As Façanhas de Fenrir (parte I)

AS FAÇANHAS DE FENRIR B. SMITH

Este conto mistura elementos da Inglaterra antiga com elementos acentuados de fantasia medieval. Como ele é um pouco extenso, será dividido em algumas partes, começando hoje a primeira parte deste emocionante mundo que conta a história da Velha Bretanha, ou Bretanha Azul, em 410 d.C. quando as legiões romanas foram convocadas a marcharem por sua capital, abandonando então as ilhas. Quando isso acontece, a ameaça dos pictos do norte volta a aparecer para tentar dominar a velha ilha. Na Irlanda, um exército também está preparando para tomar as terras da Bretanha Azul e se tornar seu soberano.

O rei Vortigern governa toda a ilha, e ao menos teoricamente, nestas situações tem poder para reunir o exército de todos os reinos britânicos a marcharem pelas suas terras.

Numa das batalhas contra a Irlanda do Norte na Ilha de Ynis Mon, a morte do futuro líder do reino leste (Leinster), chamado Climery muda todo o destino da Velha Bretanha. Os irlandeses ousaram ir às florestas sombrias da Irlanda, na sede de vingar a morte do filho do rei e falaram com as milenares criaturas, as quais era proibido apenas conversar, devido a sua magia negra poderosíssima e profana, proibidas até mesmo pelos druidas e por várias ordens de feiticeiros. Os únicos que a usavam estavam justamente nas florestas sombrias. Eles eram os Elfos negros.

A Irlanda fez um pacto inconseqüente com o líder dos elfos, que queria criar um reino sombrio ao ar livre para que sua raça pudesse prosperar. Os elfos entraram diretamente na guerra, e dariam todo o conhecimento que tinham na construção de venenos cruéis e a sua magia. Os malignos vilões, da Irlanda que há tempos foram adormecidos, se levantariam de suas tumbas ao comando dos elfos e junto com eles o imortal líder dos Vampiros. Ao momento que isso acontecer, somente heróis lendários e destemidos com toda a ajuda que os deuses pudessem dar, seriam capaz de salvar a Velha Bretanha.

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Parte I: A Lenda do Herói

Olá jovens. Vejo que vocês estão ansiosos para ouvirem mais uma de minhas histórias. As mães de vocês sabem que estão aqui? Ou, e você rapazinho? Por que está escondido atrás dessa mesa? Pode se aproximar, não seja tímido. Entre na roda e escute um pouco de história com as crianças.

Hoje vou contar para vocês, a história de como estamos aqui hoje. Sim, sim. Vocês ouviram isso mesmo. Os bardos e trovadores sempre narram o feito de Uther Pendragon, de Arthur e seus cavaleiros. Mas antes deles fazerem seus feitos, se um jovem não aceitasse a empreitada, eles não estariam vivos para fazerem seus atos de que tanto ouviram falar. Na época em que eles viveram, a nossa Bretanha passara por muita dificuldade o rei era chamado de Vortigern de Powys, isso mesmo, o Antecessor de Ambrosius Aurelianus que foi pai adotivo de Uther Pendragon, pai do nosso querido Grande Rei Arthur, ou Artorius como andam chamando.

Era um período de conflito direto da Inglaterra com a Irlanda, tudo começou numa cidade chamada Nova Turim. Este nome foi dado por influência dos conquistadores que vieram da cidade de mesmo nome, no império de Roma. Nela morava um jovem rapaz, que foi criado nas terras que seu tio cuidava. Seu pai era um guarda do grande rei que estava em algum lugar da grande ilha cumprindo uma missão a serviço do reino. Ele costumara ir a esta cidade uma vez entre um a quatro anos, portanto o jovem não o via quase nunca. Sua mãe morreu num dos ataques irlandeses. Foi então, que seu pai comprou um pedaço de terra no interior, num local bem escondido para que sua família nunca mais sofresse este mal. Ali ficou a família de seu irmão e também seu filho único.
Até os seis anos o menino viveu com seu pai, depois houve o ataque onde sua mãe faleceu e a partir daí seu pai não teve mais tempo para passar com seu filho. Fenrir Smith é o nome do pai. O filho tem o mesmo nome de seu pai, Fenrir B. Smith, filho do saudoso Fenrir Smith e Cláudia Benneth Smith.

