Eu passei a jogar online… E gostei!

Eu sou um cara que procura estar sempre sintonizado com as novas tendências que surgem no RPG brasileiro e mundial, inclusive, evidentemente, por causa da REDERPG. Normalmente eu migro para as novas edições, acompanho as novas ideias de design e criação de jogos de RPG, e experimento os novos espaços de interação.

Contudo, eu tinha aversão a jogar RPG de mesa via online. Por falta de tempo, nunca joguei nenhum MMORPG, então não tinha sequer uma prática de algo próximo. Sempre preferi a interação social, o presencial, a maneira original de se jogar.

Claro que eu entendia perfeitamente quem fazia isso: amigos de um mesmo grupo mudam de cidade, passam a ter pouco tempo para ir na casa de alguém, emprego, família, filhos… a vida adulta no mundo moderno ou a violência urbana nos fazendo ficar em casa.

Mas eu sempre dava um jeito de garantir a minha dose mensal de RPG, inclusive criei os encontros mensais de RPG com o Encontro da REDERPG, que me garantia jogar pelo menos uma vez ao mês. Ele é o primeiro encontro a acontecer mensalmente, não apenas de RPG, mas de todo universo geek. Depois ele fez escola e os encontros mensais se tornaram mais comuns que os grandes eventos da cultura rpgística e nerd. Hoje ele está suspenso por conta da Pandemia, mas voltará quando tivermos uma perspectiva de vacina mais próxima.

Então eu era resistente a jogar via online. Vi alguns streamings, alguns muito bons, mas não me empolgava. Preferi aqueles que simplesmente filmavam uma mesa, em vez dos que usavam Roll 20 e semelhantes, mas também não me prendiam muito. Quem joga RPG, sabe que existe uma baita diferença entre assistir e jogar. O mesmo acontece para mim com um jogo via online.

Filmamos uma mesa minha de Reia para D&D 5ª Edição, mas, por problemas técnicos, não foi possível disponibilizar (uma grande pena, foi uma sessão excelente). Tentei filmar uma de Lenda dos Cinco Anéis, mas sempre acontecia alguma coisa e ela nunca aconteceu. Então parecia que minha cara nunca apareceria num streaming e que eu não ia mesmo jogar online. Tudo corroborava para não acontecer, inclusive a minha inicial falta de empolgação com alguns formatos.

“Mas tudo isso mudou, quando a Nação do Fogo atacou…”

Mas tudo isso mudou, quando a Nação do Fogo… digo, a Pandemia começou! Depois de dois meses de isolamento social, meu grupo de jogo, capitaneado pelos mestres Rodrigo Renji e Hermom Olivério, começou a jogar D&D 5ª Edição pelo Discord e Roll 20. Também entrei no grupo de jogo do mestre Fernando, e joguei Lenda dos Cinco Anéis, Symbaroum e, atualmente, Coriolis. Sem falar em Blue Rose com o mestre Edgar do excelente evento online da Dungeon Geek (recomendo muito!), e Shadowrun com a excelente mestre Hellen! E aí minha aversão a jogar online acabou! Não só joguei, como acabei mestrando!

Mestrei o arco inicial de uma nova campanha de EPIFANIA: Deuses em Nós. Afinal, é um sistema perfeito para se jogar online, visto que ele não possui fatores randômicos e precisei apenas do Discord para mestrar, o que me estimulou de cara. Uma sessão zero para fazer rapidamente as fichas e depois mandamos ver!

E por fim, fui convidado pelo mestre Agostinho e o maravilhoso canal Casa Velha RPG para jogar, via o streaming do canal, uma excelente aventura de Numenera, magistralmente mestrada pelo Agostinho, com as ilustres companhias da Claudia Alcantara, Diego Taveira e Alexandre “Manjuba” da New Order. Aliás, recomendo muitíssimo o canal, que tem aventuras de sistemas e cenários variados, sempre com Mestres e jogadores excelentes, e também do Agostinho como mestre profissional, para aqueles que desejam contratar os serviços de algum para o seu grupo.

Muitos viram a primeira parte da aventura, mas não a segunda e última parte que é ainda mais eletrizante e cheia de reviravoltas! Confira as duas logo abaixo:

 

 

Agora estou me preparando para mestrar usando o Roll 20 e ampliar o meu leque para mestrar online! Desta vez, aquela mesa de Lenda dos Cinco Anéis 4ª Edição vai sair!

Mas mudou alguma coisa ou foi só falta de opção?

No início foi falta de opção mesmo, mas agora, jogar RPG via mesas virtuais virou uma prática também para mim. A volta das mesas presenciais não me fará abandonar as mesas online e os streamings.

Por que? Porque são diferentes.

Elas não substituem as mesas presenciais totalmente, mas têm uma dinâmica própria.

Os streamings e mesas que são gravadas são como shows, onde os jogadores são os atores. Já as demais mesas, oferecem alguns confortos e dinâmicas que não funcionam bem nas presenciais.

Por exemplo, como os jogadores estão em suas casas, você economiza o tempo do deslocamento até o local onde se jogaria presencialmente, e tem mais tempo de jogo em potencial. Você pode assim jogar com aquele amigo que mudou de cidade ou que você só conhece pela internet. Você pode ficar em sua cama ou num sofá bem à vontade, porque está em sua casa.

Enquanto acontece uma cena na qual o seu personagem não participa, você pode levar seu laptop, tablet ou celular para a cozinha e acompanhar tudo enquanto prepara um lanche, lava a louça ou qualquer outra atividade que não tire sua atenção do jogo. Jogar online oferece um conforto que, na maioria das vezes, o jogo presencial não pode oferecer, inclusive para o dono da casa onde o jogo presencial acontece.

Você nunca vai ter o problema do Mestre de Jogo ou de você ter esquecido a ficha: elas vão estar na plataforma de jogo e/ou salvas em seus respectivos computadores.

Então, para aqueles mais velhos ou com aversão à ideia de se jogar online, fica essa dica: dê uma chance ao RPG por meios virtuais. Você só tem a ganhar.

Marcelo Telles
Editor da REDE
RPG

P.S.: Se alguém quiser me convidar para participar de algum streaming, só me chamar! Faço sempre personagens memoráveis como o Den. :-)

 

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