O Malho de Rhaiethiea

O Prateado

Celiandder, perfeccionista e capaz como os mais antigos e veneráveis Senhores Dragões Metálicos poderiam ser, estava a poucos metros de Frillaluan, a entrada para o Submundo. Ele pressentia que naquele ano de 565 da Era dos Aurores de Arggia tudo rumava para uma mudança espetacular (para o bem ou não) que não o satisfazia de forma alguma.

Preferira que as coisas continuassem como estavam, mesmo tendo a capacidade de alterar o estado físico de tudo ao seu redor e sendo o mais hábil e poderoso Transmutador que Ouk`Challe já conhecera, preferia utilizar seu talento arcano apenas quando extremamente necessário. Sendo assim, encontrava-se agora numa situação desse patamar. A Porta de Ordun estava escancarada.

Fora de cogitação deixar a oportunidade de conhecer um mito tão de perto. Apesar de preferir a estabilidade, era dono de uma curiosidade ímpar que o levaria aos confins de Duenegard para aprender sobre quaisquer coisas que pudessem preencher a sede de conhecimento que as suas atividades o faziam sentir.

A Porta de Ordun era magnificamente idêntica ao que ele lera nos livros: uma enorme passagem em forma de portal de mármore em degrade adornada com entalhos esculturais em baixo e alto relevo que mostravam a arte pervertida daquela raça banida pelo Senhor do Elfos.

Escritos em Subterrâneo corriam toda a estrutura onde preces grotescas e submissas haviam sido compostas em adoração à Rainha Aranha. O interior da passagem revelava imagens turvas em cinza e azul que fariam arrepiar ate o último pêlo de um desbravador experiente. E de lá emanava uma enorme concentração de algo que o povo Ouk`challeano conhecia, mas preferia ignorar, única e exclusivamente pelo medo: a magia.

Arrojo Drow em Frillaluan

Frillaluan, a cidade élfica outrora habitada, jazia bela e atrativa. Continuava perfeita mesmo com o silêncio e a quietude macabros que faziam o lugar ter uma aparência assustadora em detrimento de sua beleza.

Desde a última abertura da Porta, há cerca de 1500 anos como contavam os livros, nenhuma alma viva conseguiu estabelecer moradia naquele lugar. Estava impregnado de algo que era desconhecido pela mensurável maioria. Contudo, estava agora ali, alguém com o conhecimento necessário para entender esse acontecimento. A arquitetura élfica dava um show de esplendor com suas árvores de troncos larguissimos dispostas eqüidistantes, fontes com estátuas derramavam ainda água cristalina, um cântico belo e sinistro ecoava quando a brisa aumentava sua força. Esta cidade dos sonhos estava abandonada. Nenhuma alma viva encontrava-se lá até então.

A Porta de Ordun levava a não mais do que o coração de Frillaluan. Rhaiethiea comandava a Mirthauy – a equipe dos renegados, e ultrapassou diversas barreiras até encontrar-se às portas d’A Porta. Luuine não permitiu sua subida à superfície, escalaria uma equipe de serviçais “machos” e suas servas de confiança: Roum e Niukkys. Rhaiethiea tinha todas as qualidades que qualquer uma das duas e possuía um trunfo que abalava circunstancialmente a moral de Luuine: carisma. E ela soube muito bem como utiliza-lo quando organizou as 20 do Mirthauy. Aos seus pés os guardiões da passagem aberta pela própria Rainha Aranha há muitos séculos…

Rhaiethiea via Frillaluan através do véu. Não conhecia o ritual que daria a permissão de passagem à sua equipe, mas aprendera a controlar o Malho… E abrira a Porta de Ordun de dentro para fora à força.

O Senhor da Mudança

Celiandder olhou mais uma vez para a bela Frillaluan. Os invasores do Submundo já estavam por Ouk´Challe, mas nenhuma das raças que emergiram comparava-se a drow em termos de problema duradouro e constante.

Alçou vôo e como uma estrela cadente aproximou-se de uma equipe de “amaldiçoados por Corellon”. Ele sabia que era incapaz de impedir o que viria acontecer, no entanto tinha a certeza absoluta de que algo magnífico que expirava imenso poder estava sob a tutela daquelas criaturas e que poderia mudar completamente o rumo de tudo que estaria porvir.

Em seu movimento cheio de graça e beleza, o Prateado trouxe consigo “A Mudança”… Esse fenômeno sempre acontecia enquanto ele rasgava os ares em seu adejo rasante que distorcia momentaneamente a paisagem local. Esta se retorcia para permitir sua passagem e voltava ao normal logo em seguida.

A Preparação Perigosa do Mirthauy à Espera do Encontro

Rhaiethiea já havia estabilizado-se juntamente com o Mirthauy na cidade abandonada quando um brilho cortou o céu.

A princípio pensava ser um sinal astrológico (idiotices élficas que ela havia aprendido anos atrás), porém seus sentidos entraram em alerta quando percebeu que o objeto de sua observação iniciou uma derrocada em sua direção… Fazendo o solo levantar e abaixar, as estruturas se afastarem e voltarem ao lugar, a água das fontes jogarem-se no ar e fazerem formas distintas e indistintas e retornarem a seu ponto de origem, tudo numa questão de segundos, numa cadência perfeita, num paradoxo: um caos completamente ordenado.