O garoto cresceu ajudando seu tio. Era um rapaz forte e de bem. Seu tio já estava com idade avançada, e ele fazia a maior parte dos serviços pesados. Não tinha nenhuma inclinação para os cultos celtas muito menos para a igreja. Mas ele acreditava que existia uma força maior tomando conta de todos. Embora acreditasse num Deus único, cresceu com as superstições e os costumes e contos dos antigos, que eram muito influenciados pela cultura celta.

– Tio. Quero combater os Irlandeses, quero vingar a morte de minha mãe, quero ser um cavaleiro como meu pai.- disse fenrir a seu tio num jantar.

– Não é tão simples assim filho. Isso não é brincadeira, é perigoso. Seu pai está arriscando sua vida para o nosso bem, não quero que você se arrisque.

– Eu nasci para ser um cavaleiro tio. É meu destino ajudar esta terra da qual sou filho. Treine-me, por favor. – replicou Fenrir.

A partir daquele dia, Fenrir começou a treinar com seu tio todos os dias no final da tarde. Ele não parecia ser talentoso, mas era decidido. Seu tio foi um bravo cavaleiro, mas foi aposentado após ter perdido uma de suas pernas numa missão.

Fenrir atingiu os 18 anos. O campo não o atraia mais. Ele queria viver a vida lá fora. Queria andar o dia sem saber se teria um lugar confortável para dormir a noite. Queria acompanhar o severo inverno britânico para ver as flores desabrochando na primavera. Queria acordar com o nascer do sol e dormir com seu poente. Seu tio tinha-o preparado por muitos anos e chegara à hora finalmente. Ele não tinha notícias de seu pai fazia seis anos.

Assim como vocês escutam esta história hoje, o jovem Fenrir ouviu muitos contos de heróis épicos que fizeram a diferença. Ele queria essa vida para ele. Teria que trilhar o caminho das pedras como fizeram as grandes figuras. Sua primeira aventura ocorreria numa masmorra a uns dois dias dali. Segundo a informação que recebera dos guardas e mais alguns rumores, orcs teriam tomado conta de uma antiga prisão de guerra e teriam vínculo com os irlandeses. Uma força estaria sendo organizada para ir até lá checar, mas demoraria, pois muitos estavam em outras missões de guerra mais importante. Fenrir viu aquilo como uma oportunidade de mostrar sua capacidade. Ele foi sozinho até lá. Em seus pensamentos, quando os guardas chegassem lá estaria ele com todos os mercenários caídos perante seus golpes e ele seria reconhecido como um guerreiro de valor. Foi o que fez, foi sozinho até lá.

Seu tio não sabia que ele iria pra lá. Mentiu pra seu tio dizendo que ia explorar umas cavernas nas colinas próximas a fim de encontrar pedras preciosas. Seu tio repassou pela última vez suas lições de exploração:

Quando irdes explorar uma masmorra, lembre-se dos conselhos deste veterano aventureiro. – iniciava o tio. – com o tempo você aprenderá todas os truques e manhas para desarmar qualquer armadilha. Você não sabia que fiquei muitos anos a serviço do rei, e fui eu quem encaminhou seu pai nesta vida de aventuras? Mas vamos ao que interessa. – ele fez uma pausa e continuou – Nunca se distraia em uma caverna. Não exagere nos equipamentos, quando iniciantes como você enchem suas mochilas pensam que colocaram tudo o que precisavam, quando na verdade carregam coisas inúteis por toda uma longa viagem. Cansam-se à toa! Leve uma boa adaga como prevenção, um cobertor e uma boa corda. Agora vou te dar uns conselhos úteis sobre o que mais levar.

