Resenha: A Última Colônia

Às vezes fico espantado com a velocidade da passagem do tempo. Já fazem mais de 5 anos que me foi apresentado o fantástico universo do livro Guerra do Velho, o primeiro da série, do escritor John Scalzi, mas não é de se espantar da qualidade da história. O segundo livro, As Brigadas Fantasmas, ousou afastar o antigo protagonista, John Perry, que retorna no terceiro livro da série o qual pretendo tecer breves considerações.

A Última Colônia começa levando em conta os acontecimentos dos livros anteriores, especialmente do segundo. John formou uma família com Jane e Zoe (filha do vilão de As Brigadas Fantasmas) e todos vivem confortavelmente no planeta Huckleberry. Essa vida acaba quando recebem a visita de um integrante da FCD que oferta aos dois a liderança de uma nova colônia capaz de mudar o equilíbrio de poder na galáxia. Abandonando a zona de conforto, John e sua família embarcam na nova colônia. Conforme luta para torná-la viável, o protagonista se descobre imerso em uma trama política que se revela cada vez mais complexa e perigosa, o que produz um enredo intrigante.

Acompanhando a história sob o ponto de vista de Perry, a trama é revelada progressivamente em múltiplas camadas de complexidade, que passa mais no campo político que no militar. Apesar disso, há sim momentos de ação, em menor quantidade se comparado aos livros anteriores, mas retorna o humor do protagonista que tanto senti falta em As Brigadas Fantasma. John Perry é um excelente narrador e sentimos a confusão e a tensão que está submetido, principalmente devido à falta de transparência sobre os eventos que o cerca, mas ainda assim de uma forma muito agradável. Scalzi é hábil em compor e impulsionar sua narrativa. Além de um grande show, A Última Colônia traz algumas críticas pertinentes, como se haveria algum limite à humanidade em sua busca por controle. O próprio relacionamento conturbado da União Colonial com as demais raças inteligentes é uma analogia com a forma a qual nós nos tratamentos. Por fim, é desconcertante constatar que a União Colonial e seu braço armado não são exatamente os heróis da história, outra crítica que diz muito da humanidade e que já estava sendo lapidada na série.

O livro foi publicado nos EUA em 2007 e no Brasil em 2019 pela editora Aleph. Possui um total de 357 páginas divididas em 16 capítulos. Atendendo a minha expectativa, o texto continua, de forma geral, empolgante e entrega uma leitura prazerosa. A Última Colônia é o terceiro livro de uma série de 9 livros, sendo 6 principais (1 – Guerra do Velho, 2 – As Brigadas Fantasma, 3 – A Última Colônia, 4 – Zoe’s Tale, 5 – The Human Division e 6 – The End of All Things) e outros três menores (Questions for a Soldier, The Sagan Diary e After the Coup). Scalzi possui um blog (whatever.scalzi.com/) onde escreve quase todos os dias e compartilha informações de suas obras e seus pensamentos. Alias, recentemente o autor escreveu que haverá um novo livro no universo, todavia, não revelou mais nenhum detalhe.

Em um passado recente, os direitos sobre a obra haviam sido negociados com o canal Syfy que pretendia produzir uma série de TV baseada no primeiro livro. No cinema, a Paramount também estava interessada nos direitos do universo, entretanto, nenhuma dessas tentativas prosperou. Apesar desses contratempos, o autor divulgou em 2017 que finalmente um filme de Guerra do Velho está em desenvolvimento pela Netflix. Não foram fornecidos maiores detalhes, além de o filme ser baseado no primeiro livro. Em janeiro de 2020, novamente o autor se manifestou sobre a adaptação. Confirmou que o filme ainda está em desenvolvimento e pela sua empolgação há boas chances desse projeto ser bem-sucedido.

John Scalzi é escritor, editor e crítico de cinema, tendo ganhado os prêmios Hugo, Locus e John W. Campbell de Melhor Escritor Estreante com Guerra do Velho, o seu primeiro livro publicado. Além da série de livros no universo de Guerra do Velho, ele escreveu, entre outros, Encarcerados (também publicado pela Aleph), The Android’s Dream, Judge Sn Goes Golfing e Redshirts.

Já fazia algum tempo que eu estava ansioso pela leitura dessa sequência e ela não me decepcionou. Apesar de representar a despedida de personagens queridos, é uma grande história e um indispensável capítulo nessa inesquecível série.

Por Kubiach

Resenha: Guerra do Velho – rederpg.com.br/2016/10/14/resenha-guerra-do-velho/

Resenha: As Brigadas Fantasmas – rederpg.com.br/2018/01/26/resenha-as-brigadas-fantasma/

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