D&D: Entrevista com Jorphdan do canal Forgotten Realms Explained!

Com 26.000 inscritos, 2.300.000 visualizações e um sólido canal no Youtube sobre a história de D&D – Forgotten Realms Explained – no currículo, o youtuber americano Jordan Peterson fala com exclusividade à REDERPG sobre o casamento entre Magic: the Gathering e D&D, uma possível sexta edição do jogo e como é ser possuído por uma aparição.

Vinnie Pitangui: Vamos começar? Obrigado por aceitar a ideia (da entrevista). Gostaria de começar com você apresentando seu canal do Youtube ao público brasileiro. Sobre o que é o seu trabalho?

Jordan Peterson: Eu que agradeço. Sempre me surpreendo com o alcance do meu trabalho fora dos EUA. D&D foi criado por aqui… Acho demais que pessoas ao redor do mundo encorajem meu trabalho. Agora, sobre o meu canal, eu estava procurando material para entender a história de D&D e a 5ª Edição é bem centrada em Forgotten Realms. Então decidi criar um canal no Youtube para que as pessoas pudessem entender o lore um pouco melhor e como ele influencia nossas partidas. Meus vídeos cobrem um assunto em menos de 10 minutos na esperança de ajudar na mesa de alguém. Essa é a pegada de Forgotten Realms Explained.

VP: Os seus vídeos envolvem pesquisa em diferentes fontes. Quanto tempo leva para terminar um vídeo?

JP: Primeiro eu gasto de 4-6 horas de pesquisa. Dependendo do tópico, eu começo no Forgottem Realms Wiki, o que me leva a diversos livros e PDFs. Aí é hora de escrever um script, mais uma hora ou menos. Depois (de gravar) eu edito, escolho as imagens que vou usar e dou uma limpada no áudio. Esse processo leva de 3-4 horas. Eu diria que um vídeo completo demora um dia e meio ou dois. Eu tenho um emprego formal!

VP: Seus vídeos falam sobre FR, que tem fãs apaixonados. Você às vezes recebe críticas pelo recorte que você dá a certos temas?

JP: A internet é um lugar em que se é criticado por tudo que se faz. Tem tópicos que evito… Elminster, por exemplo, e outros personagens principais dos romances de Forgotten. Eu não li todos e sei que não conseguiria fazer justiça a eles em oito minutos. Quanto aos comentários, eu tento focar nos positivos. Mas sempre tem duas ou três negativações em todos os meus vídeos. Mas desde o início, eu sempre deixei claro aos espectadores que eu estava aprendendo junto com eles. É melhor assim do que numa postura professor-aluno.

VP: Você hoje tem um canal de lore, um vlog com diário de campanha, um podcast pros seus patreons, um talk-show aos sábados… Qual seu próximo passo? Pretende trabalhar em outras ambientações de D&D ou até em outros sistemas?

JP: Sim! Eu quero muito fazer vídeos de Dark Sun e Eberron. Eles têm uma história muito rica. Por isso chamei meu canal de “Jorphdan”, para não ficar preso a Forgotten. Quem sabe eu não fico conhecido como “o cara do lore”… Eu gostaria de fazer um vídeo por mês sobre Eberron, especialmente com o lançamento de “Wayfinder’s Guide to Eberron”. Todo mundo está de olho em Eberron agora. Eu quero fazer coisas que as pessoas querem ver.

VP: Você assiste aos seus vídeos antigos? Tem coisas que você vê e diz “humm, eu deveria ter feito diferente”?

JP: Meu primeiro vídeo é sobre o mito de criação. É até um vídeo popular (tem 90.000 visualizações)… As pessoas começam o meu canal por ele. Mas eu, no fundo, gostaria que elas não fizessem isso (risos). Eu não sabia usar o programa de edição ainda e me faltava confiança. Hoje eu sei mais o que estou fazendo. Acho que dá pra notar isso na minha voz. Eu queria que as pessoas vissem outros vídeos primeiro, mas não é assim que o youtube funciona. Talvez eu regrave esses primeiros vídeos no futuro.

VP: Vamos falar um pouco sobre a quinta edição. Recentemente tivemos o lançamento de “Guildmaster’s Guide to Ravnica”, que é como a cerimônia de casamento entre Magic: the Gathering e D&D. Que impacto você acha que isso vai causar? Você acha que a Wizard of the Coast acertou?