– Não adianta entupir sacos e mochilas de ouro. Você só estará pedindo pra morrer perante criaturas mais rápidas que você. Mesmo se sobreviver, os ladrões ficarão na sua cola, pense bem! Nenhuma quantia de ouro vale sua vida. – entre muitas outras dicas, o tio citou estas – tochas são mil vezes melhores que lanternas, são mais fáceis de acenderem e não corre o risco de óleo derramar sobre si mesmo e causar estragos. O vento é só bloquear com seu corpo. Tubos para mapas são interessantes para proteger materiais simples. É sempre bom forrar sua mochila com lã para não fazer barulho e atrair monstros. Tome isto Fenrir. São essências aromáticas. Muitos inimigos localizam suas vítimas pelo faro. Isto evita muitas encrencas acredite! Use sempre quando estiver sendo perseguido por monstros.

– O que está fazendo? – corre rapidamente o tio em direção ao rapaz, tomando-lhe o objeto que já iria pendurando junto ao pescoço. – Deixe estas porcarias em casa! Apitos só anunciam aos monstros que você chegou.

Estas foram algumas dicas do tio de Fenrir. Agora chegara a hora de enfrentar os perigos. Seu dinheiro só dera para comprar uma armadura acolchoada. Com a velha espada longa do tio e uma esperta adaga, Fenrir caminha para a masmorra.
Ele chega na entrada de pedra que dá acesso ao calabouço, na entrada uma antiga placa que escreve: “prisão de Nova Turim”. Neste momento Fenrir passa, a saber, que o mesmo cômodo que antes dava entrada para o centro da justiça da pequena cidade se tornou agora reduto de monstros, que se escondem durante o dia para praticar seus crimes à noite. Fenrir sabe que é heróica sua atitude. Se for verdade o que foi dito a ele, para exterminar a masmorra precisaria de uma vintena de soldados. Ele olha, e entra.

O cheiro de velho toma conta de seu nariz, a masmorra possuía as paredes cheias de umidade, e no local onde o sol não alcançava, criava-se ali uma colônia de mucos e bolor. Ele desce as velhas, porém seguras, escadas do calabouço. O cheiro ali dentro é muito forte. Agora um cheiro de carnificina e imundície dominam o local, Fenrir se encontra num cruzamento. Ele pode continuar o corredor escuro a sua frente, ou seguir os corredores da direita e esquerda. Fenrir sabe que se ascender sua tocha, pode chamar a atenção dos temíveis orcs. Ele tinha ouvido falar de seu tio, que os orcs eram uma raça grotesca, de aparência humanóide, mas monstruosa. Uma pele que varia do verde ao acinzentado. Seus olhos brilham a noite e os permitem enxergar numa escuridão. Possuem mandíbulas afiadas e um focinho semelhante ao de um suíno. Um orc é melhor combatente que um humano, portanto ele teria que redobrar seu cuidado. Depois de muito pensar, ele decide seguir o caminho da esquerda.

Ele acha melhor empunhar a espada e o faz. O corredor vira para a sua direita e após andar um pouco, chega a uma pesada porta dupla de aço, onde um humano sozinho não conseguiria derrubar a força. Talvez, a raça humana não pudesse derrubar. Ao se aproximar, uma portinhola abre numa altura acima de sua cabeça. E uma grotesca voz diz:
– Diga a senha.

Fenrir pensa, mas não sabe nenhuma senha. Ele pensa algo óbvio como Irlanda, elfo negro, mas não obtém sucesso. Fenrir decide voltar depois e segue o primeiro caminho, que deveria ir reto. Ao andar alguns metros ele ouve um ruído vindo de uma porta. Ele se aproxima e coloca o ouvido na porta para ouvir melhor. Ele escuta um grupo de orcs torturando uma pessoa humana. A adrenalina logo começa a correr nas veias do aprendiz guerreiro. Seria sua chance, mas eram três orcs. Nem mesmo um guerreiro experiente arriscaria uma batalha contra um outro orc. Mas Fenrir decide entrar.

