Knave RPG (resenha)

E ai galera, suave? Hoje eu vou falar de um jogo novo, o Knave. Porém, em vez de fazer uma resenha normal, apresentando o livro e falando tudo aquilo que você encontra na página da editora, eu também vou falar um pouco sobre a minha experiência com ele.

Knave é um RPG OSR que está saindo pela editora Pensamento Coletivo. Ele foi criado por Ben Milton, já famoso no Brasil por causa do RPG Maze Rats.

Bom, quem está por dentro do mercado de RPG tupiniquim já sabe que a Pensamento Coletivo está com um selo Old School Renaissance.

Tá, ok, mas o que esse jogo traz de diferente?

O Knave traz consigo uma proposta de regras simples e retro-compatíveis, isto é, você pode pegar os velhos livros de D&D ou AD&D e adaptar. Inclusive os módulos de aventuras, sem nenhum esforço.

Outra proposta interessante é que ele não possui classe!

Sim, você é um aventureiro, um explorador de tumbas, etc, o que não existe são classes: se você é muito forte, use uma arma de combate corpo a corpo; se é bastante sábio, use armas de ataque à distância (sim, sábio, já que em todos os jogos OSR os testes de percepção e de sentidos usa Sabedoria, eu achei bastante lógico); e o inteligente usa mágica.

A criação do personagem é bastante simples, usa-se 3d6 para os atributos, 1d8 para os pontos de vida e o livro tem muitas tabelas aleatórias, como para aparência ou tendência, que você pode optar por não usar.

Outra coisa que também fica a cargo do Mestre de Jogo, é se o Mestre joga os ataques ou os personagens jogam a defesa. Aqui, o cliente tem sempre razão.

Sobre os itens, mais praticidade: você escolhe a arma de sua preferência, joga em uma tabela para a armadura, outra para elmo e escudo, e mais 4 vezes para os itens restantes. Acabou, em 5 minutos, todos estão prontos para a aventura.

“Ah, mas eu não tenho livros antigos de RPG e vi que o Knave não tem um bestiário.”

Sim, amigo, ele não tem um bestiário, mas isso também é mais prático do que estranho.

A proposta do Ben Milton é que você possa usar qualquer livro antigo, isso facilita, mas não te limita: é bem simples criar seus próprios monstros e eu vou exemplificar adiante neste texto.

Eu confesso que a primeira vez que eu ouvi sobre um OSR sem classes eu achei bem estranho, mas não é: ele é elegante, na verdade.

Os itens ocupam um espaço na sua ficha e a quantidade de espaços tem a ver com a sua Constituição. Normal, até porque uma das propostas do jogo é a de exploração, então faz sentido limitar a quantidade de itens carregados.

As magias são grimórios e cada grimório ocupa uma linha no inventário, mas não há perícias complicadas com armas, armaduras ou qualquer outra além dos seis atributos. Elas também não possuem um nível de personagens, elas são um recurso bem mais prático e à disposição do personagem, que não limita o uso de armas ou armaduras!

Agora deixa eu falar um pouco sobre o livro, ele é em brochura, com a capa em detalhes de verniz localizado e usa uns mapas do Dyson para te passar o clima.

Ele começa explicando o que você verá no livro, em ideias gerais, e segue diretamente para a criação de personagens, que explica a dinâmica do Knave para rolar atributos, ela é um pouco diferente do padrão. No Knave você joga os dados para os atributos, mas apenas o menor dos três conta.

Seguem-se então tabelas (a maioria opcionais, mas bem interessantes) para a criação do personagem com detalhes como aparência, vestimentas, virtudes, defeitos, modo de falar, histórico, tendência…

Em seguida vêm as tabelas de armaduras e itens, elas foram planejadas para acelerar a criação dos personagens (o jogo pode ser mortal, e o Mestre pode permitir a entrada de novos personagens durante a história), e uma tabela com os preços dos itens em moedas de cobre.

Pronto, chegamos à metade do livro.

Após isso o livro explica cada atributo, jogadas de resistência, combate, cura e uma página falando em como adaptar e criar monstros, segue falando de avanço de nível e uma lista pequena com 100 ideias de magia. Esse é todo o livro.

Eu achei interessante esse conceito de fácil adaptação, sério, eu ainda tenho o meu primeiro livro básico de RPG, o Tagmar (autografado, é claro), e coleciono livros desde que eu comecei a jogar RPG no final da década de 1980. Não sou bom em desapegar e eu até gostaria que esse livro viesse antes. Eu sempre odiei AD&D e meu interesse pela terceira edição foi bem ladeira abaixo, adoraria ter opções, até porque a fantasia medieval é muito mainstream até hoje.

E ai eu pus o jogo à prova!

Aqui na minha cidade, uma loja de boardgames, a Game of Boards fez um evento para crianças, o Board Kids, e eu me ofereci para mestrar o Knave para a molecada, mestrei umas 3 mesas.

Eu tinha uma história, simples, rápida, mas não tinha lido as regras antes do evento. Eu cheguei no evento e precisei fazer as fichas dos monstros. O dado de vida eu fiz como o bônus de ataque e, com mais 10, a classe da armadura, determinar o dado de dano de ataque fechou tudo o que eu precisei, sério, reproduzindo aqui ficou algo assim:

Homens-Lagarto
DV 2, bônus de ataque (mordida) +2, dano 1d4

Lobos Famintos
DV 1, bônus de ataque (mordida) +1, dano 1d4

Bruxa do Pântano
DV 5, bônus de ataque (varinha mágica) +5, dano 1d6

Você pode fazer as criaturas utilizarem mais de um ataque, ter efeitos especiais, mas o essencial está aí, simples. Sem contar que, qualquer livro de monstros de edições antigas de D&D… a conversão é simples demais!

Vocês podem pensar na maldade de eu ter mestrado OSR para crianças, mas a única adaptação que eu fiz foi dar mais pontos de vida, duas vezes e meia o máximo recomendado para ser mais exato. Fora isso, funcionou com a regra normal, e não houve dificuldade por parte das crianças, e olha que eu mestrei para um grupo apenas de crianças, uma menina tinha 7 anos. O sistema é elegante e funcional se você tem muitos livros antigos e gosta do conteúdo, se você está começando agora e quer algo simples para mestrar e planejar suas aventuras, e dispensa você andar com a estante inteira de livros: ele é um livreto em A5.

Se você curte fantasia medieval (mainstrean) e está cansado de mais do mesmo, de milhões de livros, ou quer ter uma alternativa para uma “one shot” quando alguém do seu grupo precisar faltar, vale a leitura.

Por Eduardo Elfman
Equipe REDE
RPG

Link para comprar o livro: pensamentocoletivo.com.br/loja/r-p-g/knave

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3 Comments
  1. Boa resenha, este livro está na minha lista. OSR é um estilo de jogo que é realmente muito elegante. Bom também saber que a Pensamento Coletivo está com um selo OSR, isso quer dizer que podemos esperar mais títulos? Quais estão de olho?
    Parabéns aí pela matéria.

  2. É mt cara de pau e falta de consideração com o consumidor!!!!!
    Nem entregou todo o material de Shadow of the Demon Lord e já vem com mais um lançamento!
    E ainda mudam o nome só pra não ter associação!!!!!
    Te enganar não,é mt falta de respeito mesmo!
    Estão merecendo é um processo coletivo,não importa o jogo ou o nome,esses aí nunca mais terão minha participação em financiamento nenhum!

  3. E quanto à resenha,sensacional,serviu-me pra mostrar que este é um jogo que eu posso deixar de lado com certeza.
    Não é meu estilo,em nada me interessou.
    Passo.

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