Aterrissou em sua frente um humano de 1,90m, olhos cinza-metálicos, cabelos brancos, traços duros, rosto quadrado, queixo proeminente, nariz afilado, olhos pequenos e calculistas, pele alvíssima, compleição física forte, aparentando uns 35 a 40 anos de idade e trazendo consigo um frio que só podia ser sentido nas terras geladas de Gnajjan.

O Mirthauy posicionou-se de maneira defensiva, ou seja, um ataque massivo. Havia sido dessa forma que elas tinham conseguido vitória perante Luuine e toda a elite drow que povoava o caminho até a Porta de Ordun.

A Tempestade e Suas Conseqüências Catastróficas: A Queda do Mirthauy

Flechas voavam riscando o espaço vazio até o recém-chegado seguidas de explosões de todas as cores, maneiras, elementos e energia que faziam um show pirotécnico deslumbrante e perigoso.

As guerreiras avançavam e recuavam desferindo golpes cheios de perícia e furor. Rhaiethiea apenas observava impressionada com a facilidade com que a magia defendia o invasor: escudos do tamanho de portas surgidos de lugar algum recebiam os golpes impiedosos das insaciáveis drows, mãos gigantes as oprimiam e uma espada do tamanho de um ogro as atacava rapidamente derrotando uma a uma, vapores instantâneos desviavam a rota de todas as flechas e as magias direcionadas contra ele não surtiam efeito ou se voltavam contra suas conjuradoras.

Celiandder caminhava concentrado para não ser ferido por quaisquer ataques. Um único tropeço poderia ser fatal. Mas a situação estava praticamente controlada.

Ele já sabia que a mulher drow que o analisava parada possuía um artefato de poder extremo.

Quando o último membro da Mirthauy jazeu inconsciente, os olhos do Prateado encontraram os de Rhaiethiea.

A elfa do Submundo perguntou a qual realidade aquela divindade pertencia e o que ela vinha defender ali. O Senhor da Transmutação a encarou por alguns segundos e proferiu as seguintes palavras: “Antes que vossa tribo anárquica tivesse interesse e esperança de controlar o continente em que pisas eu já era vivo, porém defendo um interesse pessoal e não uma causa e nem sou Etos de nenhum ser vivo; sou apenas um simples e apaixonado nobre protetor de um presente sem mudanças catastróficas e por esse motivo vim tomar o que trazes de mais precioso. O artefato”.

O Poder Destrutivo de Uma Criação

Rhaiethiea tomada por uma apreensão surpreendente só voltou de seus devaneios quando por pouco entregava de bom grado, sem luta alguma o presente que Lolth a tinha presenteado pelo sacrifício de dezenas de elfos guerreiros.

Tomada de um desespero incompreênsível ela, olhando para o Malho de 15cm que havia criado com o metal divino cedido por sua deusa, proferiu: “Firrim´ishiah Marremu Laqset Commeq’ Rhaiethiea Pudjitdilash“!

O Item em suas mãos começou a encher-se de energia. Um pouco do fluxo de tudo ao redor era furtado e concentrado num único ponto que começava a cuspir labaredas de ódio: o malho…

O Malho de Rhaiethiea. Os olhos da drow estavam arregalados e sem pupila, mesmo assim foi clara a definição do alvo em seu olhar.

A arma de energia foi atraída pela figura d´O Prateado, como se tivesse sido fisgada. E numa velocidade sem precedentes seguida de um zumbido sobrenatural foi de encontro a Celiandder.

Em questão de segundos havia nos céus um dragão metálico cor de prata seguido por ao que de longe parecia uma estrela cadente que rasgava o solo destruindo tudo, mesmo à centenas de metros de altura. Manobrando e soltando sopros contra o objeto, O Prateado tentava em vão destruir o artefato.

Depois de varios minutos de perseguição e destruição, Celiandder parou e virou para o destino que o perseguia e algo fantástico aconteceu: toda a matéria física e inanimada (solo, casas, árvores e etc) pareceu ser sugada na direção do dragão vestindo-o ao mesmo tempo que o Malho chegou ao seu objetivo. Uma explosão que podia ser vista dos confins do reinado aconteceu.

68 horas depois

Celiandder apreciava cada detalhe do corpo semi-desnudo da drow que jazia na inconsciência.

Ele conseguiu evitar o choque fatal contra o Artefato destruindo sua matéria, mas não sua essência.

O Prateado a aprisionou num plano de sua criação e com todo seu poderio arcarno sabia que conseguiria conjurá-la assim que necessitasse.

Rhaiethiea acordou de seu sono… A ultima coisa que lembrou foi do solo sob seus pés ser “puxado” como se fosse um tapete que fez sua concentração ser perdida. Depois foi acertada em cheio pelo jorro energético proveniente do Malho.

Seu inimigo estava em sua frente. Não era um homem comum e sinceramente ela sentiasse atraida por algo nele que a confundia. Seus pensamentos foram interrompidos pela voz daquela criatura: “venha comigo e cuidarei do que sua deusa não pôde cuidar.

Autor: Stiggur

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