Os orcs ficam surpresos com a entrada repentina do garoto, e começam a gesticular e falar palavras que parecem ter um tom ofensivo, só que num idioma rude. Fenrir tenta sacar sua espada, mas o orc que estava torturando a vítima com um chicote foi mais ágil e dá uma açoitada na perna do jovem. Ele sentiu a dor. Seu corpo ainda não se acostumara a receber golpes violentos, mas mesmo assim ajeitou a espada no seu punho e se preparou para desferir o ataque. Ao investir para cima do oponente de chicote, da um golpe frontal. Para sua surpresa o golpe é aparado por um outro orc que tinha preparado sua espada também longa. Fenrir já começa a pegar a manha e percebe que o terceiro orc vem com uma espada curta pra fincar em seu bucho, e então por um fio consegue colocar o corpo de lado, acertando letalmente o orc da espada longa. Os orcs são mais lentos e, portanto não conseguiram evitar o golpe. Um já estara gravemente ferido, agora restavam dois. O orc da curta espada, pega a de seu companheiro e dominado por uma fúria bárbara parte pra cima do jovem, este iria aparar seu golpe, mas o chicoteador consegue desarmar Fenrir, que recebe o golpe no seu ombro direito. O orc continua a investida e Fenrir apenas se esquiva, já sentindo seu braço. A escuridão é uma vantagem para os orcs, o que rende mais alguns cortes menos profundos para Fenrir e algumas chicotadas. Fenrir cai desmaiado. O orc vem lentamente para finalizar o corpo de nosso herói.

O orc desfere o golpe. Mas Fenrir rola de lado, ele fingiu ter caído para ganhar justamente esta vantagem, a espada do monstro soca com toda a força no chão, e se quebra. Em seguida Fenrir desfere um chute na mandíbula do monstro e num impulso fica em pé. O segundo orc chicoteia Fenrir, mas seu golpe é aparado pelo jovem aventureiro. Fenrir começa a desferir vários golpes no orc, enquanto se esquiva dos golpes do outro. Os dois monstros combinam alguns golpes de soco e conseguem derrubar Fenrir. Quando se aproximam para dar cabo dele, Fenrir saca sua adaga, que tinha escondido e apunha-la um deles. Este cai imóvel de dor.

Agora restava apenas um. Mas fenrir já recebera vários ferimentos, e como eu disse o tipo físico dos orcs são mais vantajosos se comparados a humanos. Fenrir se vira, e quando o orc investe pra cima dele, quebra um frasco de um dos aromas no rosto do orc. O orc estava agora sem poder ver, Fenrir sabia que os aromas não eram bem para isso como seu tio explicara, mas já livrava sua vida, Fenrir pega a curta espada do orc caído e derrota o orc remanescente. As armas dos monstros estavam imprestáveis, e a única coisa que o herói recupera é sua velha espada, e o chicote do monstro.

O menino verifica os orcs e encontra algumas poucas moedas, juntamente com um molho de chaves. Provavelmente abrem todas as celas daquele aposento. Fenrir liberta o torturado de suas algemas e pergunta, o porquê de estar ali. O homem é um mercador que passava pela estrada e foi capturado pelos monstros. Segundo ele, estavam a mando de um elfo negro. Roubaram todas as suas mercadorias, e pareciam estar armando uma base perto da pequena cidade, que era essa masmorra. Eles estavam esperando os sobreviventes de uma batalha que estão travando há alguns dias dali. Parecia também, que mencionaram sobre uma secreta espada que foi trancada naquela masmorra por um paladino, há muito tempo, e somente uma pessoa de bom coração com um destino importante pela frente poderia abri-la. O elfo estava tentando criar um ritual para quebrar este encantamento e usá-la para dominar o reino.

Após o diálogo, Fenrir escolta o “Pé Poeirento” para a saída da masmorra, resta agora um corredor, o da direita. O Pé Poeirento diz a Fenrir para ter cuidado, pois as criaturas demoníacas citaram algo como, um inimigo muito poderoso que se denomina Orc Vermelho.
Fenrir finalmente parte para desbravar o corredor restante. Ele achava que os irlandeses tinham um pacto com algum ser das trevas, para conseguir trazes estas criaturas míticas, que foram banidas do grande reino desde a crise das magias. Um elfo negro, juntamente com os orcs, são algo inconcebíveis no mundo real. Às vezes ele pensava se estaria no mundo real de fato, ou se estaria no reino onírico.

