiro, um marco tão grande – e ouso dizer – ou maior do que clássicos nacionais como Tormenta! É o tipo de material que será citado, copiado e utilizado como comparação por muito tempo!

Meu problema com o cenário de Legião, é que gosto de fantasia heroica, daquelas que o personagem começa aldeão e termina no braço com um dragão, onde a esperança é algo palpável e magos lançam bolas de fogo em praça pública.

Para quem gosta de fantasia sombria, o livro é um verdadeiro banquete, mas para quem gosta de fantasia heroica pode não ser uma boa pedida (mas sempre é válida como curiosidade ou como referência para quando a campanha fica fantasiosa demais).

Gostei de Legião? Nem tanto. É por frescura minha? Sim! Devo comprá-lo? Claro! Eu mesmo comprei o meu! Recomenda? Depende do público!

P.S.: Para quem quer saber a quanto tempo o Legião está viajando por aí, deixo este link:
rederpg.com.br/2011/07/05/arquivo-rederpg-legiao-cenario-de-antonio-sa-neto/

Notas (de 1 a 6)
Texto:
6 (Tio Nitroooooooooooooooo!)
Conteúdo: 6
Arte/layout: 6 (Assim como em Vikings, vou ranquear a arte, mas ainda não temos o produto final em mãos…)
Nota Final: 6

Por Sérgio “O Alquimista” Gomes
Equipe REDE
RPG

Link para comprar o Legião: redbox-editora.xtechcommerce.com/rpg/Legiao-Caixa-Basica

 

Share This Post

Leave a Reply