JP: Acho uma grande sacada da WotC. Magic dá muito lucro. Não acho que os RPGistas vão jogar Magic. Eu acho que os jogadores de Magic vão jogar D&D! Não sou grande conhecedor de Magic, mas sei que tem uma história rica. Mal posso esperar para “roubar” ideias pra usar nas minhas campanhas.

VP: A 5ª Edição já é extremamente popular. O que você acha que gerou todo esse carinho dos fãs?

JP: Boa pergunta! Nós estamos num momento em que ser nerd virou cool. As pessoas que produzem cultura de entretenimento são todas nerds. Acho que isso criou um pano de fundo para tornar D&D tão popular. Isso se deve às transmissões via stream também. Muita gente tinha interesse em D&D, mas não sabia como jogar. Agora você ouve um podcast ou vê alguém jogando no Twitch e aprende. Foi isso que aumentou a popularidade da 5ª Edição.

VP: E o Critical Role tem um papel fundamental nisso…

JP: Enorme! Você vê as pessoas se divertindo e percebe que pode fazer o mesmo com seus amigos.

VP: Mas, pensando por outro lado, você não acha que ver atores profissionais jogando pode intimidar os novatos? Algo do tipo “Uau! Esse cara mestra muito… Eu nunca vou conseguir um resultado assim”.

JP: Pode ser… Esses caras são profissionais. Eles nunca têm uma sessão ruim. Eu jogo e depois penso “É… Essa noite eu estava péssimo. Não rolou legal”. Eu concordo com você. As pessoas podem ficar com uma impressão errada do que é D&D. Eles são profissionais… Mas no fim acho que eles fazem muito bem ao hobby.

VP: Hoje podemos dizer que a 5ª Edição está na metade de sua “vida útil”. Como você imagina uma sexta edição?

JP: WotC sabe que, no fundo, D&D é sobre contar histórias. Então as pessoas vão se perguntar: “posso contar minha história na 6ª Edição?” Elas vão poder. Eu vi Mike Mearls (designer da 5e) dizendo que não gosta das bonus actions e que quer mexer nelas… Eu não me surpreenderia se nós tivéssemos uma edição 5.5 em vez de uma totalmente nova.

VP: Nós estamos chegando perto do fim. Vamos falar da sua experiência como jogador e Mestre de Jogo. Duas perguntas: como você começou no hobby? E o que você tem jogado ultimamente?

JP: Eu sempre me interessei por RPGs. Eu jogava no videogame. Uma vez, conversando com outros atores numa peça – eu sou ator – descobri que eles jogavam. Um amigo meu chamado Dan organizou uma mesa com eles, mas só durou três sessões. Era AD&D. Com o fim do grupo, eu comecei a ler sobre D&D e percebi que era mais fácil me tornar um Mestre e achar jogadores do que conseguir alguém disposto a mestrar.

Hoje eu tenho duas campanhas de 5ª Edição – minha edição favorita. Uma é de um cenário ótimo que saiu no Kickstarter chamado Hot Springs Island. Não consigo lembrar o nome do autor (Jacob Hurst). A outra é uma ambientação própria que está rolando há cerca de 3 anos. Os personagens estão no nível 10, presos em uma pirâmide invertida, tentando voltar pra casa. Eu também estou jogando um Adventurer’s League com um bardo/5 chamado Aleph Naul. Na última sessão a gente encontrou uma aparição que possuiu meu personagem e fez ele envelhecer 60 anos. Agora estou jogando com um meio-elfo coroa! Tenho sorte de eles não roubarem mais dados de vida!

VP: Última pergunta: que conselho você daria para quem dseja criar um canal no Youtube sobre RPG?

JP: Sempre produza material que você ache interessante. Você não pode agradar todo mundo. Mas se você achar que o que você faz é divertido, tem mais chances de outras pessoas acharem. Outra coisa, e que eu meio que descobri por acidente, é que se você quer falar de um assunto, seja específico. Trabalhe no nicho dentro do nicho. Por exemplo, se você vai falar de D&D, fale sobre mestrar. Eu queria falar sobre D&D e acabei fazendo um canal sobre lore. Isso vai te ajudar a criar uma base de fãs em torno do seu canal. Vai ser divertido pra você e pro público. E o público virá… Mas isso leva tempo.

Canal no Youtube: youtube.com/channel/UC0GmsDkaPerh1VdAfpWaaKA

Fanpage: facebook.com/jorphdan/

Entrevista concedida a Vinnie Pitangui
da Equipe da REDE
RPG

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