No último corredor Fenrir escuta, dois orcs que estão abordando um humano que também está preso. A porta estava trancada e então Fenrir a abre, e se prepara para entrar com tudo. Quando Fenrir adentra, os orcs se surpreendem com um bravio urro e olham para trás vendo o jovem, mas quando voltam a visão para o prisioneiro atrás das grades, vê um gorila enorme de pêlos negros. A fera pega um e começa sufocá-lo. Já o outro consegue escapar, mas cai perante a um crítico golpe de espada, desferido por Fenrir. O outro foi sufocado e cai. Nosso jovem sabe que aquela criatura deve ser um guardião lendário conhecido como Druida, mas não a libera porque a criatura estava num estado de Frenesi e ele não achou bom. Ele resolve voltar na enorme porta do corredor da esquerda.

O aventureiro estava agora perante a porta, e raciocinava: – O Pé Poeirento disse pra eu tomar cuidado com o Orc Vermelho, mas ele não está em nenhuma das portas. Será que ele está nesta? Hum, talvez seja a senha!!!

– Diga a senha. – a criatura atrás da porta sussurra. – Orc Vermelho – responde Fenrir.

A porta dupla tem a portinhola na direita. A parte esquerda é aberta. A parte direita dá numa guarita, uma parede separa a sala em duas. Fenrir entra e logo é abordado por dois soldados de sotaque Irlandês. Fenrir recebeu um exímio treinamento e não teve dificuldades para derrotá-los. Ele pega mais uma espada longa para reserva e troca sua armadura acolchoada, que se encontra em farrapos, pelo corselete de couro Irlandês. A batalha chama atenção do soldado da guarita, ele corre em direção a porta traseira do recinto, mas antes que possa abri-la, a vê arrombada pelo guerreiro aprendiz. Eles começam o combate e Fenrir vence. Ele encontra na guarita do soldado, um frasco contendo um líquido azul claro. Ele fica pensando no que pode ser aquilo, não entende nada de líquidos e alquimia. Talvez fosse uma poção mágica de cura… Fenrir decide tomar.

Em pouco tempo seu coração começa a pulsar mais rapidamente, seu corpo começa a vibrar, e ele vê seu corpo ficando dormente. Lentamente ele vê seus ferimentos sendo cicatrizados como que instantaneamente. Logo volta ao normal. O guerreiro fez algo impensável, no mínimo irresponsável. Mas o sucesso de uma pessoa não se resume apenas em habilidade, e sim habilidade, sorte e oportunidade.

Fenrir vê uma parede com runas em um idioma arcaico. Talvez fosse o recinto da espada mágica, mas ele não sabia ler as runas. Ele segue. Ele vê uma última porta naquele enorme aposento, e entra. Logo chega numa sala onde fica o restante das celas do calabouço. Sentado atrás de uma mesa está uma pessoa de pele escura, cabelos brancos e orelhas muito pontudas, possuía cabelos longos e trajava uma armadura de couro batido. Seu rosto aparentava o de um jovem de 18 anos, possuía olhos amendoados e fitava o outro jovem.
– Então você que é o vilão? Não parece ser tão demoníaco. – diz Fenrir num tom de superioridade.

– Fomos acordados das profundezas das montanhas de Leinster. Eu sou o representante dos lendários elfos negros aqui nesta ilha. Pode me chamar de Menzo. – retruca o elfo.

– Muito bem, você é muito jovem para representar alguma coisa. – Fenrir ataca verbalmente. – Eu venci todos os seus soldados rapaz, a milícia nem precisa vir aparar vocês.

– Vejo que é um jovem tolo. Minha raça pode parecer jovem, assim como você é, mas te garanto que não vivi menos de 240 anos. Sua aura é boa jovem. Vou te usar para pegar a espada que se encontra nesta masmorra, e depois te destruo. Vamos começar te paralisando. – levanta o Elfo para iniciar a batalha.

– Vamos ver se é tão habilidoso com a espada, assim como com as palavras Drow. Não é assim que chamam pessoas da sua raça? – toma a iniciativa, Fenrir.

