Kalymba RPG: A experiência de se jogar Kalymba

Hey, wena! (Ei, você!) Sei que é um jogo relativamente novo, que recém saiu do financiamento coletivo e da pré-venda, mas mesmo assim eu devo te perguntar: você já jogou Kalymba?

Eu tive o privilégio de jogar com outros três jogadores, todos divertidíssimos e animados: Bárbara, Carlos e Lipe, e com a narração do próprio Daniel Pirraça, o autor desse RPG e da aventura. Adorei! Tanto é que resolvi dividir com vocês essa experiência, falar dos prós e dos contras e recomendar porque é um RPG brasileiro, o único que trata de fantasia africana que eu conheça.

Mais afinal o que é Kalymba?! Bom, eu não vou ficar aqui explicando muito porque afinal existem várias postagens sobre ele aqui na REDE. Vocês podem conferir uma delas no link abaixo:

rederpg.com.br/2020/09/18/kalymba-rpg-ultimos-dias-de-financiamento-coletivo/

Para os curiosos, que não podem esperar para clicar e ler, eis uma breve explicação bem como o próprio autor cita: “Kalymba é um RPG de ação e aventura épica inspirado nas culturas e mitologias do continente africano”.

É justo que se diga que, quando joguei, não tive o livro em mãos e tudo que sabia do jogo foi o que li aqui no REDERPG, o que me deu uma prévia da ambientação, mas me encheu de curiosidade e ávida por mais e mais. E, portanto, a minha visão do jogo ficou limitada no que eu li e nas explicações do Narrador. Vamos então direto para a experiência em si de jogar, começando pelos prós e os contras do jogo:

1) O Narrador: Daniel Pirraça é um querido que conheci e me tornei amigo do Facebook. E há pouco tempo ele me chamou e perguntou se eu não gostaria de jogar um one-shot de Kalymba. Eu fiz aquela mesma indagação mental que muitos de vocês devem ter feito: “Mas o que diabos é Kalymba?”. Mas, poxa vida, ele disse que era RPG, que explicaria tudo na hora do jogo e teria ficha pronta. Poxa, que motivo teria eu para dizer não? E topei na hora. Mas aí, após o primeiro contato fui pesquisar do que se tratava, não podia entrar na brincadeira sem saber brincar. Foi aí que li alguns artigos interessantes e descobri inclusive que estava em financiamento coletivo pela Catarse, e fiquei encantada quando vi que o tema era africano porque é algo tão pouco divulgado (bem menos do que eu gostaria). Prós: ele narrou muito bem, foi muito divertido, explicou muita coisa sobre as criaturas míticas fantásticas que eram como hienas, que ele as denominou de Bouda, e conseguiu entreter a todos. Contras: a descrição sobre a África em si foi muito superficial, mas tinha uma explicação: como estávamos imersos em um mundo de fantasia e o mundo/reino que se chamava Ayê, era fictício, não tinha obrigação de uma exposição mais do que a sucinta. Só uma coisa me incomodou talvez como professora de História e defensora de maiores estudos sobre a África nas escolas, foi quando perguntei sobre a diferença entre uma tribo ou outra de humanos para a minha personagem conseguir identificar quem era o inimigo e quem era a tribo a qual viemos ajudar e o Daniel me disse que “elas eram todas iguais”. Uia! Eu levei um choque de “como assim iguais?”, afinal, além do básico que são as barreiras etno-linguísticas, existem pinturas, escarificações, armas, amuletos, pinturas corporais, ornamentos e mesmo tecidos cujo cada símbolo gráfico, chamados de adinkra, pode representar nas cores a diferenciação entre tribos, além de figuras míticas ou animais e imagens do cotidiano. Mas, mesmo esse equívoco, de certa forma, pode ser esclarecido pelo fato de que éramos Bouda e não humanos e para nós todos os humanos poderiam vir a se parecer “todos iguais”.

Sobre RPGs que falassem do tema de raízes africanas ou do folclore brasileiro eu já tinha ouvido falar dos projetos do Storytellers Vault, que é um programa de produção de criação de conteúdo em que todos ligados a esse universo podem publicar seus projetos e artigos, inclusive que adaptam mitos e lendas amazônicas. A equipe Brasil in the Darkness abraçou essa ideia aproveitando a popularização do RPG para representar e apresentar o Brasil e seus mistérios para o mundo. Inclusive um me despertou grande interesse que é o Ewarë, o “Reino” Encantado da Amazônia que trata de uma abordagem alternativa para os Gallain Amazônicos em Changeling: O Sonhar, e que é para ser o primeiro lançamento da equipe brasileira planejado para o primeiro semestre de 2021. Estou no aguardo.

2) Os Jogadores: Foi uma inspiração, porque as ricas interpretações deles me estimularam a ousar mais, perder a timidez da “minha primeira vez” jogando Kalymba (embora eu não seja tímida) e me soltar. Percebi o quanto a criatividade para interpretar acontecimentos, sentimentos e magias neste jogo é essencial para enriquecer as jogadas e enaltecer os personagens, e foi tudo tão bem que só tenho a elogiar!

Nós que jogamos Kalymba, embora não tivéssemos plena compreensão do cenário, demos tudo que podíamos a fim de construir conhecimento por meio da colaboração, interagindo entre nós e com o Daniel, fazendo o jogo fluir tão naturalmente que pareceu que todos se conheciam há muito tempo. O jogo me fez lembrar e concordar com a afirmação de que: “o jogo pode funcionar como excelente ferramenta para o desenvolvimento intelectual do sujeito, assim como, pode potencializar o surgimento da ZDP(Zona de Desenvolvimento Proximal)”, Vygotsky (1998).

3) O Sistema de Jogo e de Magias: Usando o +2d6 do Newton Nitro (Tio Nitro do NITRODUGEON). O pró é que o sistema de jogo é simples e descomplicado usa-se (Atributo + Perícia) +2d6, se tem classes de desafio para ver se acertou ou errou, acerto crítico e falha crítica. O Contra é que, da forma que foi elaborada a ficha para o jogo de Kalymba, algumas perícias poderiam ser resumidas em uma única correspondente tal como salto, natação, escalada e corrida que poderiam ser resumidas dentro de uma única palavra: “esportes”. Já sobre o sistema de magias, que são gastos com pontos de Axé, eu realmente vou ficar devendo informações mais precisas porque, como eu disse, não tinha o livro em mãos para compreender melhor e também para opinar. Mas o que vi foi que as magias, em geral, tornam-se muito boas e enriquecem, principalmente com uma boa interpretação dos jogadores, ainda mais quando essencialmente focadas no tema África.

É isso. Essas foram as minhas observações pessoais sobre como é jogar o Kalymba RPG. Estou inspirada e louca que chegue o meu exemplar para já elaborar meus próprios jogos e divulgar o Kalymba. Mais uma obra brasileira entre nós; vamos recebê-lo com carinho. Aquela foi uma noite inesquecível, de uma imersão em uma África fantástica, cheia de mitos e fantasia onde me diverti muito. Sugiro que “vistam a camisa” e se divirtam também!

Eis o jogo para quem queira assistir:

 

Por Mary Torres
Equipe REDE
RPG

 

 

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