Réia: Notas de criação do cenário

Saudações heróis! Esse é o primeiro artigo da nova coluna mensal da REDERPG sobre o desenvolvimento de Réia, um novo cenário para o sistema D20 de minha autoria. Todo primeiro domingo de cada mês estarei aqui falando sobre algum aspecto do cenário e de seu desenvolvimento. Se você ainda não conhece Réia, clique aqui para saber um pouco mais e confira também um pequeno conto ambientado em Réia.

Nesse nosso primeiro artigo, vamos falar um pouco sobre as duas principais religiões de Réia: a Fé Soteriana da Igreja Demiúrgica Minosiana; e a Fé Omareana, dos seguidores do Profeta Omar.

Duas pessoas me questionaram, a partir do texto de apresentação do cenário no link acima, se eu usaria a “lógica” atual mundial, colocando a igreja ocidental como boa e o equivalente à fé muçulmana em Réia como maligna, caindo no senso comum preconceituoso que os EUA tenta disseminar pelo mundo.

De antemão quero dizer que tenho profundo respeito pela religião muçulmana, assim como tenho por todas as religiões e crenças, e jamais faria algo assim, nem mesmo em um mundo de fantasia como Réia. Mas se o texto de apresentação abriu margem para essa interpretação, tenho por obrigação clarificar essa questão, uma vez que cabe ao autor expressar-se de modo claro.

De fato, em Réia, a Igreja Demiúrgica será em princípio uma instituição de tendência boa, muito mais do que foi a Igreja Católica no período histórico equivalente. Ela será bastante tolerante com as religiões pagãs, como a Igreja do mundo real nunca o foi. Mas o bem não é um princípio absoluto e o bem pode ser opressor…

Réia não será um mundo meramente de Bem X Mal, embora o Bem e o Mal sejam bem definidos. Como eu disse no nosso fórum, no tópico sobre Réia <https://www.rederpg.com.br/wp/forum/reia/>, eu não acredito em Mal pelo Mal.

Eu acredito em escolhas.

E até os goblinóides da Horda Orc terão bons motivos para trilharem o caminho que escolheram…

Quanto à Fé Omareana, eles serão intolerantes com as religiões pagãs, mas serão infinitamente mais tolerantes com os soterianos do que os soterianos serão com eles (como aliás aconteceu na Historia do mundo real). Eles rejeitarão o paganismo como uma negação do Deus único de verdadeiro, mas entenderão o Demiurgo dos soterianos como o mesmo Deus do Profeta Omar. O que não impedirá, ainda assim, as constantes guerras entre Omareanos e Soterianos.

Enfim, o Califado será um grande adversário do Sacro Império, principalmente através de seu “braço” em Eurone, o Emirado de Andaluz, mas isso não significa que o Califado e muito menos todos os Omareanos sejam malignos. Aliás, o Califa Hassan Al-Rachid terá tendência boa…

Uma coisa que sempre me incomodou nos mundos de fantasia medieval, é um certo “princípio” comumente usado de que dois reinos que sejam governados por monarcas bons se tornem automaticamente aliados. Isso é absolutamente simplista. Existem muitos fatores que se sobrepõem à opção moral do governante, como, por exemplo, a religião. E afinal, como disse Maquiavel, “política não tem relação com a moral”…

Ou seja, vocês encontrarão pessoas de tendências boas lutando em lados opostos por causa de diferenças religiosas ou políticas, tendo muitas vezes em seus respectivos lados, como aliados, pessoas não tão boas… Esse será um dos grandes dilemas com os quais os personagens de Réia terão que lidar.

Sendo assim, haverá personagens bons e personagens malignos servindo e lutando pela mesma causa. O fato de um governante ser bom, não quer dizer que todos abaixo dele o sejam. Por exemplo, o Califa Hassan será bom, mas o Emir Malik será mau.

Sim, em Réia, o Bem e o Mal não são forças que por si definem o Cosmo. Elas são, antes de qualquer coisa, a opção moral de cada indivíduo. E serão as escolhas dos heróis que ditarão o destino do mundo.

Réia é um cenário de fantasia medieval épica
criado por Marcelo Telles para o sistema D20.

Nota da REDERPG: Não percam, no primeiro domingo de março, o próximo Réia: Notas de Criação do Cenário.

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