– Sim, pode me chamar de Drow. Mas quem falou em espada? – quando Fenrir se dá conta, está sob a mira de Drow que usa um bracelete negro, cercado por dardos de cores distintas. O bracelete é um lançador desta arma. Fenrir não consegue parar.

– Tome o primeiro dardo, o dardo branco. Este dardo irá te paralisar. – Fenrir já se sentia mais lento, e não deu um golpe efetivo, apenas passou a lâmina levemente na armadura do elfo. O elfo corre para o canto da sala e dispara outro.

– Não consigo acompanhá-lo, me sinto lento, mas tenho que vencer esta vil criatura. – Fenrir corre na direção do elfo recebendo mais um dardo branco. O elfo se esquiva desta espadada. Nosso herói já se agacha colocando a cabeça entre os joelhos. O veneno fazia efeito quase que instantaneamente.

– Você ainda não recebeu o dardo vermelho, se receber morrerá. É um veneno letal que consegue matar em questão de segundos até mesmo um guerreiro tido como sobre-humano. Mas não usarei, você deve ser preservado para pegar minha espada. Receba mais um dardo branco. – Drow lança mais um dardo e Fenrir já está quase que totalmente paralisado. Ele não que morrer em vão, na sua primeira aventura. Talvez fosse um erro enfrentar um local deste sozinho, mas agora não há mais nada a fazer. Resta-lhe apenas superar seu primeiro desafio. Fenrir reúne suas últimas forças e dá um bravo golpe no elfo que penetra sua armadura. Mas não foi suficiente para deitar o elfo. Este furioso diz:

– Você quer receber o dardo negro? Este último é o mais temido de todos. Não há resistência neste mundo que consiga sobreviver a este veneno que causa morte instantânea. Nem mesmo um dragão sobreviveria há um dardo deste. Mas você dormirá um pouco até eu preparar um feitiço pra você me obedecer. Recebe mais um de meus dardos brancos. – Drow dispara mais um, suficiente para paralisar completamente o aventureiro e deitá-lo num sono profundo.

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Rogian está caminhando há dias. É um saxão que se encontra entre os britânicos. Sua etnia num é muito bem vista pelos povos deste local, mas talvez um pacto será negociado com o líder dos mesmos para ajudar na guerra. Ele caminha numa floresta, meio perdido com um mapa que comprara. Ele está procurando uma cidade, mas a mais próxima segundo seus cálculos se encontra a uns dois dias de viagem. Ele vê um cômodo de pedras, muito desgastado e logo um humanóide saindo dele. Parece ser um elfo. Uma criatura que só existe num conto popular. Mas a descrição parecia muito, não há como confundir. O elfo sai lentamente, como se estivesse procurando ervas no chão. Quando se afasta um pouco, o saxão decide entrar no calabouço para bisbilhotar.

Após fazer uma rápida varredura e encontrar vários cadáveres, vê um jovem caído. Ele foi vítima do veneno celta irlandês. O saxão socorre o garoto, que acorda rapidamente.

– Onde ele está?

– Saiu, talvez vá fazer uma poção mágica. Foi ele quem te derrotou?

– Foi um elfo. O que um saxão faz na terra dos bretões?

– Estou te socorrendo e você vem com preconceito? Jovem, dê graças aos deuses por eu ter chegado. Mas o que me espanta, é que pela quantidade de dardos que você levou, deveria dormir por uns três dias.

– Sim, mas não faz nem um dia que estou aqui. Pelo menos acho. Tenho que pegar a espada, me ajude.

– Ó céus! Você é o jovem da profecia. Um oráculo disse que eu encontraria um vivo o dentre os mortos, cujo destino da Bretanha estaria em suas mãos. Você tem que pegar a espada mágica forjada pelos mestres anões nos primórdios dos tempos. Vamos.

– Estas são runas anãs. Não são usadas há muitos séculos – diz o saxão.

Ele pronuncia as palavras e pede que Fenrir ponha sua mão direita na porta de pedra. Ela se abre. Eles entram e vêem uma grande arca. Dentro dela está uma Espada Longa e pesada, que só poderia ser empunhada usando as duas mãos. Em sua lâmina estão gravadas as palavras mágicas, que são ensinadas a Fenrir por Rogian. Os dois saem, passando pela sala do druida, mas não o encontram. Na saída vêem o drow.

– A festa só começará agora meus convidados, por que a pressa? Fico admirado de ver que em poucas horas se livrou do veneno do dardo branco jovem bretão. Vamos ver se agüenta minha fúria. – diz sarcasticamente o Drow, sacando sua espada longa.

– Mas dois contra um não é jogo justo não é? – complementa o elfo negro. – Vamos besta mágica me ajude.
Em meio as árvores, se revela um gorila enorme. Fenrir o reconhece.

– Sim, testei o encantamento nele primeiro. Ele me obedece cegamente agora. Vamos besta, ataque o saxão, deixe o jovem bretão comigo. – inicia-se a batalha.

Fenrir não faz cerimônia, ele sabe da inteligência do inimigo, portanto decide acabar com tudo de uma vez. Ele pronuncia as palavras e faz uso da habilidade da espada que só pode ser usada uma vez por dia. O céu se fecha e um raio cai na espada, quando Fenrir aponta a espada, direcionando-a para o Drow. O raio é desferido e ele cai torrado sem chances. A sua pele praticamente foi derretida nos ossos e ele foi vencido sem chances. Rogian dá brande seu machado contra o gorila que toma apenas um golpe no olho esquerdo. O encantamento se quebra e ele foge para a floresta. Rogian nota uma fúria nos gestos do gorila, mas ele não sabe o porquê.

Fenrir pilha os bens do elfo, se apossando do bracelete. O mesmo conta com um dardo preto, cinco vermelhos e 11 dardos brancos, restando três encaixes, um para cada dardo.

– Minha missão é ajudar jovens como você a se encontrar Fenrir, devo partir agora, foi bom conhecer você.

– Não vá. Sou muito grato, vamos passar uma noite em Nova Turim e depois você parte descansado.

– Tudo bem, estou mesmo um pouco cansado.

Ao partirem, vêem uma vintena de soldados chegando. Eles contam o que fizeram e como derrotaram os bandidos. Os soldados agradecem e partem para contar a notícia.
Cinco dias se passaram na pacata Nova Turim. As glórias de Fenrir já se espalharam pela cidade, e este tomou muitos puxões de orelhas de seu tio por causa da mentira que contara e da loucura que fizera. Mas o velho aventureiro sabia que isso foi a primeira prova e que o menino mostrou ter um talento fora de série. Nestes dias, Fenrir ficou estudando os dardos e seu bracelete, e criou alguns de madeira para o treinamento de pontaria. Também levou para um velho sábio da vila avaliar e ele lhe disse que estava com uma pequena fortuna. O bracelete valia 15000 florins (o suficiente para comprar uma couraça), os dardos brancos valiam 1000 cada, os vermelhos 5000 e o preto 10000 de materiais, não sendo comercializado nem na Irlanda. Com o dinheiro e equipamento pilhado, o garoto de 18 anos compra um arco com algumas flechas e alguns preparos médicos para usar quando se ferir.

O sábio diz que se Fenrir quiser crescer, terá que ir para Greenwich, lá ele será provado. Poderá morrer, mas se der certo dará o primeiro passo para a glória. O sábio lhe dá uma poção de cura para seguir a aventura.

Rogian já tinha partido, e Fenrir ganha o consentimento de seu tio para ir até Greenwich a Grande Cidade. A milícia iniciou um projeto para reutilizar o calabouço, pois é uma maneira de vigiar o local que poderia servir de base inimiga mais uma vez, e agora se preparam, pois sabem que os inimigos atacarão também as menores cidades e vilas, como foi planejado pelo grupo do Drow. Agora o jovem está a caminho de Greenwich para viver mais uma das Façanhas de Fenrir.

Tiago Alves Rafael
lordtiago@hotmail.com
Acesse já:
www. http://lordtiago.ubbihp.com.br/
(ainda em desenvolvimento, breve em funcionamento)

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1 Comment
  1. O site citado no final do artigo não se encontra mais disponível o atual é este:

    http://www.thelordsworld.rmsti.com/

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